Quando regressei
a Denpasar vindo de Ubud passei no Hotel do italiano onde tinha ficado antes, a
buscar duas malas que lá tinha deixado e no registo em que tinha pedido uma
extensão do meu Visto de entrada no país para depois seguir a caminho do barco
que me levaria a Lombok, a próxima ilha a caminho de Timor.
O passaporte não
estava pronto e quando saí, já perto das três da tarde, achei que dificilmente
apanharia um barco nesse dia. De qualquer forma fiz-me à estrada, não sem antes
ter parado num excelente restaurante italiano para almoçar a pensar que provavelmente
iria enfrentar mais uns dias sem uma refeição decente.
O GPS tem um
problema de regulação que tenho estado a tentar resolver mas que ainda me manda
muitas vezes dar “a volta ao bilhar grande” antes de chegar ao destino. Desta
vez programei-o para me guiar até à vila da doca e ele, felizmente, mandou-me
para uma zona montanhosa mais a norte.
Quando fui a Ubud
o italiano do Hotel de Bali tinha-me dito que não poderia deixar de visitar um
lago fabuloso que existe na cratera de um velho vulcão extinto, ao estilo da
nossa “lagoa das sete cidades” nos Açores que é daquelas paisagens que, quando
vemos pela primeira vez do alto da montanha, ficamos de boca aberta de espanto
pela beleza natural do local.
Pois desta vez o
GPS mandou-me para a zona montanhosa junto ao lago Danau Batur. Quando lá
cheguei acima, já depois de ter percebido a volta que estava a dar e de ter
apanhado mais uma enorme chuvada, com ruas inundadas pelo caminho, vi um
letreiro a indicar “Lake View Hotel”. Lembrei-me então da recomendação do
italiano e, como já eram quase seis da tarde e estava um nevoeiro que não permitia
ver lago nenhum, decidi por ali ficar. O Hotel estava vazio, ao ponto de ter
passado aquele final de tarde a jogar “snooker” com a menina da recepção.
No dia seguinte,
quando acordei e olhei para a vista pela janela do quarto, conclui que foi uma
óptima ideia ter por ali ficado. O Hotel tinha uma situação fabulosa no alto da
montanha, com vista deslumbrante sobre o lago. Estava uma manhã linda de sol e
tomei o pequeno almoço no terraço superior a regalar os olhos com aquela
paisagem fantástica.
Desci depois a
serra por uma estrada muito sinuosa mas linda deste interior de Bali, com muita
vegetação nas margens e, a certa altura, uma vista espetacular do alto da
montanha para a costa com muitas palmeiras e um mar salpicado de pequenas
ilhas.
Já no porto um
polícia de alfandega perguntou-me onde ia e quando lhe respondi disse: “então
talvez fosse boa ideia eu ver os documentos da moto”. É coisa que não me pedem
nem nas fronteiras e não fazia ideia onde os tinha metido. O que vale é que
quando ele percebeu que eu tinha que abrir e vasculhar várias malas disse:
“deixe lá, deixe lá. Pode seguir”.
No barco para
Lombok, a próxima ilha a oriente, numa travessia de mais de quatro horas, houve
dois rapazes simpáticos que meteram conversa e combinámos que seguiria depois a
moto deles para me indicarem um Hotel onde ficar. Pelo caminho pararam numa
grande rotunda para se encontrarem com outros amigos, uma situação muito comum
aqui. Os miúdos estacionam as “scooters” junto ao passeio central das rotundas
e ficam à conversa, sentados nas rotundas. Quando não são rotundas são pontes.
Sempre que há uma ponte sobre um qualquer rio vemos várias “scooters”, quando
não são dezenas, estacionadas com miúdos à conversa.
Um dos rapazes
pediu a um amigo para ir comprar à esquina umas maçarocas de milho e uma bebida
à base de leite de coco misturado com um pouco de limão, leite e açúcar, que
eles servem em pequenos sacos de plástico com gelo. Corta-se um canto do saco
de plástico e bebemos por ali. Foi aquele o meu almoço e estava óptimo.
Estes rapazes
recomendaram-me visitar uma pequena ilha próxima, Gili Trawangan que segundo
eles era uma “free Island”.
- “É uma ilha em
que não há polícia e por isso pode-se fumar erva ou cheirar coca à vontade que
ninguém diz nada. Cada um faz o que quer mas funciona tudo muito bem e não há
crime porque é uma comunidade pequena e, se alguém se porta mal é simplesmente
corrido da ilha. Não há veículos motorizados e só se pode circular de bicicleta
ou a cavalo”.
Achei graça e no
dia seguinte fui à procura de um barco que me levasse a Gili Trawangan.
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