5 de dezembro de 2016

Washington D.C.


Fiquei três noites em Washington. Visitei o Memorial dedicado ao Presidente Lincoln, a quem os americanos dão grande importância não só por ter sido quem governou durante a guerra civil, mas principalmente por ser o grande responsável pelo fim da escravatura, e os dois “memorials” dedicados aos combatentes das guerras da Coreia e Vietnam. O primeiro com estátuas de soldados implantadas num campo de erva, reproduzindo um campo de batalha,  muito bem feito, e o segundo um enorme muro em mármore preto, com uns bons cem metros de comprimento e cerca de dois de altura, onde estão gravados os nomes de todos os perto de sessenta mil americanos que morreram na guerra do Vietname. Impressionante. Ainda hoje, mais de 40 anos passados sobre o fim da guerra, familiares continuam a ir lá colocar fotografias, flores e bandeiras americanas junto de alguns dos nomes.
No dia anterior tinha passado um par de horas no excelente art museum com obras dos principais pintores europeus dos séculos XV a XX e de um ou outro americano do final do século XIX e inícios do século XX.
Quando passeava pela cidade, acompanhado de uma das minhas cunhadas que ali vive, passei por um grupo de polícias que guardavam um dos acessos à Casa Branca com as suas Harleys. Pedi para tirar uma fotografia e um deles achou graça e convidou-me a fazer pose frente às motos com ele. Sugeri tirar outra a fingir que me prendia e ele, divertido, mandou-me deitar no capot do carro da polícia para fazer o “teatro”. Só nos Estados Unidos a policia alinhava numa brincadeira destas. Fantástico.
Da parte da tarde visitámos o museu do ar, onde têm expostos não só vários aviões da primeira e segunda guerras mundiais como cápsulas das missões Apollo e outras partes dos gigantescos foguetões que levaram uma dúzia de homens à lua entre 1969 e 1972, passando ainda por outras curiosidades como o  original “Spirit of Saint Louis”, o primeiro avião a atravessar o Atlântico sem escalas. O jovem Charles Lindbergh levou mais de 33 horas, em 1927, para ir de Nova Iorque a Paris, onde aterrou em frente de uma população delirante.
Durante a visita conhecemos um aviador reformado americano que nos explicou pormenores fascinantes sobre o funcionamento dos foguetões que foram à lua e as várias partes dos mesmos que iam ficando pelo caminho. Não tinha ideia que na primeira viagem, em 1969, Michael Collins tinha ficado numa parte da nave em órbita e só Neil Armstrong e Buzz Aldrin aluaram, descendo do módulo e caminhando na superfície da lua de onde recolheram materiais para posterior análise. Antes de partirem deixaram o material de que não precisavam em solo lunar, incluindo as suas mochilas, para tornar a nave, já em tamanho muito reduzido, mais leve. Para descolar da lua no regresso, como é evidente, é preciso muito menos potencia dos motores e quantidade de  combustível do que quando estão sujeitos à força da gravidade na terra.
Se no início da missão o enorme foguetão lançado de Cape Canaveral tinha 111 metros de comprimento, no fim, a única parte que regressava à terra era o pequeno módulo que caia de para quedas no Pacifico com os três astronautas dentro, que não tinha mais de quatro ou cinco metros de diâmetro e uns três de altura. Impressionante.
Ao todo houve seis missões que levaram homens à lua, entre 1969 e o inicio dos anos 70. As duas ultimas transportaram os buggies lunares que permitiram aos astronautas deslocarem-se já umas centenas de metros no solo lunar e que lá ficaram, abandonados.
O Tenente Don Baier era muito simpático e contou-nos que, quando pilotava sobre o Atlântico, há largas dezenas de anos, e perguntava aos controladores aéreos portugueses, na base dos Açores, se não estava demasiado vento para poder aterrar estes indagavam primeiro: traz correio? Se ele dizia que sim, por mais vento que estivesse, diziam sempre que a velocidade máxima das rajadas era de 35 nós, o limite em que estavam autorizados a aterrar. Numa altura em que havia poucos meios de comunicação, os controladores esperavam ansiosamente por notícias dos familiares que estavam emigrados nos Estados Unidos.




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