Com todos os obstáculos que encontro e a estrada a variar entre autoestrada de piso razoável mas com todas aquelas armadilhas e estrada muito esburacada, a acrescentar a uma atenção a todos os carros porque passo, verificando se os passageiros podem ter um ar suspeito, cheguei às quatro da tarde cansado, quando o pior estava para vir.

Fui seguindo o GPS que tenho fixo da moto mas, de vez em quando, confirmo o trajecto pelo Maps-me no telemóvel, em que confio mais.
Acontece que desta vez o Maps-me, escolhendo o trajecto mais curto em vez do menos demorado, “enviou-me” através da cidade de Lagos. É um caos completo. As ruas têm enormes buracos por todo o lado e, com a quantidade de transito que a cidade tem, parece não ser possível pará-lo para as reparar. Circulam não só carros e pequenas motos em quantidade como Tuc Tucs e camiões de todos os tamanhos, com cargas pesadíssimas, que ajudam a degradar mais as ruas, com enormes crateras, que causam engarrafamentos sucessivos nos locais em que os condutores as evitam, formando-se uma fila única. Por vezes nem as motos conseguem passar pelos carros e camiões parados. A temperatura, como habitualmente ao longo de todo o meu trajecto africano, tem rondado os 35º de maneira que a situação me deixou muito cansado e me fez perder duas horas.

Cheguei à fronteira com o Benin ao fim da tarde deste terceiro dia. Foi um alívio deixar a Nigéria, o único país no mundo em que não me senti confortável. Espero nunca ter que lá voltar.
Com 180 milhões de habitantes, é o país mais populoso de Africa. A população continua a aumentar a um ritmo elevado e as autoridades não têm meios para controlar a criminalidade, que se propaga assustadoramente. Ficamos com a ideia que o país é um barril de pólvora pronto a explodir.
Depois da burocracia da saída da Nigéria, com vários tipos a verem o meu passaporte e repetirem as mesmas perguntas, na entrada do Benim estava um único homem, numa pequena barraca de madeira. Sabia o que era o Carnet, olhou para o visto que eu havia imprimido numa folha de papel depois de o pedir “on line” e logo colocou o carimbo no Passaporte. Confirmou comigo onde colocar o carimbo no Carnet e, em dois minutos, a parte burocrática estava despachada.

Entrei no Benin ao lusco fusco e rapidamente anoiteceu. Felizmente tinha marcado Hotel naquela manhã. A estrada de entrada no país é muito esburacada. Percorri os 30 Km que me separavam da cidade seguindo pequenas motos que pareciam conhecer o piso e evitavam os buracos maiores.
O Hotel era num bairro pobre de ruas de terra com buracos e poças mas interessantíssimo pois pertencia a um artista plástico e funcionava também como galeria de arte, com a exposição de obras de pintura e escultura de artistas de Porto Novo.
Que contraste com a Nigeria. Como podem países vizinhos serem tão diferentes.
O nome de Porto Novo foi dado à capital do Benin pelo navegador português que, quando ali chegou, a achou parecida com o nosso Porto. Não consegui encontrar qualquer semelhança.
Nossa...que roteiro assustador!
ResponderEliminar