12 de dezembro de 2017

Carretera de La Muerte


Perto de La Paz há uma estrada de terra, estreita e com enormes precipícios, que ficou conhecida quando, internacionalmente, decretaram que aquela era a mais perigosa estrada do mundo, pois era ali que, todos os anos, morria mais gente por quilómetro.
A estrada tinha camiões que a cruzavam diariamente e muitas vezes tinham que se cruzar entre eles em zonas onde não sobrava a largura de uma roda para o precipício. Por esse motivo o governo ou a Câmara local decretaram que naquela estrada, e só naquela, se circularia pela esquerda, para que fosse mais fácil aos condutores dos carros com volante à esquerda espreitarem para ver se podiam chegar mais perto do precipício quando se cruzavam com outros carros.
Hoje em dia a estrada tornou-se principalmente um atractivo turístico. Com a construção de uma alternativa alcatroada e segura, embora mais longa para certos trajectos, a maior parte dos habitantes opta por essa via e a “Carretera de la Muerte” como ainda é conhecida, é principalmente utilizada para grupos de turistas a descerem em bicicleta, o que é perfeitamente seguro se não fizerem nenhuma loucura. É verdade que nos últimos anos já lá ficou um ou outro mas ainda continuam a ser os locais a manter as estatísticas, ao caírem com os carros precipício abaixo, aumentando o numero de cruzes com flores que se encontram pelo trajecto fora.
Não pude deixar de lá ir e acabei por fazer pequenos filmes que me impressionaram mais quando os vi que quando por lá passei e evitei olhar para os precipícios. Foi divertido descer a “Death Road”, como já aparece no letreiro de entrada e a parte final, mais larga e segura, percorri-a até a um ritmo bastante rápido.
Quando cheguei ao final, procurava um sítio para almoçar quando vejo um tipo numa pequena moto a fazer-me imensos sinais. Era o Argentino, com quem já me tinha cruzado duas vezes, que saíra de casa há três anos para viajar até ao Mexico na sua pequena 125 e agora regressava. Ele tinha-se enganado, com o seu habitual ar despistado, e ía fazer a estrada a subir, em sentido contrário à maioria do transito mas sem problema de maior. Sentámo-nos numa esplanada desocupada e ficamos à conversa uma meia hora antes de ele arrancar e eu mudar para duas esplanadas à frente, onde almocei.
Tanto na chegada à “Carretera de la Muerte” como no regresso a La Paz subimos a cerca de 4500 metros onde existe um pequeno glaciar mas a temperatura nunca baixou dos 6º, o que é muito para que se mantenha. O que novamente me leva a concluir que estes muitos glaciares dos Andes parecem ter os dias contados.
Na manhã seguinte parti a caminho do Salar do Uyuni.



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