26 de dezembro de 2014

Sumbawa 3


Ao sair do Hotel, pelas nove da manhã, o recepcionista perguntou-me para onde ia e quando lhe referi que pretendia apanhar o ferry para a ilha de Flores disse-me que só havia um por dia que partia às oito da manhã. No dia anterior tinham-me informado que saíam barcos quase de hora a hora de maneira que decidi arrancar até ao Porto, a perto de 60 Km de ali, para estudar a situação “in loco”.
Quando lá cheguei disseram-me que haveria um segundo barco à tarde que deveria partir por volta das quarto.
- “mas não tem horário? sai às quatro ou quatro e meia”?
- “depende do número de clientes”
Eram dez da manhã e decidi então ir fazer a revisão à moto que tinha prevista para Timor. Calculava encontrar o filtro de ar já muito sujo porque sentia a moto a perder potencia gradualmente e temia que as velas também estivessem no estado a que chegaram no Irão, onde a cerâmica queimou, em resultado da má qualidade da gasolina. Como nalguns destes países do sudoeste asiático o combustível também é de fraca octanagem achei que deviam estar a pedir mudança. E estavam.
A operação é demorada nesta moto porque temos que retirar o depósito de combustível, desligar uma série de sensores e as velas dos cilindros da frente do V são de difícil acesso.
Por outro lado este mecânico/viajante também trabalha devagar.
Quando tinha tudo montado de novo, pus a moto a trabalhar e não só a luz de avaria se mantinha acesa como a moto não se aguentava ao ralenti. Achei que teria deixado alguma ficha mal ligada de maneira que voltei a retirar o depósito para deligar e voltar a ligar todas as fichas. Nova montagem e os mesmos sintomas. Entretanto o tempo passava e eu via que quase de certeza perderia o barco daquela tarde. Na segunda desmontagem retirei também a caixa do filtro de ar e só então reparei que tinha deixado um pequeno tubo de vácuo desligado.
Sabia que era o suficiente para aqueles sintomas e quando voltei a montar tudo de novo foi com confiança que pus a moto a trabalhar sem que a luz voltasse a acender.
Já passava das seis da tarde mas decidi ir até ao porto ver o que se passava. O barco ainda lá estava e disseram para me despachar que iria partir de seguida. Estranhei, ao entrar, só lá estar um camião dentro mas estacionei a moto no local onde me indicaram e subi para a zona superior com bancos bastante cómodos.
Começaram então a ser carregados mais camiões mas, com o movimento já parado, pelas oito da noite fui perguntar porque não partíamos.
“Estamos à espera de um cliente que está a chegar”
Quando o barco saiu eram nove da noite. Felizmente tinha um livro para ler e o tempo passou bem. Não tinha comido nada deste o pequeno almoço e no bar do barco arranjaram-me uma espécie de esparguete com o que penso seja tofu, que vem numas embalagens plásticas a que acrescentamos água a ferver. Não é muito mau.
Dormi uma três ou quatro horas e, pelas três e meia da manhã, fui acordado pelos altifalantes do barco a anunciarem a chegada.
Eram quatro da manhã quando saí do barco com a moto. Tinha ideia de ali ficar na vila a dormir mais umas horas numa qualquer pensão de esquina mas estavam todas de portas fechadas de maneira que não tive outro remédio senão arrancar noite dentro.
Como o GPS deixou de funcionar há uns dias e não tinha a quem perguntar o caminho guiei-me pela bússola do iphone para me levar para oriente.
Ao sair da vila os altifalantes de uma mesquita acordavam os fiéis para as rezas matinais e pouco depois vi homens a deixarem as casas à beira da estrada para se porem a pé a caminho do local de culto.

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