18 de novembro de 2012

18 Novembro - Urmia 1

Ontem à noite, depois de ouvir aquela discussão política entre três amigos fui almoçar a uma tasca a uns 200 metros daquele Hotel que tinha uma vista fantástica sobre o lago, mas as cortinas do restaurante  estavam fechadas, mesmo durante o dia. Por um lado não admira porque quando as abri o jardim sobre o lago estava com chapéus de sol podres no chão e lixo por todo o lado.
O criado da tasca, que não dizia uma palavra de inglês, perguntou-me, no fim do jantar, como todos fazem, se queria um chá. Respondi que sim e então, com a maior das naturalidades, trouxe dois e sentou-se à minha mesa a tomar chá comigo. Não dissemos nada um ao outro, mas ele achou que fazia parte beber um chá com o cliente.
Hoje saí às nove e meia com intenção de tentar passar a fronteira à hora de almoço. A estrada variava entre grandes rectas bem alcatroadas até troços muito ondulados e outros em reparação, com partes em gravilha.
A cerca de 150 Km da fronteira uma situação curiosa: estão a montar um oleoduto em direção ao Irão com quilómetros de tubo com cerca de metro e meio de diâmetro estendidos ao longo da estrada e outros já colocados. No entanto, hoje em dia é proibida a importação de petróleo do Irão, uma sanção estabelecida pelas nações unidas. Será que estão a montar este oleoduto já a pensar que a sanção vai durar pouco ou que estão à espera que os Americanos ataquem o Irão e fiquem eles a controlar a exploração petrolífera, como fazem no Iraque?
Mais à frente a primeira de várias operações stop feitas por militares. Nesta  estavam a revistar todos os carros dos convidados de um casamento enquanto o carro da noiva, parado cem metros à frente, já tinha sido visto e esperava que todos os convidados recuperassem o seu lugar na caravana. Aliás hoje, não sei se por ser domingo, passei por várias caravanas de convidados de casamento com o carro da noiva à frente, decorado com fitas não brancas mas coloridas, não sei se com as cores da bandeira curda. Estas caravanas que são formadas por muita charutada e duas ou três Ford Transit que transportam os convidados sem carro, levam por vezes uma pick up à frente com vários homens na caixa de carga a filmarem ou tirarem fotografias. Quando ultrapassei uma das caravanas estes homens da pick up fizeram-me sinal para esperar mais um pouco atrás deles e assim vou fazer parte do filme de um casamento curdo.
Mais à frente os militares de outra operação stop mandaram-me parar só para saberem de que nacionalidade era e para onde ia.
Na ultima cidade antes da fronteira alguns deste militares faziam a operação stop vestidos à paisana, de metralhadora na mão. Até pensei que fossem revolucionários mas não, na fronteira disseram-me que se fossem revolucionários já estariam presos.
Cheguei à fronteira no meio de uma confusão de camiões e carrinhas Ford Transit, que aqui são o transporte mais utilizado nas deslocações entre cidades. Formavam um tal caos que, ao passar por eles, não percebi que tinha atravessado o lado turco da fronteira sem parar na polícia ou alfandega. Já estava em território iraniano quando um guarda turco me chamou, do lado de fora, a dizer para eu voltar atrás com a moto e cumprir os trâmites. Dei meia volta e ele destacou um miúdo dos seus 12 anos que foi comigo, a correr ao lado da moto, aos vários postos de controle. Lá resolvemos a situação naquela alfândega decrépita e passei para o lado iraniano. Aqui, depois de me revistarem as malas
mandaram-me falar com o chefe que, embora eu já tivesse o selo do visto, iria analisar novamente o meu processo para ver se me dava ordem de passagem. Um soldado levou-me por entre o povo até ao gabinete do chefe. Era um miúdo que não teria trinta anos. Mandou-me sentar numa cadeira afastada uns 5 metros da dele, olhou para o meu passaporte e passou meia hora ora a colocar o passaporte numa máquina de laser, ora a consultar o computador ora a olhar uma vez mais para o Passaporte. Fez-me poucas perguntas e deu sempre o ar que estava a hesitar deixar-me entrar. Por que cidades pretende passar? Porquê?
Passada meia hora mandou o ajudante carimbar o passaporte e passou-mo para as mãos. Quando estava convencido que podia partir com a moto surge outro chefe, este responsável pela entrada de veículos, que me disse logo que não havia qualquer hipótese de passar com a moto sem Carnet. Resultado: a moto ficou na fronteira à espera da chegada do Carnet e eu segui até uma cidade próxima com um rapaz de quem me tinham dado o contacto.

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