No Domingo, depois
de passar numa estação de serviço a dar uma lavagem à moto, já sem a companhia
da Maria, fui tratar de mudar os retentores da suspensão da frente da “Cross
Tourer” e substituir um parafuso dum suporte da peseira de trás esquerda e
depósito de bomba do travão traseiro, que se tinha partido,
Como referi há
dias a fuga de óleo na suspensão da frente ainda era causa das terríveis
estradas que apanhei no norte da Índia e na Birmânia mas como não tinha cá os
retentores acabei por fazer a volta à Tailândia com a minha filha a perder óleo
da suspensão.
Para a operação fui
ter com os tipos da “Big Wing”, que só vendem Hondas de alta cilindrada e têm
instalações que fazem inveja à maioria das europeias.
De início
disseram-me que só reparavam motos vendidas por eles mas, enquanto eu bebia um
sumo e um bolo no bar que ali tinham, reconsideraram e o gerente veio dizer-me
que, como caso excepcional, aceitavam fazer o trabalho na minha moto.
O problema é que
não sabiam como e, depois de verificar que a desmontagem das bainhas de suspensão
estava a demorar muito, fui lá dentro ver o que se passava. Dois mecânicos
olhavam para as instruções do fabricante
e para uma das suspensões, meio desmontada, sem saberem como prosseguir
o trabalho.
Como eu tinha
feito um mini curso de como substituir os retentores da suspensão na Honda em
Portugal e já tinha feito o trabalho uma vez na Índia, acabei por fazer de professor
de mecânica. Mais dois mecânicos juntaram-se à obra e os quatro, seguindo as
minhas instruções, lá desmontaram a suspensão e substituíram os retentores,
colocando depois óleo novo no sistema. Foi uma aula de que não mais se
esquecem.
Como as estradas
na Tailândia são de bom piso e a maioria dos clientes acabam por fazer poucos
quilómetros (só vi motos de maior cilindrada em Bangkok) eles nunca tinham tido
que substituir uns retentores de suspensão.
Encontrei um
Hotel onde fiquei a cem metros da “Big Wing” e, no dia seguinte, arranquei rumo
a sul, a caminho da Malásia.
Nesse dia tive a
sensação que andei quase sempre dois ou três quilómetros atrás da chuva porque,
na maior parte do percurso, a estrada ainda estava molhada mas já não chovia. A
sorte não podia durar sempre e, quando estava próximo de Hua Hin apanhei uma
boa dose de água em cima. Como eram quatro e meia da tarde resolvi ficar por
ali.
Hua Hin, tal como
a vizinha Cha Am é uma vila costeira onde muitos dos habitantes de Bangkok vêm
passar férias, mas sem grande graça. Aquela parte da Tailândia é das raras que
não tem muita vegetação e a vila em si não é atrativa. Instalei-me num Hotel no
centro da vila e, pelas oito e meia da noite fui à procura de um restaurante
para jantar. Atravessei a rua e encontrei um bar/restaurante com bom aspecto. O
dono, um Inglês dos seus sessenta e poucos anos, rabo de cavalo e barriga a
condizer, veio receber-me à porta de copo de vinho tinto na mão. O
estabelecimento era pequeno mas quatro empregadas movimentavam-se de um lado
para o outro sem clientes para servir. Uma quinta, dos seus trinta e cinco anos
bem conservados, que acompanhava o proprietário e um amigo com um enorme balão
de vinho tinto, veio apresentar-se como gerente e aconselhar-me a voltar lá na
sexta feira que era a “ladies night”. Pela forma como o patrão lhe agarrava a
cintura e beijava o pescoço pareceu-me ser mais que gerente.
Saí dali pelas
nove e meia da noite e decidi explorar a movimentada rua. Era composta por uma
série de bares e restaurantes, muitos visivelmente propriedade de europeus que
ali se decidiram instalar, repletos de miúdas e travestis a chamarem-me para
cada um deles.
A prostituição é
um grande negócio na Tailândia. Movimenta milhões, representando, segundo os
últimos números, 3 a 4% do PIB. Existe principalmente nos locais turísticos
pois os melhores clientes são estrangeiros. Por todo o lado se vêm rapazes da
minha geração acompanhados de raparigas locais com menos vinte ou trinta anos e
algumas vezes miúdos nos seus trintas, com raparigas das mesmas idades. Algumas
giras mas muitas “de fugir”. Ainda no outro dia comentei com a minha filha o
caso de um inglês, dos seus trinta e poucos anos, com bom aspecto, que estava
no nosso Hotel ao pequeno almoço acompanhado por uma Tailandesa gorda e feia
que metia medo ao susto. Ele estava com uma cara de quem não se tinha bem
apercebido com quem tinha dormido e só com a luz da manhã se tinha consciencializado
da situação em que se encontrava. Imaginei aquele miúdo a encomendar pela
Internet uma miúda maravilhosa e entregarem-lhe aquele estafermo, na escuridão
da noite, já depois de ter bebido três litros de cerveja.
Só no dia
seguinte ao pequeno almoço percebeu onde se tinha metido e a cara dele não
enganava ninguém. Suponho que nestes casos não se aceitem reclamações.
Comento? Não comento?
ResponderEliminarGostei da parte da aula de mecânica, e cobraram-lhe o serviço ou cobrou-lhes a aula ou ficou ela por ela?
Quanto às miúdas, ao estafermo, à feia e gorda e de meter medo ao susto não digo nada ;)
Bjs
Ana
Ha, ha. É que era mesmo feia, Ana.
ResponderEliminarCobraram-me só um quarto da mão de obra mas realmente eu devia ter apresentado a conta da aula.