Dia difícil mas
sensacional.
Felizmente acordei
cedo e saí do Hotel em Malang ainda antes das nove. A ideia para o dia era
visitar um vulcão a cerca de 50 Km da cidade e depois seguir até Lumajang, a
caminho de Bali. O Mount Bromo esteve em erupção há três anos e continua a
fumegar.
Comecei por subir
uma estreita estrada de montanha até à entrada da zona de reserva natural onde
se situa o vulcão. Um dos guardas, com ar de pouco convencido, perguntou se eu
pretendia ir até à zona do vulcão com aquela moto. “Sim. Porque não?”
“Humm. Não me
parece”.
Uns quilómetros
mais à frente nova paragem junto a uma cabana de outros guardas.
“Acho que não vai
conseguir passar com essa moto”
“Mas vejo jipes a
passarem para baixo”
“Sim, os jipes
passam”
“Então esta
também haverá de passar”
Descarreguei as
malas junto à cabana e arranquei por uma estreita estrada de terra em muito mau
estado que descia até um árido planalto. Até aqui tudo bem e esta era a parte
que eles achavam que eu dificilmente conseguiria passar com a “Cross Tourer”.
Lá em baixo o
trajeto a caminho do vulcão era por umas pistas em areia vulcânica onde a
“Cross Tourer” começou a escorregar muito mas lá ia andando. Estes pneus que
montei em Singapura já vi que são excelentes em estrada seca ou molhada e bons
em mau piso duro mas em lama ou areia têm muito pouca aderência.
Fui andando
devagar pela pista de areia marcada com
fitas, como no TT, até que comecei a apanhar muita areia solta. Aí a frente
ficou muito difícil de controlar e acabei por cair contra um barranco. A moto,
encostada ao barranco, não ficou completamente deitada mas tinha uma inclinação
suficiente para eu não a conseguir levantar sozinho. Sem ninguém por perto desliguei
a ignição e limitei-me a esperar, até que, passados uns dez minutos, apareceu um
homem de pano aos quadrados enrolado à volta da cara e cabeça que parecia
tirado do Sahara só que aqui, em vez de vir montado num camelo vinha numa
“scooter” que, sem qualquer problema, atravessava a zona de areia. O “leão do
deserto”, que trazia um carregamento de ervas na traseira, lá me ajudou a
levantar a moto e avisou que mais à frente o piso estava pior de maneira que
decidi voltar para trás, até porque se começasse a chover teria muita
dificuldade em enfrentar a ultima subida muito esburacada. De volta à base onde
tinha as malas contratei então o meu salvador para me levar à pendura da “scooter”
ver o vulcão. E assim foi. Percorremos os dois na “scooter” aquela meia dúzia
de quilómetros através de um deserto de areia de lava até à base do vulcão onde
a muita areia solta não deixava nem a “scooter” passar.
Aluguei então um
cavalo a um homem que por ali estava com o qual fui até cerca de cem metros do
topo. Aí, uns degraus cavados na montanha permitem-nos chegar à orla da cratera.
É de facto impressionante. Embora sem atividade o vulcão continua a libertar um
fumo intoxicante com um forte cheiro a enxofre que não nos deixa estar ali
muito tempo. Apenas o necessário para fazer um pequeno filme e tirar meia dúzia
de fotografias.
Pelos mesmos
meios voltei à “Cross Tourer” e parti então em direção à cidade de Lumajang. O
trajeto é maioritariamente pela principal estrada que atravessa a ilha de Java
de Ocidente para Oriente que tem apenas uma faixa para cada lado, com um alcatrão
razoável mas em alguns locais muito remendado e com muito transito, aqui já de
bastantes camiões e milhares de pequenas motos e “scooters”.
As estradas na
Indonésia são muito ao estilo do que eram as portuguesas nos anos sessenta.
Nesta zona era particularmente sinuosa, quase toda feita entre segunda e quarta
velocidades.
Isto de andar com uma moto que não consegue levantar sózinho tem que se lhe diga.
ResponderEliminarBoa viagem, bjs, Ana
Devia ter feito um estágio de musculação antes da viagem. Lol. Beijinhos
EliminarOIa. Li agora as cronicas que considero magnificas. Da proxima vez que passares pelo Dubai, se houver tempo vamos beber um copo.
ResponderEliminarAbraco
Quem és?
EliminarNao nos conhecemos mas tambem ando de mota:) deixo-te o meu email
ResponderEliminarbrunoferreiracruz@gmail.com
Combinado Bruno, embora agora deva ser só a seguir ao verão. Abraço
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