Can Pak Bera fica
a menos de cem quilómetros da fronteira com a Malásia. Deixei o Hotel perto das
onze horas e, ao parar numa bomba de gasolina, um homem da minha idade olhou
para a moto e para os meus cabelos brancos e, com um ar sorridente, veio
apalpar-me os músculos dos braços.
Fiquei só com 380
Bhats no bolso, o equivalente a cerca de 10 euros. Quando cheguei à fronteira,
depois de tratar do Carnet da moto fui carimbar o passaporte mas o guarda olhou
para o meu visto e disse-me que tinha caducado no dia anterior pelo que deveria
pagar 500 Bhats, a tabela por cada dia de atraso. Disse-lhe que já só tinha
380, se não me fazia um desconto mas ele com cara de poucos amigos devolveu-me
o passaporte e disse ou paga 500 Bhats ou não passa. Uma rapariga Israelita,
bem gira por sinal, ao ouvir a conversa deu-me os 120 Bhats que faltavam.
Fiquei-lhe imensamente agradecido e trocámos contactos.
A paisagem do
norte da Malásia está ao nível da Tailândia, com muita vegetação, assim como a
chuva, que este ano decidiu ficar por mais tempo e voltou a cair-me em cima,
com força, pouco depois de entrar no país.
O primeiro
aspecto curioso que nos salta à vista é que, à semelhança dos Americanos, os
Malaios têm o habito de ter uma bandeira do país hasteada à porta de casa. Isto
ainda é mais caricato pelo facto de a bandeira da Malásia ser muito parecida
com a americana, com as mesmas riscas
encarnadas e brancas, diferenciando-se apenas na parte em que ambas têm o fundo
azul mas onde as estrelas dos estados americanos aparecem substituídas por um
sol e uma lua. Se pensarmos que isto é um país onde a grande maioria da
população é muçulmana, o que se traduz, normalmente, num ódio aos americanos,
ainda mais insólita é a situação.
Como entrei na
Malásia sem um tostão em moeda local nem sequer dinheiro Tailandês, tendo
apenas os 1500 dólares que transporto escondidos na moto para qualquer
emergência, parti em direção à cidade mais próxima para procurar uma caixa
multibanco. Ainda sem mapa do país utilizei a bússola do GPS para voltar para
perto da costa ocidental de onde pretendia seguir para sul. Depois de levantar
moeda Malaia em Simpang Ampat parei junto a uma pequena feira onde comi uma
espetada de caranguejo e umas batatas fritas como almoço e segui junto à costa
na esperança de encontrar um hotel onde ficar, por já serem quatro da tarde.
Mas, fui andando, com vários desvios para estradas secundárias junto ao
estreito de Malaca, e nada.
Perto das seis da
tarde e quando já começava a escurecer, depois de ter perguntado a várias
pessoas que me diziam não haver nada por perto, recorri ao GPS que me indicava
um Hotel 10 Km para sul. Lá segui o que o aparelho me disse, como habitualmente
com a distancia a passar para o dobro, e cheguei a um “resort” com um aspecto
frio e desconfortável, com ar de pertencer ao estado, dentro da floresta. Na
recepção fui atendido por duas mulheres de cabeça tapada, uma baixinha e magra
e outra gorda e alta, que se mostraram muito divertidas com a minha presença e
quiseram logo aprender como se dizia “welcome” em português e “how are you?”
-
À
noite não.
-
E de
dia?
-
De
dia também não.
Um empregado que
estava por perto e ouviu a conversa contradisse:
-
Eu
costumo ver aqui uns macacos pretos com uma rodela branca à volta dos olhos e
um rabo muito comprido que saem de uma grande árvore, perto do “bungalow” onde
vai ficar, pelas sete e meia da manhã e regressam ao pôr do sol.
A mulher ainda ficou mais divertida. Trabalha ali há tantos anos e nunca
tinha ouvido falar em tais espécimenes. A ver se os vejo amanhã.
Ahahaha, gostei dessa dos macacos, a ver se não lhe roubam alguma coisa.
ResponderEliminarBeijinhos deste rectângulo a beira oceano Atlântico.
Ana