Em Ranong jantei
a melhor refeição desde que estou na Tailândia . Foi num restaurante que me
indicaram no Hotel onde estava a ficar. Era um sítio sem grandes requintes, com
um sistema em que os clientes iam a um buffet buscar os ingredientes crus para
depois os cozinharem na mesa com um
sistema em que por cima de um pote de brasas colocavam uma peça em cobre onde
se fritava na parte central ou cozia na água que estava à volta. Um dos
segredos do sucesso do local era a qualidade dos produtos que tinham no tal
buffet cru. Comi um peixe cozido com legumes fantástico.
No dia seguinte
parti para a ilha de Phuket já sem chuva, o que me soube lindamente. Estava
farto de apanhar água e, embora o fato que tenho da Spidi seja excelente e não
a deixe passar, acaba sempre por entrar para as malas, uma delas com a parte
de alumínio furada, após um dos acidentes na Índia. Visitei uma ou outra praia
pelo caminho, tendo aproveitado para almoçar numa esplanada à beira mar duma
delas e, da parte da tarde, apanhei uma fantástica estrada de montanha em bom
piso, de curvas rápidas que me deu imenso gozo percorrer.
Em Phuket, pelo
que me tinham contado, já estava à espera do pandemónio que encontrei.
Construção de má qualidade e desenfreada nas bordas da estrada com todo o tipo
de negócios que se pode imaginar para sacar algum ao turista mas, obviamente,
sem faltar uma casa de massagens quase porta sim porta não, com as meninas à
porta a chamarem os clientes.
Fui até à zona da
praia de Patong, a mais movimentada da
ilha e, ao parar junto a uma espécie de quiosque para beber uma cerveja, um
grupo de ocidentais, impressionados com a moto, fez-me sinal do restaurante em
frente e, mais tarde um deles, suíço, veio ter comigo. Disse-me que alugava
quartos em casa dele, no melhor local da vila e que, se eu quisesse lá ficar me
fazia um preço especial.
Instalei-me em
casa deste simpático suíço. Da parte da tarde veio mostrar-me o mercado, o
centro comercial e, de um modo geral, como funcionava a cidade. Jantámos numa
tasca local.
Constatei que há
muitos suíços que para aqui vêm viver o que não me admirou. Quando aqui chegam
para passar férias vindos da pasmaceira de Genéve ou Lausanne ficam “embebedados”
pelo clima e as mulheres e já não saem de cá.
Muitos deles
casam com Tailandesas mas, como nós acidentais perdemos a técnica de saber
manter um casamento, a maioria acaba por se divorciar.
Depois do jantar
o Ernest mostrou-me a vida noturna e bebemos um copo num bar de um amigo dele.
Nesse aspecto tudo se resume praticamente a uma rua de bares, vedada ao
transito, que é uma espécie de cabaré gigante. Nos bares cheios de “néons” meninas
dançam em cima das mesas para chamar os clientes, algumas vezes agarradas a
postes metálicos, ou vêm-nos buscar à rua. Como nunca faz frio os bares e
restaurantes não têm a parede da frente e são assim abertos para a rua, muitos deles com música
ao vivo. Uma festa constante e muito animada.
O Ernest
explicou-me que o cliente pode beber um copo num bar e escolher a menina que
quer levar para casa nessa noite. Se a levar antes do bar fechar paga também
uma comissão ao bar além do preço negociado com a menina que, em função da sua
beleza, varia entre os dois e os três mil Bahts, qualquer coisa como 50 a 75
euros. No fundo chegamos à conclusão que, tal como os produtos da Macintosh, a
prostituição tem um preço quase fixo em todo o mundo.
O local está
repleto de turistas que as compram por uma noite ou vários dias. Pelas praias,
ruas e restaurantes vemos centenas de casais em que o homem é um turista
ocidental e a mulher tailandesa.
Felizmente não vi
pedofilia na ilha, que parece ser um dos problema que o regime militar
ditatorial, que governa o país desde que, no início do ano os partidos
democráticos não se entenderam, envolvendo-se em disputas sanguinárias,
resolveu.
Aliás, por muitos
defeitos que tenha este sistema parece ter posto mais ordem no país. Aqui em
Phuket, por exemplo, os bares e cadeiras de aluguer que havia nos areais das
praias eram ilegais e explorados pela mafia local. O militares destruíram tudo.
Agora terão que resolver o problema por estar a chegar a época alta e os
turistas não terem onde se sentar nas praias mas, pelo menos, correram com a
mafia do local.
Embora não haja
muito crime nestes países maioritariamente budistas outro processo que deu
muito que falar a semana passada foi o de um revisor de comboio que foi
condenado à morte apenas três meses depois de ter cometido um crime em que
violou uma miúda de 13 anos, assassinou-a e atirou o corpo pela janela do
comboio. Embora não concorde com a pena de morte, não só por
considerar que o homem não tem o direito de tirar a vida a outro, seja por que
razão for, como por a considerar uma pena mais leve que uma de prisão perpétua
ou até de 25 ou trinta anos, a maioria da população aqui achou que se fez
justiça e estão até satisfeitos com muitas das ações deste regime ditatorial.
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