13 de agosto de 2016

Okayama - Japão





O Japão é composto por 6.852 ilhas mas quatro delas ocupam 97% do território. A maior, Honshu, é onde está Tokio e Kobe, o porto onde a moto foi parar, vinda da Austrália.
A fabrica da Honda em Kumamoto na ilha de Kyushu é onde produzem as motos de grande cilindrada.
Na altura em que iniciei esta viagem, há quarto anos, o engenheiro chefe do projeto “Cross Tourer” tinha-me convidado a visitar a fábrica quando por aqui passasse e, como eles fecham para férias no dia 11, combinei lá ir direto, mal chegasse.
Arranquei, no segundo dia pelas nove da manhã em direção a Kyushu sempre debaixo de um calor abrasador e por estradas com uma única faixa para cada lado.
Os arredores das cidades mais movimentadas são cinzentos e tristes. As construções são feias e desordenadas e o aspeto desolador.
De repente, no meio daquele cinzento, vejo uma oficina de minis dos antigos que parecia tirada de uma fotografia inglesa. Parei curioso. O dono, um japonês dos seus 50 anos que não falava uma palavra de inglês, veio cá fora receber-me e mandou-me entrar para um escritório/stand onde um Frogeye fazia companhia a uma carrinha Mini e um Cooper. À volta armários com peças Mini em exposição e nas prateleiras uma completa coleção de livros sobre Mini em ... inglês. Não tive lata para lhe perguntar se já tinha aberto algum.
Quando lhe disse que era português apontou para um Moke que tinha na garagem e arranhou: “made in Portugal”.
Disse-lhe que as rodas não eram de origem, que os portugueses vinham com jante doze e não dez e ele confirmou a troca e olhou-me com ar de respeito, a achar que estava perante um entendido na matéria.
Ofereceu-me uma pequena placa metálica da sua atrativa oficina e, vinte minutos depois, voltei a arrancar em direção a sul.
Perdi o meu GPS antes de partir para a Austrália e, não o tendo ainda substituído, tenho-me guiado por mapas, à antiga. O problema aqui foi ainda não ter encontrado um mapa com os nomes em Inglês de maneira que é difícil guiar-me por eles. O que me vale é as estradas estarem numeradas.
Assim fui seguindo o trajeto que me levava para sul e, à medida que o transito e as construções diminuíam, o verde da paisagem sobressaía.
Quando atravessei a ponte para Kyushu pareceu-me ter entrado noutro japão. Um país com uma paisagem deslumbrante, sem muita concentração de gente nem construções nestes locais mais afastados das grandes cidades. Enfim, finalmente o país que tinha imaginado.
A ilha de Kyushu é muito montanhosa, como a maioria do Japão.
Sendo um país vulcânico com importantes rachas teutónicas estão sujeitos a tremores de terra de grandes dimensões a uma cadência de um a cada cerca de cinco anos. No de Kobe, em 1995, morreram 6.000 pessoas.
Este ano o centro do tremor de terra foi precisamente na cidade de Kumamoto. As paredes exteriores da fabrica não caíram mas o interior ficou destruído e a produção parou por dois meses até conseguirem pôr parte da linha a funcionar.
Os homens da Honda tinham-me recomendado que fosse pela autoestrada pois muitas das estradas da montanha ainda não estavam transitáveis.
Nas autoestradas circula-se bem mas o sistema de portagens não está previsto para as motos, por serem escassas, no país que as produz em maior quantidade.
Assim, quando chego à portagem de saída vem sempre um homem ou uma mulher fardados, com um capacete de plástico na cabeça e um bastão luminoso numa mão a abanar muito. Correm em pequenos saltinhos, como vemos os japoneses nos filmes e parecem saídos de uma comédia. Pedem para estacionar no parque e perguntam-me pelo “ticket” de entrada, sempre muito sorridentes e a falarem muito. Depois seguem para o escritório com o dinheiro ou cartão de crédito, sempre aos saltinhos, não sem antes fazerem dez vénias. Regressam dois minutos depois a entregarem-me o recibo e despedirem-se com outras dez vénias, um habito por estas terras muito engraçado e simpático.
No Japão são todos extremamente simpáticos, pelo menos com os turistas e, cada vez que peço uma informação a alguém, desdobram-se em amabilidades e vénias e, mesmo sem falarem uma palavra de inglês, pois quase ninguém fala senão japonês, vão imprimir mapas ou procurar locais através da internet dos telemóveis mas ajudam sempre, seja o empregado da bomba de combustível, o simples transeunte ou a recepcionista de loja ou Hotel.
Saí da autoestrada uns 40 Km antes de Kumamoto para procurar por ali um Hotel e no dia seguinte seguir por estradas secundárias até à fabrica.     

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