A viagem começou
com um tempo fantástico e, no pontão da frente, adormeci ao sol na parte da
viagem em que já nos tínhamos afastado da ilha e estávamos ainda longe das
espalhadas pela outra margem para as poder observar. Íamos a meio caminho
quando no horizonte se começou a vislumbrar uma tempestade, com o céu preto e o
mar mais agitado. Quando entrámos naquela zona veio uma chuva que foi
aumentando muito de intensidade e o vento começou a soprar muito forte. Eu era
dos poucos passageiros que estava cá fora. Agarrei o livro e a toalha que
trazia mas perdi o chapéu que tinha comprado na ilha no dia anterior para me
proteger a careca. A situação piorou e acabei por entrar na cabine. No interior
estavam umas 30 pessoas, a maioria com ar preocupado enquanto duas japonesas,
praticamente em pânico, vestiam os coletes de salvação a preverem o pior.
Armado em lobo do
mar tentei acalmá-las dizendo que aquilo não era nada e que não corríamos
qualquer perigo, o que até era verdade. No entanto, os pequenos barcos que eram
suposto colher alguns dos passageiros pelo caminho, como se tinha passado na
ida, não apareceram devido ao temporal e acabámos por ter que arrancar para o
porto de onde eu tinha saído na manhã do dia anterior com todos os passageiros
a bordo.
Quando chegamos
ainda chovia, embora com menos intensidade e era quase noite de maneira que me
voltei a instalar em Krabi, desta vez num “bungalow” de borda de estrada junto
à praia, por ser mais barato que o parque onde tinha ficado duas noites antes.
Na manhã seguinte
chovia um pouco e acabei por sair já perto das onze, a caminho da ilha de Ko
Lanta que já duas pessoas me tinham recomendado vivamente e que fica a pouco
mais de cem quilómetros. Depois de atravessar um primeiro Ferry para a ilha
mais pequena andamos meia dúzia de quilómetros para entrar num segundo que nos
leva à ilha maior. Este ultimo deixará de existir em breve, o que é pena, pois estão a construir
uma ponte que junta os cerca de 200 metros que separam as duas margens.
Enquanto isso não acontece o preço do bilhete para os dois ferries, incluindo a
passagem da moto, são o equivalente a um euro.
Quando saímos de
dentro de água e eu voltei a vestir o fato da moto senti uma coisa dentro de
uma das botas que ao princípio pensei tratar-se de um bocado de terra e
ignorei, só que se começou a mexer. Tirei a bota e saiu de lá um caranguejo,
ainda vivo. Rimo-nos da situação e despedi-me das miúdas.
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