Finalmente, tudo
pronto para entrar em Myanmar, ou Birmânia como os ingleses e Americanos lhe
continuam a chamar.
Às 7,45 estava a
sair do Hotel a caminho do escritório da emigração em Moreh, uma barraca de
telhado de zinco sem janelas. O responsável, a quem tinha mostrado o mail que
recebi do governo de Myanmar a confirmar a chegada do guia na manhã anterior,
quando o encontrei no internet café local, disse que mesmo assim teria que
enviar o emissário comigo ao outro lado da fronteira para confirmar se o meu
guia sempre lá estava.
Passados meia
dúzia de quilómetros vi que a situação era insustentável e ultrapassei o guia.
Só que ainda tínhamos que parar na primeira cidade a levantar um registo
provisório da moto. Com o papel na mão, uma autorização para atravessar o país
com o numero de registo 001, comuniquei-lhes que nos encontrávamos em Mandalay,
a 500 Km de distancia, que eu iria à frente.
Ainda percorri
uns 80 Km em estrada alcatroada razoável mas depois tinha um troço pela frente
, com mais de 300 Km, tipo etapa de
Dakar, numa pista de terra batida muito degradada.
Com a moto mais
leve, por ter deixado as malas no carro do guia, diverti-me bastante, mesmo se
a “Cross Tourer” pesa 300 Kg com o depósito cheio contra os 150 Kg das motos do
Dakar.
Aquele troço é a
única entrada em Myanmar para quem vem da Índia mas, como eles têm a fronteira
praticamente fechada, tem muito pouco movimento. Uns poucos camiões e meia
dúzia de jipes e carrinhas de transporte de pessoal.
Começou a
anoitecer e a situação tornou-se mais complicada. Com o entretimento tinha-me
esquecido de comer e ainda não tinha encontrado lugar onde trocar dinheiro,
pelo que não tinha um tostão da moeda deles.
À borda da
estrada por vezes haviam miúdos a chocalharem umas caixas numa espécie de
peditório de “pão por Deus”. Só que, neste caso, eles recolhem dinheiro mas
oferecem bolos, fruta e águas.
Parei num deles
e, mesmo explicando que não tinha um tostão, ofereceram-me duas bananas que
representaram o meu almoço.
Passadas duas
horas parei junto a outro peditório e comi outra banana à borla.
Pelas nove da
noite apanhei uma zona de areia mole , a Honda enterrou a roda da frente e...
“pumba”, caí para o lado. Não estava ninguém por perto e, sozinho, não consegui
pôr a moto em pé. Desliguei as luzes para não gastar bateria e só então reparei
que estava uma noite linda, com 20º de temperatura e um céu estrelado
maravilhoso, como já não via há muito.
Por ali fiquei à
espera que viesse jipe ou camião. Passado um quarto de hora vi umas luzes ao
fundo e voltei a ligar a ignição, para quem quer que fosse me ver a bloquear a
estrada com a moto.
Uma carrinha
cheia de pessoal parou junto à moto mas, talvez com medo que aquilo pudesse ser
uma armadilha, só o condutor saiu, depois de alguma hesitação. Ajudou-me a
levantar a moto e lá pude seguir viagem.
Estou por aqui, cá vou lendo. Aqui continua a chover sem parar e frio. Parece que ainda vai arrefecer mais mas teremos sol no fim de semana.
ResponderEliminarBoa viagem.