11 de março de 2019

Okovango Delta


Instalei-me no quarto e voltei à sala para um pequeno “brunch” antes de partirmos para o primeiro Safari, pelas quatro e meia da tarde. Aos três que viajávamos na avioneta juntou-se-nos um simpático casal americano num Toyota Land Cruiser de chassis longo, sem para brisas, quatro filas de bancos corridos e apenas um toldo como capota. Na parte da frente do capot, num banco desdobrável para o efeito, sentou-se o pisteiro, especializado em detectar pegadas de animais e identificá-los a partir daí como espécie, quantidade e tamanho. 
Não tínhamos rodado dez minutos quando o pisteiro, atento lá na frente, detectou pegadas de leões. 
- Vários, com crias a acompanhar. Pareceu-me uma balela mas lá fomos seguindo as pegadas com o jipe através do mato, muitas vezes fora dos caminhos, até que o pisteiro disse alguma coisa, o condutor parou e ele passou daquele banco da frente para um dos cá de trás, menos vulneráveis. Tinha visto os leões. Avançámos, devagar, até não mais de três metros dos animais. Três fêmeas e outras tantas crias. 
- Estão magros. Parecem não comer há dois dias, dizia o condutor.
- E não é perigos estarmos tão perto deles, respondi com ar inocente?
- Eles não atacam humanos porque não conhecem o sabor da nossa carne. Além disso o jipe, sendo uma coisa grande, mete respeito. 
De ali pudemos, sem fazer muito barulho, filmar e fotografar os impressionantes bichos. Fomos mudando a posição do jipe conforme eles avançavam e por fim ficámos a observar a tentativa falhada das fêmeas para caçarem dois warthogs, uma espécie de javalis que, distraidamente, comiam erva por perto.
Tentaram cercar os animais, sorrateiramente, uma rodando pela direita, outra pela esquerda, a terceira ao meio mas, quando arrancaram em corrida, o avanço que eles tinham permitiu-lhes escaparem. 
Passámos quase duas horas de volta dos leões.
Continuámos depois caminho e vimos gazelas a saltarem partes do rio, tartarugas leopardo, mais warthogs e pássaros de todas as cores e feitios. Uma beleza.
A meio caminho parámos para um Gin Tónico no mato e regressámos ao Hotel já de noite, com o pisteiro de lanterna na frente a procurar algum Leopardo.
Para o animado jantar juntou-se a nós um grupo de cinco suecos que fazia o Safari num segundo jipe e depois ficámos à conversa à volta de uma fogueira acesa no outro lado da sala de jantar. Muito simpático.
Adormeci a ouvir o roncar de um Hipopótamo que decidiu dormir à porta do meu quarto e acordei, às cinco da manhã, com o rosnar de Leões. 
- Estes eram machos, elucidou-me o pisteiro ao pequeno almoço, pelas seis da manhã. 
Ainda não eram seis e meia quando entrámos de volta no jipe. 
Desta vez a ideia era irmos para outra zona onde aparecem mais elefantes, girafas e… Leopardos.
E foram as pegadas de um que atraíram a atenção do pisteiro. Seguimos as marcas durante uns 20 minutos. São recentes, dizia o condutor. Ás tantas pararam o jipe e os dois saíram, afastando-se uns 20 metros da viatura. Quando regressaram disseram que havia sangue no chão e as pegadas passavam a ser acompanhadas de um arrastar de carcaça. Seguimos as marcas e demos com os restos de uma raposa ensanguentada. 
- Ainda aqui tem muita carne. Deve ter-se assustado com o barulho do Jipe e fugiu, elucidava o condutor. Continuamos a seguir-lhe as pegadas por mais um tempo mas acabamos por lhe perder o rasto.
Continuámos o Safari e vimos elefantes, que se enfureceram por estarmos entre eles e a lagoa para onde queriam ir. Passámos por três girafas, duas delas em luta, com chicotadas de pescoço no corpo da adversária e muitas Gazelas, Reeboks e Antílopes, para além de mais warthogs.
Regressámos ao Hotel pelas dez e meia da manhã, após mais uma paragem no meio do mato para um café.

Almoçámos cedo. Tinham-me dito que a avioneta me viria buscar à uma da tarde mas pedi que viesse só às 3 e fiquei duas horas a gozar aquele quarto fantástico enquanto lia e escrevia, antes de arrancar para a pista de aviação num dos jipes. Desta vez a avioneta vinha só para mim e vimo-la aterrar quando nos aproximávamos da rudimentar pista de aviação em terra. Foram dois dias fantásticos que não esquecerei.

3 comentários:

  1. Fantástico, Deve ter sido uma experiência inolvidável.
    Muito bom.
    Ana

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  2. Essa experiência era algo que ainda gostaria de fazer. Boa continuação.

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  3. Grandes aventuras e muitas estórias pra contar...
    Abraço

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