Para atravessar a
praia foi um festival parecido com o da chegada mas desta vez correu melhor porque
era a descer. Embalei de cá de cima e passei primeiro a parte em que tínhamos
posto as pranchas para depois entrar na areia mole onde acabei por cair mas já
perto da margem. O barqueiro ajudou-me a levantar a moto e a partir daí foi
fácil.
A menina do bar
da praia, com quem tinha acabado a noite no dia da festa, veio ao terraço da
esplanada despedir-se com um ar amuado, por eu partir sem dizer nada.
Na margem do lado
continental a subida de saída não tinha tanta areia mole mas era muito íngreme.
Tomei balanço e, estava quase no topo quando a roda da frente prendeu numa raiz
de árvore e votei a cair. Desta vez empenei a maneta do travão e magoei-me numa
perna que no fim do dia estava com um inchaço.
Fui direito a uma
bomba de gasolina pois já estava no fim da reserva depois dos passeios a três
pela ilha e parti rumo à fronteira com o Cambodja, a uns 30 Km.
Pediram-me o
Carnet para a moto, que já não usava desde a Índia. Tratei do visto e
despachei-me com bastante rapidez.
Quando saí
perguntei ao guarda de que lado da estrada circulavam ali pois eu tinha acabado
de atravessar dois países onde se circula à direita mas sabia que, pelo menos
na vizinha Tailândia, circulam à esquerda. O guarda não percebeu a minha
pergunta e mandou-me seguir pela esquerda, creio que para dizer que eu não
precisava de entrar nas instalações da Alfandega, do lado direito.
Arranquei pelo
lado esquerdo de uma estrada deserta e, passados uns quatro quilómetros, por
sorte, o primeiro veiculo que encontrei era uma moto que circulava no mesmo
sentido que eu mas do lado direito da estrada. Passei para o lado direito e, um
ou dois quilómetros à frente um jipe em sentido contrário veio confirmar que
agora é que estava na faixa certa.
Tinha percorrido
uns dez quilómetros desde a fronteira quando surgiu o desvio para a estrada que
pretendia apanhar, a caminho de uma floresta que é reserva natural e que tinha
curiosidade de visitar.
A estrada era de
terra com algumas partes em bom piso mas outras bastante degradadas. Seria
impensável passar aqui na época das chuvas. Nas partes em que o piso estava
melhor podia rodar a 70/80 Km/h em quinta mas às tantas apanhei um buraco maior
sem estar à espera e a mala esquerda, a tal que tem o suporte inferior partido,
saltou do sítio e voltou a raspar no pneu. Rapidamente a recoloquei na posição
certa e segui viagem. Pelas duas e meia da tarde parei junto a uma barraca onde
vendiam bebidas e pouco mais. Comprei uma manga verde e uma garrafa de sumo que
foram o meu almoço. A menina, quando me viu a fazer uma careta pela acidez da
Manga, ofereceu-me um frasco com uma colher do que me pareceu ser açúcar. Achei
boa ideia e pulverizei a Manga com aquilo. Acho que também tinha açúcar só que
além disso tinha qualquer coisa muito picante. Dei uma dentada e fiquei-me por
ali, com o ar divertido da miúda da loja e de outra que, do outro lado da mesa,
dava de mamar ao filho.