Hoje de manhã saí
do Lodge na floresta às nove a caminho da fronteira com o Butão, na esperança
de ter o visto pronto quando lá chegasse.
Os cerca de 30 Km
aqui são de boa estrada, alcatroada recentemente, à parte cerca de 2 Km que
ainda estão em terra. Pelo caminho passei por enormes plantações de chá, uma
planta que tem pouco mais de um metro de altura mas que forma uma espécie de
tapete em altura que parece ter sido aparado. Pelo meio algumas árvores que têm
ar de serem estrategicamente colocadas para não deixarem o sol queimar as
folhas do chá e, provavelmente, manterem a humidade.
Os guardas do portão de entrada no Butão
reconheceram-me pela moto e nem perguntaram onde ia. O visto não estava pronto
mas ainda bem que lá fui logo de manhã porque a mulher da agencia tinha-se
esquecido da cópia do meu passaporte em casa e lá foi tirar outra para enviar
por fax a um colega em Thimphoo, a capital, para ele ali obter o visto. O
processo começou a atrasar-se e, estando
a pagar 290 dólares por cada dia no
Butão, pedi que fizessem o visto só a partir de amanhã para poder entrar no
país logo pela manhã e ter tempo para visitar as duas cidades onde quero ir.
Depois de
confirmar que estava tudo encaminhado perguntei por um Hotel na pequena cidade
do lado Indiano da fronteira e um dos empregados da agencia foi de carro à
minha frente até lá. Estranhei logo porque o Butanês, em vez de atravessar a
estrada onde estávamos, houvesse ou não traço contínuo, andou pela via esquerda
uns 200 metros para cima para dar a volta numa rotunda. Confirmei este espírito
suíço tão contrastante com o dos indianos onde, simplesmente, não há regras de
transito quando, da parte da tarde, voltei à agencia para recolher o visto.
Como costumo fazer aqui na Índia nestes dias de calor em pequenas distancias, ia
na moto em mangas de camisa e sem capacete. Os guardas da fronteira do Butão
mandaram-me parar e disseram-me que não poderia entrar no país sem capacete. Eu
expliquei-lhes que ia só parar a moto cinquenta metros à frente para levantar o
visto na agencia mas eles nem puseram essa hipótese: “Não. Não pode passar este
portão sem capacete”. Pedi-lhes então para deixar ali a moto à entrada e
acederam sem problema. O contraste parece abismal. Ainda aumentou mais a minha
curiosidade. Será que a felicidade extrema inclui cumprir as regras
escrupulosamente? Imaginava mais um local que dizem ser a própria felicidade
como uma espécie de anarquia mas em que todos se respeitassem.
Entretanto hoje,
aqui na Índia, é dia de “Vishwakarma”, o Deus dos Engenheiros, como me dizia há
pouco o recepcionista do Hotel. É dedicado a tudo o que é maquinaria e então
muitos carros andam com cordões de flores penduradas enquanto aqui no largo do
Hotel montaram vários altares dedicados a este Deus, alguns com aparelhagens de
música aos berros, outros com coisas doces com que intoxicam as crianças e
outros nos quais as pessoas simplesmente entram e fazem uma pequena reza,
certamente a pedir que o carro podre resista mais um ano.
Então Bom dia de“Vishwakarma”, para si ó Eng.Sande e Castro.
ResponderEliminarDois dias chegarão? Mas há tanto para ver aí no tecto do mundo...
Tudo de bom!
Ana
Foram duas noites e três dias que valeram muito a pena. Beijinhos
ResponderEliminarGostaria de fazer um "passeio" destes como tu estás a fazer, mas não sei se seria capaz de aguentar, hoje em dia, já quase sexagenário, todas essas "aventuras" porque tens passado -andar para trás, para a frente, põe o capacete, etc etc etc
ResponderEliminaroBS - Como quem não quer a coisa, e só para nós, vai ao Fb do Alexandre, e em mensagem particular pergunta-lhe pela namorada - ele vai logo saber que fui eu que me abri, mas não faz mal