8 de dezembro de 2016

Myrtle Beach







Quando saí de Washington estavam 10º de temperatura, o que já não considero frio. À medida que fui andando para Sul naquele dia a temperatura foi aumentando a um ritmo de 1º por cada 100 Km. Pelas cinco da tarde, quando parei em Warsaw estavam 16º e quando acordei no dia seguinte, tinha subido para 22.
Passei em Myrtle Beach que pensei ser atrativa mas não é mais que uma espécie de Quarteira à Americana, com prédios em cima da praia.
Aliás tanto a costa da Carolina do Norte como da Carolina do Sul não têm grandes atrativos nem sequer estradas junto ao mar. Já na Georgia, mais a Sul, as ilhas St. Simons e Jekyll são fantásticas. Muito bem arranjadas com casas típicas americanas, em madeira pintada, junto ao mar e em condomínios bem tratados, com bons campos de Golf.
Quando deixei as ilhas através de uma ponte de ligação ao continente ao meu lado vinha um carro fantástico. Tinha a cabine de uma VW pão de forma dos anos 60 mas muito rebaixada. Para a frente saía uma parte do chassis tubular que segurava a suspensão VW transformada. Atrás da cabine cortada estava montado um motor V8, em posição central, a debitar 400cv., transmitidos às largas rodas traseiras através de uma caixa automática. Estava extraordinário. Fiz sinal ao homem e quando parou nos sinais luminosos tirei umas fotografias. Indaguei que motor tinha aquele engenho e, depois de uma pequena troca de palavras, ele perguntou se eu não queria ir até à garagem dele ali perto.
A garagem do Ben tinha vários projetos, cada um mais louco que aquele, uns acabados e outros em fase de iniciação. Entre os primeiros estava uma pão de forma dos anos 60 com motor eléctrico e uma moto/bicicleta eléctrica, com um quadro e rodas de uma moto de grande cilindrada, uns pedais de bicicleta que davam uma ajuda ao motor eléctrico alimentado por uma torre de baterias de Lithium. O Ben contou-me que deixava os condutores de boca aberta quando passava por eles na auto estrada naquele engenho, a dar aos pedais, a 140 Km/h.
O Ben é uma espécie de Professor Pardal dos tempos modernos, com uma imaginação fértil e a sorte de viver num país onde qualquer um pode construir um carro ou moto, pedir uma matricula e circular legalmente com ele.
Quando entrei na Florida apanhei finalmente uma estrada junto ao mar mas, quando parei para tirar umas fotografias sem sair de cima da moto uma das luvas caiu ao chão e em vez de colocar a moto no descanso para a apanhar decidi esticar-me. Desequilibrei-me e deixei a moto cair. Resultado: A maneta da embraiagem e a peseira do lado esquerdo partidas. Um homem que vinha de bicicleta parou logo para me ajudar a levantar a moto e tive que arrancar a carregar na embraiagem com dois dedos no que restava da manete e circular com o pé esquerdo pousado em cima do motor. Assim fui até à próxima cidade, Jacksonville, onde procurei o concessionário da Honda. Não tinham peseiras para a minha moto mas o simpático empregado acabou por desmontar uma, usada, que estava agarrada a parte de uma velha Gold Wing e ofereceu-ma.
Entretanto eram seis da tarde e o sol tinha-se posto de maneira que fui à procura de um Motel na cidade e deixei a montagem da peseira e da manete suplente, que trazia comigo, para a manhã seguinte. A peseira, para que fixasse, tive que a montar ao contrário e entalar por baixo um calço de alumínio feito com uma parte partida da antiga. Ficou impecável, até ter uma nova.
Nesse dia continuei a caminho de Miami mas sempre que possível escolhendo a estrada A1A que segue junto à costa. Passei em Daytona Beach, que num enorme sinal à entrada da praia anuncia “Daytona Beach. A praia mais famosa do mundo”. Comprei um bilhete para poder andar com a moto na praia embora não tenha muita graça porque o limite de velocidade, que eles insistem para se cumprir, são 10 milhas/hora (16 Km/h). Fui um pouco mais depressa mas mesmo a 40 Km/h a Cross Tourer, com o peso que carrega, tinha tendência para se enterrar de maneira que, antes que espetasse a cara na areia e partisse outra manete, percorri só a primeira parte da praia.

3 comentários:

  1. Viva. Sou seu fa desde os tempos do CNV, Trofeu Carina, etc. Descobri hoje este seu blogue e estou a adorar, apesar de estar retido de cama por uma gripe. Tem sido uma excelente companhia. Que grande aventura! Permitiu recordar as fabulosas paisagens do Oeste americano quando por lá vivi na California. Abraço Carlos Marques carlosagmarques@yahoo.com

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    1. Obrigado, Carlos. Chegou a ver para trás dos Estados Unidos? Abraço

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  2. Sim! Estou nas cronicas do Butão, o país mais feliz de Mundo :) E a adorar!

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