Na manhã seguinte segui o conselho do Alexandre e rodei uns 100 Km para Norte, atravessando o parque natural. A estrada varia entre alcatrão razoável, outro muito esburacado e algumas partes em terra, também em mau estado. O ambiente geral é melhor e numa das vilas parei junto a uma pequena oficina de motos para pedir uma chave de bocas emprestada que me permitisse apertar o suporte do GPS, que sofre muito nos maus caminhos por onde me leva.
Pela hora do almoço parei noutra vila quando vi uma família à porta de uma mercearia com um ar simpático. Almocei um pacote de amendoins e uma Coca Cola e fiquei um pouco à conversa.

À entrada e saída das vilas e cidades eles têm grupos de populares que simplesmente pedem portagens a carros e camiões. Estão munidos de grandes paus com que ameaçam os veículos que dão sinais de não abrandarem e batem-lhes se não param. De vez em quando zangam-se uns com os outros e, por vezes, há vários grupos distintos, à entrada das cidades maiores. Aí há condutores que fazem sinal que vão parar no seguinte e assim passam de grupo em grupo sem pararem. Alguns camiões também preferem levar umas pauladas na carroceria e ouvirem os gritos dos “portageiros” que pagarem portagem. Felizmente as motos, por normalmente pertencerem à faixa da população mais pobre, estão isentas.
Nas paragens para reabastecer também fico a descansar um pouco e acabo à conversa, normalmente com jovens curiosos. Com um deles fiz até amizade no Facebook.
Cheguei a Benin City, uma das maior cidades nigerianas, estafado. Tinha marcado o Hotel pela internet essa manhã para não ter que andar à procura pela cidade, aumentando o risco de assalto.
Os Hoteis aqui, mesmo os de classe média alta onde fiquei, funcionam muito mal. No de Calabar a internet só funcionava no corredor do andar onde estava de maneira que trazia uma cadeira do quarto para o corredor para estar “on line”. Ao jantar pedi um esparguete Carbonara mas, sem me avisarem, trouxeram um Bolonhesa.
- Mas eu pedi Carbonara, não foi Bolonhesa.
- Não havia.
Quando me deitei senti que a capa do edredom não era lavada e, por isso, no Hotel de Benin City fiz uma inspecção aos lençóis logo que lá cheguei e pedi que os mudassem por terem nódoas, embora estivessem muito bem esticados, como se estivessem lavados.

Para além disso apanhei vários carros em sentido contrário. Um deles deu a volta uns 150 metros à minha frente porque ter-se-á enganado no local onde pretendia sair. Eu ía a 130 Km/h. Travei e fiquei a vê-lo hesitar se havia de se encostar à direita, como se viesse numa estrada de via única ou à esquerda, junto à berma. Por fim decidiu-se pela esquerda e lá o deixei do meu lado direito.
A polícia, para fazer abrandar os carros de forma a mandarem parar os que pretendem controlar, montam obstáculos de troncos de arvores amontoados, de um e outro lado da via, formando uma “chicane”, sem qualquer outro sinal de aviso. Quem for distraído esbarra contra os paus, o que não os parece incomodar minimamente.
Grupos de vendedores ambulantes também por vezes montam estes obstáculos ou até com bidões, para que os carros abrandem e lhes possam vender os seus produtos, normalmente bebidas e alimentos mas também caixas de fósforos e tudo o mais que se possa imaginar.

O mais insólito foi ver um Mercedes que tinha batido por trás num camião que estaria parado na auto estrada. O carro viria a alta velocidade e entrou por baixo do camião ficando o tejadilho ao nível do capot até mais de metade e pegando fogo, ardendo por completo. Condutor e possíveis passageiros morreram no acto, sem qualquer hipótese de sobrevivência. Os seus restos mortais continuavam dentro do veículo pois não tinha sido feito nada para o retirar da posição em que estava, provavelmente há meses. Não tinham tentado sequer abrir as portas, que aliás seria impossível sem retirar o carro debaixo do camião. Os familiares terão pensado que seria um custo financeiro sem qualquer retorno e a policia terá concluído que, estando os corpos queimados, não havia perigo de transmissão de doenças, etc.
Um pouco mais à frente um homem nu, certamente vindo da floresta adjacente, caminhava tranquilamente pela berma da autoestrada com ar de “zombie”. Provavelmente teria comido alguma erva alucinógena estragada.
Ó céus. Mas as fotos nem são más:)
ResponderEliminarBjs, Ana
Que fauna!! África mesmo, bjs
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