Ontem à noite,
tinha adormecido há pouco mais de cinco minutos no pesadelo daquele Hotel
quando dei um salto da cama ao acordar com uma enorme explosão. Pensei que
fosse uma bomba terrorista junto à esquadra da polícia, ali perto. Saí do
quarto em calças de pijama e tronco nu e vim cá abaixo ver o que se passava. Os
empregados estavam calmos e um deles disse-me que deveria ter sido um pneu dum
camião a rebentar. Nunca vi nada assim.
Esta manhã voltou
a reunir-se uma multidão à porta do Hotel para me verem partir, ainda não eram
nove.
Segui pela
estrada de ontem a caminho da fronteira com o Butão com a grande vantagem de
esta parte da estrada ter muito menos camiões. Depois, à medida que o transito
diminuía, também o piso ia melhorando. A uns 40 Km da fronteira vi um letreiro a
anunciar um Lodge numa reserva animal, no meio da floresta. Entrei para beber
uma água e ver como era. Ainda pensei ali ficar dois dias a descansar da “sova”
que tinha levado no dia anterior mas quando me disseram que a época de Safaris
estava fechada e só abria dentro de dois dias, decidi arrancar.
Na alfandega de
saída da Índia perguntaram-me se já tinha o visto para o Butão e quando disse
que não disseram que não me podiam carimbar a saída. O oficial indiano informou-me
que teria que tratar pela Internet e demoraria 15 dias.
Decidi então ir
falar com os homens da alfandega do Butão. Pedi aos guardas que me deixassem
passar e expliquei ao chefe da alfandega que não poderia esperar quinze dias.
Simpático, mandou-me ir ter com uma agencia de viagens do Butão, do outro lado
da rua, que não acreditaram que o chefe da Alfandega me tivesse lá enviado. A
dona mandou um empregado comigo junto de chefe confirmar a situação e depois
disse-me que conseguiria o visto em duas horas. Não se lembrou foi que é
feriado no Butão este Sábado e segunda pelo que só o terei na terça.
O Butão é
supostamente o país onde a população é a mais feliz do mundo. A brochura que me
entregaram sobre o país tem mesmo uma frase elucidativa: “A felicidade é um
lugar”. Tenho muita curiosidade em saber se sentimos essa felicidade nas ruas.
Só que a curiosidade paga-se caro e ali não querem visitantes pobres.
O visto custa 40
dólares o que é um valor normal mas, por cada dia que um turista passa no país
cobram, logo à entrada, 290 dólares. Sim, 290 dólares americanos. Sabia que
havia uma verba a pagar ao redor de 200 dólares mas não pensei que fosse tanto.
Viajantes em grupo pagam “só” 250. Tinha ideia de ficar três ou quarto dias
mas, tendo em conta o valor, pedi visto só para duas noites. Entro na terça e,
quinta feira ao final do dia tenho que estar de saída. Espero que a ideia não
pegue noutros países.
A boa notícia é
que com esse valor não gastamos mais um tostão. Ele inclui o Hotel, a
alimentação, entradas em espaços públicos como museus, etc. e até um guia para
nos acompanhar, que vou pedir que esteja só nas cidades que vou visitar. Até a
gasolina para a moto está incluída no pacote. Não deixa de ser muito caro. Os
naturais dos países vizinhos, Índia e Bangladesh, estão isentos deste pagamento
para além dos das Maldivas, vá-se lá saber porquê. Provavelmente é onde o rei
do Butão costuma ir passar férias.
Lá deixei os 620
dólares com a dona da agencia e voltei cerca de 30 Km atrás para o Lodge na
floresta, onde me instalei.
Aqui não há
internet e para conseguir ver os mails desloquei-me à aldeia mais próxima onde
um miúdo tem um “internet café”, com um único e velho computador que me parece
estar livre a maior parte do tempo só que, estava há pouco mais de 20 minutos
na Internet, prestes a mandar uma mensagem à minha filha, quando a eletricidade
acabou na aldeia. O miúdo disse que às vezes era só durante 15 minutos mas como
não regressou passada meia hora voltei ao Lodge e tento novamente amanhã.
Este Lodge, que
pertence ao estado, não tem o “charme” daquele em que fiquei no Nepal mas pelo
menos tem bons quartos e relativamente limpos, boas refeições e custa o
equivalente a 25 euros por dia em pensão completa. Sou muito bem tratado e
agora até me vieram perguntar se queria que levassem amanhã o pequeno almoço ao
quarto.
Que luxo!
ResponderEliminarAna