Quando deixei a
cidade, passei no famoso Prambanan Temple, que fica uns 18 Km para oriente, na
direção em que depois pretendia seguir. Só que, para apanhar a estrada
principal à saída do Templo o GPS, como muita vez o faz, obrigou-me a dar
voltas e voltinhas por estreitas ruas secundárias, muitas delas cheias de transito,
de maneira que me atrasei bastante. Da parte da tarde apanhei depois uma
fantástica estrada através da montanha que, felizmente, não tinha muito
transito e deu-me imenso gozo o passeio que variava entre bom e mau piso e
estradas mais ou menos sinuosas. Voltava a utilizar a sexta velocidade que até
ali tinha engrenado apenas uma meia dúzia de vezes desde que entrara no país,
tal é o congestionamento usual das estradas na Indonésia, principalmente nesta
ilha de Java.
Só que, quando
circulava em sexta a uns 110 Km/h apanhei uma lomba inesperada, a moto levantou
voo e quando aterrou a mala do lado esquerdo, que tem um dos apoios partidos
desde os desastres na Índia, saltou fora e foi a arrastar umas boas dezenas de
metros pelo alcatrão. Felizmente não se estragou mais do que estava. Voltei a
colocá-la no sítio a arranquei. O passeio estava maravilhoso mas começou a
anoitecer e não me aparecia um hotel à frente. Também não tinha comido mais
nada depois do pequeno almoço porque aqui, ao contrário da maioria dos países,
não se encontram bancas de fruta na estrada.
Procurei numa
cidade um pouco maior por onde passei mas o único hotel ainda estava em
construção. No GPS indicava o mais próximo a cerca de 30 Km de maneira que fui
à procura desse já noite dentro. O problema foi que o trajeto era uma sinuosa estrada de montanha onde a chuva
tinha arrastado lama para o alcatrão e, para piorar a situação, a chuva
regressava. Percorri estes 30 Km com noite cerrada e muita escorregadela na
lama, mesmo a baixa velocidade.
Por fim lá
cheguei a um Hotel de fraca qualidade mas que tinha um duche quente e uma
galinha com massa para o jantar que até nem estava nada má. No supermercado do
outro lado da rua encontrei um gelado para sobremesa.
Nesta zona
central da ilha de Java há muito pouco turismo e é raro encontrar quem fale
inglês. Neste hotel de província ninguém “arranhava” sequer de maneira que,
para o pequeno almoço do dia seguinte, depois de verificar que não tinham pão,
tive que me contentar com o que me deram, ou seja um caldo de carne com bocados
de carne dentro e batatas fritas de pacote partidas, a boiarem.
Arranquei depois
pela mesma estrada secundaria que ali me tinha levado e que, em algumas zonas,
passava junto à costa. O estado do piso variava bastante ao longo do percurso
mas de um modo geral era uma estrada que deu gozo fazer e tinha uma bonita
paisagem à volta. Às tantas, do alto da montanha, vi uma praia lá em baixo. Dei
lá um salto. Estava deserta e a manhã de sol linda de maneira que aproveitei
para tomar um banho nu. Quando voltava à estrada encontrei um sinal que
indicava uma reserva de tartarugas e dei lá um salto. Um homem informou-me que
as recolhiam em pequenas para as entregarem ao mar em adultas mas só vi cerca
de uma dúzia de bebés tartaruga e três animais já com uns 50 cm de comprimento.
Pelas três da
tarde parei junto a um homem com uma banca de estrada que vendia uns frutos do
tamanho de ananases pequenos mas em que a casca é de picos. Pedi para me abrir
um e comi aqueles bocados de polpa com caroços no meio que odiei mas serviram
de almoço. Apanhei depois a minha dose diária de chuvada forte e, pelas cinco
da tarde, cheguei a Malang, uma cidade agradável por conservar uma temperatura
mais moderada, influenciada por ventos marítimos e outros vindos das altas
montanhas dos arredores e com um centro onde os jardins públicos estão bem
tratados.
Na manhã seguinte
fui visitar um mercado de pássaros onde, curiosamente, tingem os pintos de
várias cores, para os tornarem mais atraentes, calculo, e um outro de flores.
Dei uma volta pela cidade, almocei no Toko Oen ao som do Frank Sinatra e vim
beber um café a um Hotel onde tinha ontem vindo jantar, vizinho daquele onde
estou instalado e que tem uma decoração fantástica com peças antigas fabulosas.
O Tugu Hotel é mesmo considerado por alguns guias turísticos como o principal
museu da cidade. Adorei o Hotel e embora estivesse fora do meu orçamento para
lá ficar instalado, voltei a jantar lá.
Isto de viajar sózinho tem que se lhe diga... ainda bem que a moto é extremamente fiável :).
ResponderEliminarE a seguir qual é o caminho? Para onde vai? E o Natal?
Bjs, boa viagem e escreva mais para eu não pensar que está desaparecido (senão não sei quando dar o alerta) eh eh eh
Ana
Então? É isto que eu dizia! Está na hora de lançar o alerta ou está tudo bem?
ResponderEliminarNotícias precisam-se!
Bjs, Ana
Está tudo bem, Ana. Andei por umas ilhas mais selvagens onde muitas vezes não tinha internet. Avisei antes os meus filhos. Beijinhos
EliminarAh bom, ok, então fazemos assim, antes de dar o alerta falo com eles. Beijos, Ana.
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