7 de abril de 2017

Guatemala City


Cheguei à cidade de Guatemala pelas cinco da tarde e, sem saber onde ficar, decidi ir até ao centro. Eles têm a cidade dividida em Zonas e esta é a Zona1.
Achei estranho ao chegar por ser uma zona de ruas estreitas com péssimo aspecto mas pensei que seria toda a cidade assim e tratei de procurar um Hotel. Numa bomba de gasolina indicaram-me um com tão mau aspecto como a Zona mas que tinha a vantagem de uma garagem onde guardar a moto. No dia seguinte soube que me tinha instalado na Zona mais perigosa da cidade, onde muita gente nem se desloca, principalmente à noite.
Estranhei ao perguntar à menina da recepção onde havia um restaurante onde pudesse jantar e ela responder:
- Se esta zona é perigosa? Sim, é. Há que tomar cuidado.
- Mas não foi isso que eu perguntei.
- Sim, sim. Estou só a chamar a atenção. O único restaurante que está aberto a esta hora fica nesta rua a dois quarteirões, numa esquina do outro lado da rua.
- Obrigado. E lá segui a caminho do restaurante.
Pela primeira vez nesta viagem de volta ao mundo senti verdadeira insegurança. As ruas eram escuras, numa zona muito degradada e sem iluminação alguma. Viam-se vultos a sair de algumas portas, alguns em grupos de dois ou três  e a caminharem pelos estreitos passeios. Eu fui até ao restaurante de passeio em passeio, a atravessar a rua cada vez que vislumbrava um destes pequenos grupos que se cruzaria comigo. Á porta do pequeno restaurante de frango assado estava um guarda de espingarda mas recolhido dentro do restaurante, não fosse ser atingido por uma bala perdida. Os clientes, estranhamente, eram absolutamente normais e pareciam não fazer parte do cenário. Depois do meu frango lá voltei para o Hotel, onde a porta de grades era aberta e fechada de cada vez que um cliente saía ou entrava, saltitando novamente de passeio em passeio por entre a escuridão. A rapariga pareceu feliz por me ver de volta.
Na manhã seguinte encontrei-me com um adjunto do Cônsul Português para o pequeno almoço. Ele tinha-me recomendado um Hotel numa zona sossegada mas como era bastante mais caro nem sequer o procurei. Sendo um Guatemaltenho, queria, essencialmente, saber a opinião dele sobre o trajecto que tinha planeado fazer nas travessia dos outros países da América Central.
Segui visitar a cidade de Antigua, velha capital, a cerca de 30 Km da actual para depois seguir até ao lago Atitlán que me tinham recomendado visitar, por ser rodeado de vulcões.
Antigua, fundada pelos espanhóis em 1543, é uma cidade linda, com as ruas todas em calçada e boas casas e monumentos erguidos pelo invasor. Fica num vale para onde se desce por uma inclinada via rápida.
Parti depois para o Atitlán, um enorme lago que, por o tempo estar enublado não me permitiu que distinguisse bem os vulcões junto à margem oposta. Já perto passei pelo que inicialmente pensei ser uma manifestação de Índios mas que ao ultrapassar verifiquei tratar-se de um enterro, certamente de alguém importante no Clã, pelo volume da assistência.
Almocei junto ao lago com um simpático casal de americanos que me chamou para a sua mesa quando me viram de capacete na mão. Eles tinham vindo até ali numa BMW e pensavam regressar brevemente aos Estados Unidos.
A caminho de Antigua tinha parado num concessionário Honda da cidade de Guatemala para saber se teriam a ferramenta que preciso para reparar as suspensões da moto, sem grande esperança de as encontrar. Eles não as tinham mas confirmaram-me que havia outro na cidade que tinha certamente, prontificando-se a ligar para lá a confirmar. Havendo a possibilidade de fazer a reparação dois dias depois, ficou marcada a operação tendo eu regressado à capital no dia seguinte a ficar junto ao lago.



1 comentário: