16 de fevereiro de 2017

Houston


Em Houston fui visitar o centro da NASA que é espetacular. Ali está a maquete de um Space Shuttle montada num dos dois Boeing 747 originais que a NASA utilizou para transporte dos cinco Space Shuttle existentes. Estes fizeram, entre eles, mais de uma centena de viagens espaciais entre 1981 e 2011, ou em deslocações à Estação Espacial Internacional, para entregar e trazer cientistas/astronautas e material ou simplesmente para lançar satélites no espaço.
Dos cinco Space Shuttle construídos dois ficaram destruídos em acidentes onde morreram 14 astronautas. A nave era normalmente lançada na Florida com a ajuda de dois motores auxiliares que depois eram injectados, caíam de para quedas no mar e eram reaproveitados. A aterragem costumava ser na California e daí a existência dos 747, para a transportar de volta através do continente americano, embora tenham sido feitos testes em que o Space Shuttle foi lançado a partir dos 747. 
A Estação Espacial foi sendo construída com a ajuda de vários países e hoje em dia tem o tamanho de um campo de futebol.
Nos últimos anos os americanos não têm tido esta espécie de autocarro espacial operacional e têm sido os russos a organizarem as “carreiras”. A viagem também não é longe porque soube agora que a Estação Espacial está a menos de 400 Km da terra ou seja, a pouco mais que uma viagem de Lisboa ao Porto que, às velocidades a que aquele trambolho anda, não deve demorar mais que alguns minutos.
Em 2018 a NASA já terá novo transporte e prevêm até dar mais um ou outro salto à lua, onde já não vão desde 1972, na preparação para a primeira viagem tripulada a Marte. Esta parece ser mais complicada pois só uma ida demora cerca de oito meses. Calculam que os astronautas fiquem lá um mesito a tentarem plantar umas couves em estufas especiais, para ver se é possível ter vida em Marte. Com mais oito meses para a volta já faz um ano e meio, o que pode criar problemas físicos ao pessoal. O astronauta que ficou mais tempo no espaço quando voltou media mais três centímetros pois a falta de gravidade fez com que a coluna esticasse, para além de sofrer de descalcificação acentuada dos ossos. Os que forem a Marte são capazes de chegar tão esticados que já não se aguentam em pé.
É realmente fascinante este mundo da conquista do espaço sem o qual não existiria a Internet, por exemplo, ou os sistemas de GPS.
Quando deixei o centro espacial já passava das seis da tarde. Normalmente evito rodar de noite mas, como me sentia fresco e a temperatura de 25º estava agradável, decidi fazer uns 100 Km e fui ficar a Whorton.
Estou em pleno Texas, terra de Cowboys e petróleo, onde Trump é visto como o salvador da pátria. Uma revista “cor de rosa” exposta nas bancas anuncia na capa que Hillary Clinton fugiu do país para não ser presa e nas bombas de gasolina vendem stickers para colar na parte de trás dos carros com desenhos de pistolas e a frase: “nós não chamamos o 911” (112).
Tenho o habito de dormir com as janelas dos quartos abertas e aqui entraram uns mosquitos no quarto durante a noite que tinham cerca de três centímetros de comprimento e me deixaram o pescoço, a careca e uma perna num estado lastimoso. No dia seguinte de manhã estava a sair de um supermercado onde fui comprar creme para as picadas e repelente, para evitar as próximas, quando um texano ruivo de barba bem aparada, rabo de cavalo e uma camisa chinesa dourada impecavelmente engomada, veio ter comigo. Perguntou-me de onde vinha e para onde ia e chamou a mulher chinesa também bem arranjada e penteada, com um vestido comprido. Já tinham feito umas viagens de moto pela Europa os dois e também na China. Iam nesse dia a caminho de Houston onde a mulher apresentaria o livro que tinha escrito sobre essas viagens, à comunidade chinesa local, certamente, pois não estava traduzido em inglês. Que personagens.

Sem comentários:

Enviar um comentário