31 de maio de 2018

Belém do Pará

Quando o barco atracou num velho porto em madeira de Belém, cerca da meia noite, o piso de baixo onde se encontrava a moto estava muito baixo pois, por estarmos perto do Equador, as marés têm amplitudes muito elevadas. Para além disso não queria deixar o barco a meio da noite numa zona perigosa da cidade e sem ter Hotel marcado onde ficar. Assim, fiquei a dormir no colchão estendido no convés e, pelas oito da manhã, já com o convés inferior próximo da altura do cais, descarregaram-me a moto. Insisti para que colocassem duas tábuas, uma ao lado da outra, para que pudesse ser segura de lado ao passar uns dois metros sobre o rio mas os carregadores decidiram que não, que dava muito trabalho colocar uma segunda tábua, e lá a desembarcaram sem incidente. No dia seguinte contaram-me que não seria a primeira a cair ao rio na descarga daquele porto.
Estava já no porto, a carregar um mapa no telemóvel, quando me trouxeram o capacete, com as luvas dentro, que tinha deixado no barco. Só que, apenas vinha uma das luvas. Fui procurar a segunda dentro do barco, sem sorte. Certamente teria caído ao rio quando me trouxeram o capacete.
No porto um rapaz sugeriu que visitasse a loja de um tal Alex, que teria luvas e poderia ser um bom apoio, estando eu a viajar por aquelas bandas. 
Constatei mais tarde que, aqui no Brasil, talvez por ser mais perigoso viajar de moto, os motociclistas apoiam-se muito uns aos outros.
Fui visitar o Alex, um tipo muito simpático, que explora uma loja de peças de moto com a mãe e que logo colocou uma fotografia dele ao meu lado na sua página de facebook.
- Porque não fica por cá hoje? Logo à noite há um jantar do nosso clube motociclista.
- Está bem. Porque não?
Passados dez minutos ligou-lhe um amigo que tinha visto o “post” com a minha fotografia e me convidava a ficar em casa dele. Era um juiz desembargador que tinha uma Harley e pretendia viajar pela Europa e Rússia no final do ano. Passou pela loja do Alex e segui-o até sua casa, onde fiquei bem instalado, a contrastar com as ultimas noites passadas a bordo.
O José Alencar mostrou-me a cidade, levou-me a procurar quem me reparasse o computador, infelizmente sem sucesso, e acabei por ficar dois dias lá por Belém do Pará. Uma bonita cidade que foi um importante porto no tempo da colonização e de onde é hoje escoado muito do minério de ferro e alumínio, retirado das margens do Amazonas, para Ocidente. Este ultimo chega ali em grande parte através de um “pipeline” vindo do interior e que fornece uma fábrica hoje em dia pertença de noruegueses e japoneses, instalada na pequena cidade de Vila do Conde, nas margens do estuário, e que é uma das maiores produtoras mundiais de ligas de alumínio. 






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