9 de junho de 2018

Natal 2

Depois de trabalho pela Europa regressei a Natal, um mês depois de ter partido. A moto tinha ficado em casa de uma amiga mas como o avião chegava tarde marquei um Hotel para ficar essa primeira noite. Na manhã seguinte a Gean ligou-me a perguntar se não queria ir almoçar a casa de amigos. O almoço acabou tarde e já não fui buscar a moto nesse dia. Fiquei em casa dela e na manhã seguinte peguei na moto e segui a Gean até uma oficina de uma mecânico amigo onde pude substituir a bomba de gasolina. O Márcio, dono da oficina, explicou-me o que teria acontecido com a bomba pois um cliente dele com uma Africa Twin teve o mesmo problema. A bomba de gasolina tem um pequeno filtro de rede no ponto de pesca, que eu já tinha substituído, mas tem um segundo, dentro da bomba, que é selado e só se pode substituir junto com a bomba. Com toda a gasolina de má qualidade e contaminada que tenho usado ao longo dos mais de cem mil quilómetros da viagem esse segundo filtro entupiu e por isso a moto perdera potencia, nos últimos tempos não passando mesmo das 3.000n rpm e 90 Km/h.
Com a bomba substituída ficou como nova e, nesse mesmo dia, arranquei para Pipa, a pouco mais de sessenta quilómetros, passar dois dias no simpático Hostel onde tinha ficado antes.
O Rafa, alma do local, havia partido mas ainda se mantinha o espirito de quase comunidade. Fui muito bem recebido de volta e gostei de rever os meus amigos de várias nacionalidades e de conhecer outros que ali estavam pela primeira vez. Passei o dia seguinte numa das fantásticas praias de Pipa. O Hostel não fica junto à praia nem na vila mas no outro topo, já no meio da floresta. Não havendo lugar na camarata instalei-me num quarto isolado no meio da vegetação. No dia anterior havia pequenos macacos que se aproximavam da esplanada que faz de sala ao Hostel e até dão ambiente ao local mas nessa noite uma cobra entrou para o intervalo entre o telhado de colmo da minha pequena barraca e o forro interior. Eram quatro da manhã quando acordei com o rastejar do animal e comecei a bater no forro interior para tentar que saísse de ali acabando por o conseguir. Voltara a adormecer quando acordei com gritos estridentes de uma miúda que dormia com o namorado na cabana seguinte. A cobra tinha lá entrado e eles saltaram cá para fora. Os seus gritos e choro assustaram os macacos que berravam enquanto o cão do Hostel fugia para só regressar a meio da manhã seguinte. Ao pequeno almoço a hóspede pedia desculpa pelo compreensível histerismo e os “habitués” encaravam o caso como uma banalidade.

De Pipa parti para Recife. O José Alencar, que conhecera em Belém, disse-me que ligasse a um Tácio e o próprio enviou-me várias mensagens para o contactar quando ali chegasse. Foi o que fiz. Cheguei a Recife pelas quatro da tarde mas como a morada do Tácio, numa rua de terra batida, não viesse no GPS, fui parar a outro lado da cidade e, até que percebesse onde era perdi quase uma hora. Quando parei junto a uma praça de taxis para pedir informações tive que passar por cima da valeta de cimento funda para voltar ao alcatrão. Não seria problema se, no momento em que passava por cima do obstáculo com a roda de trás, um carro não me tivesse apertado, obrigando-me a uma manobra para não ir contra ele que me levou ao chão. Rapidamente vieram vários populares ajudar-me a levantar a moto e só fiz uma pequena ferida na perna mas parti a manete do travão. 


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