7 de janeiro de 2013


Delhi


Antes de deixar Jaipur decidi visitar o City Palace. Estes palácios dos Maharaja estão hoje em dia abertos ao público até como forma de os proprietários ganharem algum dinheiro para os manterem pois quando Indira Gandhi foi Primeiro Ministro retirou regalias aos Maharaja e passou a cobrar-lhes altos impostos pelas suas propriedades. Os Maharaja, que até meados do século XX eram milionários, passaram a ter que fazer contas.
Neste palácio do Maharajá de Jaipur para além de uma coleção de armas fabulosa encontram-se as maiores peças em prata existentes no mundo. São dois jarrões com cerca de dois metros de altura e capacidade de mais de 4000 litros que um dos Maharajá decidiu mandar fazer, para isso derretendo milhares de moedas de prata. Cada um pesa cerca de 350 Kg e, no início do século passado, o Maharaja de Jaipur utilizou-os para levar água do Ganjes quando se deslocou a Inglaterra para a coroação de Jorge V.

Pela uma da tarde saí de Jaipur em direção a Dilhi para a ultima etapa desta primeira parte da viagem. Como eram pouco mais de 260 Km pensei que os iria fazer em cerca de três horas mas a auto estrada está em obras desde a saída de Jaipur até Delhi de maneira que é um autentico caos, com filas de camiões a bloquearem a passagem a cada dois quilometros e eu e as muitas 125 a termos que sair fora de estrada por montes de terra para conseguirmos passar. Muitas destas 125 levam as mulheres à pendura montadas à amazonas, por causa do sari, e viam-se aflitos para equilibrar aquelas pandeiretas nas bermas de terra solta. Andam quase todos sem capacete e enquanto a proteção das mulheres é um lenço na cabeça os bebes, quando viajam, vão entre os dois ao colo, enrolados num pano.
Na India todos os condutores utilizam a buzina constantemente mas não é para se queixarem de nada. Eles têm uma filosofia diferente. A buzina é não só para avisar que vão passar por aquele espaço onde o seu carro ou camião não cabe mas principalmente como uma espécie de instrumento musical que tocam em conjunto com os outros utilizadores da estrada. Assim, muitos dos camiões têm escrito na traseira “please horn” ou “blow horn” como quem diz: “toca que eu acompanho para fazer parte do conjunto”. Nas cidades este som das buzinas torna-se ensurdecedor e não tem quaisquer efeitos sobre a razão para a qual a buzina foi inventada pois são tantas buzinas ao mesmo tempo que não se percebe de onde vem o som.
Quando, há uns dias, saí de Mumbai estava verão com temperaturas a rondarem os 30º 24 horas por dia. Ao deslocar-me para Norte perto de 2000 Km, afastando-me do equador, as temperaturas foram baixando e enquanto nos primeiros dias viajei de jeans neste ultimo dia já vesti as calças do fato a meio do dia quando a temperatura desceu para os 10º.
Cheguei a Delhi pelas seis da tarde e fui tratar de guardar a moto para apanhar o avião de regresso a Portugal.
A viagem fica interrompida até Julho ou Setembro, dependendo do trabalho que tenho por aí. Quando voltar à estrada será a caminho do Nepal e países do Leste Asiático. Até lá um abraço a todos os que me têm acompanhado nesta aventura.

6 de janeiro de 2013


Jaipur

Hoje de manhã, depois de tomar o pequeno almoço no restaurante junto à piscina do Hotel de 25 euros com esta vista espetacular, fui fazer mais umas visitas antes de deixar Udaipur.
Passei no museu de carros antigos onde o mais interessante são os Rolls dos anos 20 e 30 dum dos últimos Maharaja e depois fui ver o City Palace, residência oficial dos Maharaja de Udaipur.
Uma curiosidade é que são a família que está no poder há mais tempo no mundo, desde o século VIII.
A família é tão antiga que no seu brasão têm um sol que segundo eles significa que existem há tanto tempo como o sol.
O palácio em si, por ser muito antigo, não é espampanante e o mais fora do vulgar é uma impressionante coleção de peças em cristal que um Maharaja do século IXX tinha encomendado ao principal fabricante inglês da época. Esse Maharaja morreu com 25 anos, antes das peças chegarem à India, de maneira que ficaram empacotadas até há duas ou três dezenas de anos quando o atual descendente decidiu abrir a encomenda guardada há um século e coloca-la à vista do público. Estes cristais não se resumem a centenas de copos ou enormes candelabros pois incluem objetos raríssimos como mesas, cadeirões de sala e até uma cama para o Maharaja. No fundo o Maharaja tinha ideia de decorar todo o Palácio com móveis em cristal.

Depois desta demorada visita fiz-me à estrada, a caminho de Jaipur. Como saí já depois da uma da tarde fui a uma velocidade um pouco acima da média, a 130, 140 Km/h pois tinha mais de 400 Km pela frente e pretendia chegar com luz do dia, coisa que acabei por não conseguir.
É que hoje, por exemplo, nestes quatrocentos e poucos quilómetros de dita auto estrada, que provavelmente será a mais movimentada do país, pois são perto de 2000 Km que ligam a capital a Mumbai que é não só a cidade mais populosa (mais até que Delhi) como o principal porto indiano, apanhei, em alturas diferentes, um camião, um jipe, um trator e um “rickshaw” a circularem em sentido contrário, um cilindro que não estava a cilindrar mas simplesmente a circular na auto estrada, um trator a 20 Km/h encostado à faixa da direita, um rebanho com os respectivos pastores a ocuparem mais de uma faixa da auto estrada para além de várias vacas a pastarem no separador central e de um cadáver de um cão à saída de uma curva que não consegui evitar.
A situação complica-se ainda mais porque, embora eles aqui circulem pela esquerda, à inglesa, na auto estrada há uns que preferem ir encostados à direita e outros à esquerda, independentemente de serem camiões, carros ou tratores. Ao princípio ainda pensei que poderiam ser os canhotos que circulavam encostados à direita mas depois constatei não ser possível pois estão repartidos mais ou menos 50% em cada faixa. Todos acham a situação normal e as ultrapassagens são feitas, com a maior das naturalidades, tanto pelo lado esquerdo como pelo lado direito, conforme o que estiver mais a jeito. Na prática, a circular de moto muito mais depressa que os camiões, que são a grande maioria dos utilizadores, é como se fôssemos sempre a fazer chicanes num circuito, com curva e contra curva, sem perder atenção às muitas “armadilhas”.
Chego ao fim do dia cansado mas até é animado e divertido. Nunca posso é andar distraído, a ver a paisagem.

4 de janeiro de 2013


Udaipur

Três dias sensacionais já na companhia da Honda, que tanta falta me estava a fazer.
Quando, no meio do segundo dia daquela burocracia infernal do desalfandegamento da moto, não via o caso resolver-se, um dos oficiais da alfandega olhou para o meu ar desanimado e disse:
- “em Roma, sê romano”.
Ele de facto tinha razão. Perante aquela confusão de papéis, assinaturas e carimbos que pareciam não ter fim o melhor era mesmo relaxar e esperar que a coisa se fosse resolvendo. É esta a atitude dos indianos perante a adversidade. Tenho constatado isso também agora no transito caótico. Embora estejam sempre todos a furar na procura do mais pequeno espaço onde possam colocar o carro, moto ou triciclo, os indianos parecem nunca se enervar. Ontem fiquei parado numa auto estrada por duas vezes durante uma meia hora de cada vez. À minha volta eram quase só camiões. Todos desligaram os motores e para ali ficaram, como se nada se passasse ou como se fosse uma coisa tão comum que fazia parte da viagem. Uma das vezes foi por causa de uma das faixas, que atravessava uma ponte, estar cortada e da outra vez a causa foi um enterro de três pessoas cujo trajeto, a pé, passava por um dos viadutos da auto estrada. Quando passámos por eles, num desvio por baixo do viaduto mais à frente, num decampado, lá estavam os enormes montes de lenha para cremar os corpos, à antiga.
Parti de Vashi a caminho de New Delhi e de facto é um gozo fazer a viagem de moto. Principalmente nesta moto, que tem um motor fabuloso e uma excelente posição de condução.
No primeiro dia fui ficar a Surat, uma cidade sem graça mas que, como muitas na India, ocupa uma extensão três vezes maior que a maioria das capitais europeias e tem quatro milhões e meio de habitantes.
Quando saí do Hotel andei perdido na cidade durante quase uma hora e acabei por entrar em estradas secundárias de onde só consegui sair uma hora e meia depois. Andar em estradas secundárias na India é como circularmos pelo meio de uma feira mas com motos, carros e triciclos à mistura, a movimentarem-se em todas as direções e com vacas, cabras e cães pelo meio de um povo que parece nascer do chão, como formigas. Quando pensamos que já vimos de tudo ainda passamos por uma carroça puxada por um camelo ou outra rebocada por uma parelha de bois a galope. Só mesmo na India.
Quando entrei na auto estrada tinham passado três horas e não tinha percorrido cem quilómetros de maneira que, como não estava ali muito movimento, o piso era bom a não me parece que hajam por aqui limites de velocidade, decidi acelerar para ver se chegava à próxima cidade ainda de dia. Pus-me a 200 Km/h só que, não tinham passado mais de dois ou três quilómetros quando vejo uma vaca, das que para ali andam e que sabem que não vão ser comidas e por isso têm um passo confiante e calmo, a atravessar a auto estrada. Felizmente foi 100 metros à minha frente de maneira que nem cheguei a apanhar um susto mas foi o suficiente para ganhar juízo e voltar aos meus habituais 120, 130 Km/h.
No segundo dia fiquei em Ahmedabad, uma cidade industrial, com mais de cinco milhões de habitantes e em que o único ponto de interesse é o Ashram onde Gandhi estava baseado, uma espécie de comunidade onde ele lia, pensava e vivia com os seus conselheiros e amigos. Fui visitá-lo e quando aprofundamos o que foi a filosofia de vida de Gandhi mais constatamos a enorme influencia que ele teve sobre o comportamento de todo um povo, pacifista por natureza.
Hoje vim até Udaipur que é uma cidade muito mais pequena mas que tem um encanto extraordinário, pelo facto de ter quatro grandes lagos dentro da cidade num dos quais uma das ilhas é preenchida com o fabuloso Taj Lake Palace Hotel.
Da parte da tarde visitei o Jagdish Temple onde os visitantes locais ficam prostrados a adorar os seus deuses, e ao fim do dia, fui assistir a um espetáculo de danças no Bagore Ki Haveli. 

2 de janeiro de 2013


Kashi

Com o atraso no desalfandegamento da moto fiquei obrigado a passar o fim de semana nos arredores de Mumbai.
Decidi então ir até uma praia de que me tinham falado, 150 Km a Sul de Mubai. Comecei por apanhar um barco no “Gate of India”, o principal cais para estas pequenas travessias, e 45 minutos depois estava em Alipur.
O destino era Kashid mas, sem encontrar autocarro, acabei por aceitar a proposta de um condutor de uns triciclos um pouco maiores que os da cidade que levam um ou dois passageiros ao lado do condutor e seis a oito nos dois bancos traseiros. Aquilo é pouco mais comprido que um “smart” mas transporta até dez pessoas fora o condutor. Combinei com o homem que viajaria sozinho no banco da frente e lá fomos aos saltos a carregar e descarregar pessoal, tipo autocarro, durante mais de duas horas. 6 euros, incluindo a massagem.
Cheguei a Kashid ao fim da tarde, ainda a tempo de dar uma espreitadela à praia que ficava a dois minutos da estalagem e onde, como de costume, alguns indianos ainda tomavam banho vestidos, uma cena que já tinha visto em Mumbai.
No dia seguinte fiquei meia hora dentro daquelas águas mornas e dei um passeio a cavalo pela praia. Conheci uns rapazes simpáticos que ali passavam o fim de semana e, durante o almoço no restaurante da praia, quando souberam que eu iria ficar nesse dia a Vashi, perto do porto de desembarque da moto, convidaram-me a ficar a dormir em casa deles pois viviam aí.
Da parte da tarde, enquanto eles partiam nas suas motos indianas eu apanhei boleia de um simpático casal a caminho de uma visita a um forte numa ilha perto mas, depois de uma espera de mais de uma hora por um barco, acabámos por desistir e deixaram-me na paragem de autocarro, de regresso a Vashi.
Com o autocarro “à pinha” e sem lugar sentado pedi para sair em Alibar e voltei ao barco de Mumbai, onde jantei, para depois apanhar um comboio em Victoria Station para Vashi. Cheguei a casa destes novos amigos pelas onze da noite.
Segunda feira foi mais um dia passado na alfandega mas, depois de muita papelada e carimbo, lá conseguimos retirar as motos do contentor ao final do dia. Tinha ficado noite e resolvi voltar a ficar com o pessoal de Vashi que organizaram uma passagem de ano caseira.
No caminho até lá de moto, já de noite, tive a primeira experiencia do que é circular na India com bicicletas e motos em sentido contrário, “rickshaws” a saírem não se sabe bem de onde, vacas no meio da estrada, lombas que não estão assinaladas, apanhamos de tudo um pouco. Até um elefante, em passo de tartaruga, encontrei a circular numa via rápida, à noite e …. sem luzes. O que seria estoirar-me de moto contra um mostro daqueles? Com a atrapalhação até podia dar-lhe para se sentar em cima de mim.

1 de janeiro de 2013


Damão

Na quarta feira de manhã ligou-me o homem da companhia de navegação a dizer que o desalfandegamento da moto demoraria mais dois ou três dias de maneira que decidi apanhar um comboio e ir até Damão,  cerca de 170 Km a Norte de Mumbai (Bombaim).
Os transportes públicos aqui são uma desgraça. As coisas vão andando mas o desastre parece eminente.
Temos a sensação que desde que os ingleses se foram embora nada evoluiu. Muitos dos táxis que circulam em Mumbai, por exemplo, são daqueles Fiat 1100 que eram aqui fabricados. A maioria anda na praça há mais de quarenta anos de maneira que estão num estado lastimoso. O contador, não sei porque razão, está colocado do lado esquerdo de fora do táxi  pelo que o homem tem que fazer ginástica para ligar aquilo de cada vez que entra um cliente novo. A maioria destes táxis tem tablier, painéis de porta, bancos e tejadilho, tudo forrado num pano manhoso com um padrão de flores castanhas, certamente para disfarçar a sujidade. O chão não tem tapetes e muitas das vezes os podres já abriram buracos por onde se vê o alcatrão. O motor vai funcionando mas a suspensão não existe. O mais pequeno buraco transforma-se numa cratera lunar. Ficamos com a sensação que aquilo se vai desfazer em pedaços.
Os comboios não são melhores. Comprei um bilhete de 1ª classe e quando vi a carruagem não acreditei que fosse aquela de maneira que fui até à primeira da linha, uma viagem de mais de 200 metros, para me certificar que não havia nada melhor e lá tive que voltar para trás para não entrar em nenhuma com os bancos em chapa e dois andares de gente encafuada com grades nas janelas.
As classes mais baixas enchem até transbordar e em todas as carruagens as portas nunca são fechadas com pessoas a entrarem e saírem em movimento e muitas a viajarem penduradas do lado de fora.

O rio Ganga divide Damão em duas partes, com as fortalezas existentes de ambas as margens a serem a única memória portuguesa do local. Do lado direito a mais antiga e pequena. A entrada ainda tem as inscrições em português mas, como tudo na India, está muito mal tratada. Quando cheguei, um casal indiano que me pediu para lhes tirar uma fotografia perguntou-me a nacionalidade e quando lhes respondi o homem disse: “Ah, então este forte é seu”. E de facto ainda nos sentimos ali um pouco em casa.
No pátio miúdos jogavam “criquet” num campo improvisado o que é muito pouco português mas um pequeno cemitério acolhe, com algumas campas recentes, pessoas que certamente ainda se consideram portuguesas e querem ali ser enterradas, pois quase todas tinham nomes portugueses.
A muralha da margem esquerda do rio é do sec XVIII e encerra o que seria a cidade de Damão na época, incluindo o Palácio do governador, agora ocupado pelo governador indiano e a igreja do Bom Jesus. A caixa das esmolas já tem um toque indiano ao mostrar uma inscrição, em inglês, a dizer coloque aqui dinheiro que receberá 20, 40 ou 60 vezes mais.
Numa das entradas da muralha uma pequena casa com uma laje a informar que ali viveu o poeta Bocaje.
Na sexta feira voltei a Mumbai no comboio da amanhã pois havia a possibilidade de se conseguir o desalfandegamento das motos, a minha, a do polaco maluco e a dos três suecos, todas transportadas no mesmo contentor.
Os táxis na província ainda são mais antigos que nas grandes cidades. Aqui são quase todos Ambassador, um carro também feito na India nos anos 50 e que era uma cópia de um carro inglês, creio que de um Hillman ou Austin. São destes carros altos e redondos, típicos da época. O que apanhei para percorrer os 12 Km que me separavam da estação dos comboios pensei, sinceramente, que não passaria do fundo da rua do Hotel. Por fora estava todo amolgado, não tinha maçaneta na porta por onde entrei, faltavam-lhe os farolins traseiros e a tampa da mala tinha as dobradiças substituídas por umas de um portão de ferro. A andar ouviam-se umas pancadas preocupantes, de apoios de tudo quanto há, desde motor a suspensões, passando por caixa de velocidades e diferencial a trabalharem sem qualquer vestígio de borracha. Pancadas secas que faziam temer o pior. A direção tinha uma folga que fazia o desgraçado do homem rodar o leme de um lado para o outro à volta completa de cada vez. O problema agravava-se porque ao curvar, o eixo traseiro demorava a acompanhar o movimento da carroçaria. Enfim, assustador. O que os salva é que não há outra hipótese senão circularem muito devagar com aquela espécie de veículos. Mesmo assim cheguei a tempo de apanhar o comboio.
Quando cheguei ao porto os suecos já estavam doentes de aturar o polaco mas mantinham a típica calma escandinava.
A alfandega do porto de Mumbai é um pesadelo de burocracia, com dezenas de empregados a arrastarem-se para colocarem carimbos e assinaturas num amontoado de papéis e, como era sexta feira, é evidente que o processo teve que ficar adiado para segunda.
Para voltar para Mumbai apanhámos, já com ar cabisbaixo, um autocarro regional, daqueles que se vêm nos filmes a cair de podre e carregado de povo. Tínhamos percorrido pouco mais de 10 Km quando um barulho ensurdecedor de uma peça da suspensão a bater na cava da roda fez o condutor parar para observar os estragos. Como já era de noite não conseguiu ver nada e voltou a arrancar até que, poucos quilómetros depois, “Pum”, ouviu-se um estrondo, o autocarro apinhado descaiu para o lado direito e o homem encostou-o à berma com a suspensão partida e um assobiar de pressão de travões a perder-se na atmosfera.
Saiu a multidão lá de dentro e, sem saber o que fazer, o homem disse qualquer coisa e todos voltamos a entrar rapidamente no autocarro nós os quatro a limitarmo-nos a seguir os movimentos do povo, acreditando serem os mais sensatos. Passados cinco minutos, com a aproximação de outro autocarro, voltou a sair uma carrada deles que fez sinal ao condutor para abrandar e para lá saltaram uns quinze ou vinte, não sei bem como. Com o autocarro mais vazio e sem que o condutor soubesse o que fazer, decidiu-se por colocar o animal a trabalhar e lá fomos nós a arrastar o monstro durante 20 Km até à vila mais próxima. Lá chegados eram dez da noite e decidi procurar um Hotel por ali onde fiquei, despedindo-me dos suecos.