15 de novembro de 2015

Litchfield Park



Arranquei de Darwin no dia 11, com a ideia de, pela primeira vez nesta viagem, ir acampar. Nunca fui grande adepto mas achei que, sendo num parque natural, deveria ser agradável. Não se veio a revelar uma grande ideia.
Essa manhã ainda passei num centro comercial a comprar um mapa das estradas, para além de um bico de gás e uma pequena botija, idêntica à que tinha comprado antes de partir de Portugal mas que desaparecera algures.
Saí de Darwin em direção a sul com o termómetro da moto a marcar 36º. À medida que me afastava do mar a temperatura foi subindo e não tinha feito mais de trinta quilómetros quando atingiu os 40º  assim se mantendo ao longo do dia. Os punhos da moto ferviam e várias vezes olhei  o indicador para verificar se o aquecimento dos mesmos não estaria ligado.
Já em Lichfield Park, a cerca de 140 Km de Darwin, parei para almoçar e, da parte da tarde, fui até uma queda de água tomar um dos melhores banhos da minha vida. Esperava  uma água gelada mas a temperatura era a ideal. Fiquei mais de meia hora dentro de água e só mudei de lagoa quando um lagarto, de uns 50 cm, estacionou mesmo ao meu lado. Perguntei a uns australianos que por ali estavam se aqueles lagartos eram perigosos e disseram-me que não morreria com uma mordidela de um mas que teria que ser tratado. Era melhor não experimentar.
Pelas cinco da tarde resolvi ir montar a tenda, que se revelou uma tarefa fácil. Mas, ao manobrar a moto, quase parado na estrada de terra, deixei-a cair e, sem ninguém por perto, tirei as malas e fui preparando a tenda. Passado um bocado vi uma miúda em biquíni no meio do mato e fui lá perguntar-lhe se estava com algum homem que me pudesse ajudar a levantar a moto. Respondeu-me que não mas que era forte e lá veio dar uma mão. Estava ela e uma amiga a acamparem e vinham num carro todo pintado à mão em tons de roxo que na parte de trás tinha escrito em grandes letras: “Don’t drink and drive, smoke pot and fly”.
Acabei de montar a tenda e fiquei cá por fora, até anoitecer, sentado numa árvore cortada a escrever no computador pousado em cima da moto.
Quando começou a anoitecer enfiei-me dentro da tenda, já com alguns mosquitos a quererem fazer-me companhia. Mal anoiteceu, pelas sete da tarde, pareciam chuva a cair na tenda numa quantidade enorme de variadíssimos insectos que podia distinguir através da rede que rezava para que não se rompesse.  O barulho não parou mais e, de vez em quando, o que creio fosse um lagarto batia contra a tenda com força enquanto o que verifiquei serem enormes gafanhotos ajudavam à festa. Fiquei a ler até às dez da noite. Sem poder sequer abrir a entrada da tenda esqueci a ideia de cozinhar e o meu jantar foram tomates miniatura que trazia no saco e um yogurt.

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