1 de janeiro de 2018

Puerto Madryn


Saí do hostel pelas dez e meia da manhã, seguindo o trajecto proposto pela bióloga.
- Se tiver sorte pode ser que veja as Orcas, esperando pela maré cheia, que hoje é às três e meia da tarde.
A partir de Puerto Pirâmides percorremos meia dúzia de quilómetros ainda em asfalto para depois entrarmos numa estrada de terra. Os primeiros 75 Km têm partes difíceis, com areia mais solta, em que por uma ou outra vez “andei aos papéis” mas lá cheguei à costa na parte central da Peninsula onde parei para observar os Pinguins, satisfeitos, alguns a apanharem banhos de sol, em pé, de cabeça levantada e olhos fechados.
Depois segui pela estrada junto à costa para Norte, com um olho na estrada e outro no mar para ver se conseguia vislumbrar alguma movimentação que pudesse adivinhar a presença das orcas. Já tinha percorrido mais de cem quilómetros naquelas estradas de terra sem passar por um único carro, talvez por os poucos grupos de turistas, na maioria a viajarem em carrinhas de nove lugares vindas de Puerto Madryn, a cerca de 200 Km, só ali chegarem da parte da tarde. Até que a estrada, em partes com uma camada de pequenas pedras, começou a ter zonas com maior quantidade de pedras soltas e, numa destas, a roda da frente enterrou-se nas pedras, eu acelerei para a levantar e, quando parecia ter a moto quase controlada, “catrapum”, fui parar ao chão. Felizmente, depois de hesitar de manhã, tinha acabado por vir com as calças do fato e botas pois magoei-me um pouco na perna mas foi coisa ligeira. O problema foi que ali não passava ninguém. Tinha água e bolachas de maneira que me sentei no chão e fiquei à espera. Mais cedo ou mais tarde alguém visitaria a zona.
Passado meia hora comecei a ver primeiro poeira no ar, ao longe e depois um carro. Era um casal de italianos que ficaram impressionadíssimos por me verem ali, sozinho, estampado, no meio do nada. Lá me ajudaram a levantar a moto, que tinha as rodas enterradas nas pequenas pedras, e pude seguir viagem. Não tinha percorrido dez quilómetros quando comecei a sentir a frente muito leve e a fugir mais que o normal. Calculei o que tinha sido e ao parar confirmei. O tampão que me tinham posto no pneu de trás em Santiago tinha-se desfeito no trajeto de todo o terreno e o pneu perdia ar muito rapidamente. Sem ter comigo o material para o poder tentar reparar, pois tinha deixado todas as bagagens no Hotel para que a moto fosse mais leve, fui andando com o pneu furado, primeiro a 50 Km/h, depois a 40 e finalmente a 30. Fiz 40 Km até chegar à parte que dava acesso a todas as zonas e comecei a cruzar-me com um ou outro carro que chegavam. Fui mandando parar um e outro para saber se tinham um compressor que me permitisse colocar algum ar no pneu e poder regressar a Puerto Piramides e, finalmente, parei um que tinha um “finilec” que me cedeu com a promessa de lhe deixar um novo na vila antes de partir. Com o spray consegui colocar alguma pressão no pneu.
Voltei a Puerto Pirâmides, fui à bomba de gasolina atestar, encher melhor o pneu e comprar o spray para devolver ao homem, passei no Hostel a carregar as malas rapidamente e arranquei para Puerto Madryn, a cerca de cem quilómetros, como sendo o local mais perto onde me poderiam reparar o furo.



5 comentários:

  1. Estou a ver que 2018 não começou da melhor maneira... Força!

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  2. Repita comigo: não se viaja sózinho!
    Jesus!

    Ana

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    1. Viaja, sim, Ana. As coisas vão-se resolvendo. Lol. Bom ano. Parabéns pela sua nova actividade. Beijinhos

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  3. Estou a seguir atentamente a viagem porque em Out. e Nov. deste ano " tenciono dar uma volta por esses caminhos, (Chile e Argentina)", não de moto, cruzes canhoto mas num todo o terreno com roulotte acoplada "e um bocadinho" mais confortável... Quanto a segurança pelo que leio e tenho lido não há problema?!

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    1. Sim, Francisco, não há problemas de maior. De um modo geral está tudo tranquilo por aqueles lados. Boa viagem

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