28 de dezembro de 2017

Manzanar - Chile


No dia em que saí de Santiago, com o tempo que perdi a ir ao aeroporto levantar as pastilhas de travão, percorri só 200 Km. È uma zona de grandes campos de vinhas que se estendem, umas a seguir às outras, por largas dezenas de quilómetros. Quando acabam as vinhas começamos a ver plantações de cereais e legumes em terra que se adivinha fértil e com muita água. Fiquei na pequena cidade de San Fernando. No dia seguinte continuei para Sul pela Pan Americana até Victoria,  já a cerca de 600 Km a Sul de Santiago, e rumei depois para Oriente. Em Curacautin parei numa pequena oficina de carros e pedi se lá podia mudar as pastilhas de travão da moto utilizando a ferramenta deles, ao que me disseram logo que sim.
Segui depois por uma parte do país linda porque muito verde. Por entre a vegetação vamos vendo montanhas com os topos cobertos de neve. Parece estarmos na Suiça.
Em Manzanar fiquei num Hotel que é principalmente utilizado para grupos que ali passam o dia a fazer actividades como caminhadas e montanhismo mas têm também meia dúzia de cabanas montadas em cima de árvores mas com optimas camas, aquecimento, etc.
Fiquei numa delas, no meio da floresta, com um rio de enorme corrente a passar pouco abaixo que me deixou adormecer ao som da água a bater nas pedras.
Pela manhã atravessei as montanhas junto às zonas cobertas de neve, embora a temperatura não descesse dos 14º, e passei a fronteira para a Argentina. Percorri pouco mais de 400 Km e parei em Neuquén.
Tinham-me recomendado visitar a Peninsula de Valdés, mais a Sul, na costa Atlantica, que é um enorme parque natural cujas costas acolhem Pinguins e Leões Marinhos enquanto as águas próximas são habitat de baleias e orcas.
Desci assim a caminho do Sul pela Patagónia de longas rectas através de planícies praticamente desertas onde se levantam ventanias fortíssimas que me obrigavam a grande esforço para manter a moto na estrada, principalmente quando acabava de ultrapassar camiões, que me protegiam do vento, e levava a “pancada” lateral de repente. Uma luta constante.
As distancias entre cidades, sem absolutamente nada pelo meio, desde  casas, comercio, bombas de gasolina ou até sinal de telemóvel, estendem-se por duzentos ou mais quilómetros. No início de uma destas etapas, com gasolina que calculei para cento e poucos quilómetros, perguntei se haveria uma bomba pelo caminho ao que me indicaram uma a 25 Km. Passaram 25, 30, 50, 80, 100 Km sem que encontrasse qualquer bomba de gasolina e fiquei preocupado. Vi uma pequena quinta com um ar quase abandonado e fui até lá ver se tinham alguma que me vendessem. Depois de quase ser atacado por um Pitbull, que enfrentei com um trapo enrolado na mão que apanhei de cima de um bidão, lá apareceu um homem de longas barbas que agarrou o animal e me informou que só usavam gasoil.
Continuei, estrada fora, agora sem passar dos 90 Km/h, em direcção a uma cidade que estava a 100 Km quando a moto já indicava uma autonomia de apenas 70.


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