14 de dezembro de 2015

Airlie Beach


Em Cowley Beach fui parar a um “camping” de fraca qualidade, numa praia quase ao abandono mas em que a senhora era simpática.
Quando perguntei se tinha wi-fi riu-se. “Nãao. Aqui não se apanha nada disso” Ela fez o preço na hora e perguntou-me:
- “o que acha de 10 dólares ?”
- “acho bem”.
Até as maquinas de lavar a roupa levavam só 3 dólares em vez dos habituais 4.
Aqueci qualquer coisa que levava comigo mas quando estava a meio do jantar começou a chover e lembrei-me que tinha a roupa a secar. Parecia uma dona de casa atarantada a correr recolher a roupa com o jantar a arrefecer.
 No dia seguinte fiz a mala com a roupa húmida e arranquei pelas nove e meia.
Percorri perto de 500 Km e cheguei a Airlie Beach, que tem um ambiente fantástico. Uma vila pequena mas com muito comércio, casas e apartamentos com bom aspecto, junto ao mar e nada menos que três marinas repletas de barcos de todos os tamanhos e feitios. Não espanta. Ali à volta há um grupo fabuloso de ilhas e o famoso Great Coral Reef.
Montei a “barraca” no bem organizado “camping” local. O espaço reservado aos “unpowered”, aqueles que não têm roulottes ou autocaravanas para ligar à eletricidade, era em terra com muitas árvores repletas de pássaros. Durante a noite ouvia uma ou outra discussão entre eles mas, a partir das cinco da manhã, quando nascia o sol, era um regabofe pegado. Um barulheira de conversas cruzadas com muitos piares distintos. Alguns pareciam estar a rir-se às gargalhadas, qual grupo de jovens a contarem as aventuras da noite anterior. Apetecia sair da tenda e gritar para a copa das árvores: “shut the fuck up. There are people trying to sleep, here”.
No primeiro dia que por ali fiquei comecei por dar um mergulho na boa e pouco concorrida piscina do parque,  onde fiquei a ler um pouco. Fui depois até à praia, onde tinham uma zona protegida por redes contra tubarões e, principalmente, para reterem as tais alforrecas assassinas.
Pela hora de almoço peguei na moto e fui visitar uma praia cerca de cinquenta quilómetros a Norte. É estranho como há zonas que estão bem exploradas turisticamente e outras, muito perto, quase abandonadas. Dingo Beach está como a terão deixado há décadas atrás, com casas de fraca qualidade e quase deserta. Um pequeno barco à venda na rua com ar de ninguém lhe pegar e um café restaurante onde o dono fez uma cara de perturbado quando lhe disse que queria comer qualquer coisa e me mandou falar com a mulher que me acabou por vender um pequeno filete em cima de um monte de batatas fritas oleosas por 15 dólares. O homem tinha entretanto abandonado o bar para se sentar ele a almoçar num canto de restaurante mas a senhora lá acabou por vir também ao bar tirar-me a cerveja.
A seguir ao almoço fiquei por ali a ler e dei um passeio a pé pela praia onde não se podia tomar banho pois a rede protetora estava  desfeita e podre.

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