30 de maio de 2019

Marrocos

Entrava na região do Sahara Ocidental que foi colónia espanhola e hoje em dia é ocupada por Marrocos, embora as Nações Unidas não aceitem a anexação. O território é desértico e pouco habitado. A Frente Polisário considerou-se representante das populações locais, tentando assumir  o controlo da região, com ataques a militares marroquinos e civis estrangeiros que ousassem atravessar o país, que se estende por cerca de 1.000 Km, de Norte a Sul.
Hoje em dia tropas marroquinas controlam a região costeira mesmo se apenas vemos alguns pequenos postos ao longo da estrada.
Ao passar a fronteira procurei, infrutiferamente, uma caixa multibanco onde levantar dinheiro marroquino, que não tinha. Eram onze da manhã e a minha ultima refeição tinham sido as duas laranjas e três bolachas que o camionista me oferecera na noite anterior.
Perguntei então ao simpático empregado de um café se sabia de alguém que me trocasse dólares. Acabei por encontrar um homem que, constatando que eu não tinha alternativa, me trocou 100 a um cambio de roubo.
Tomei então o pequeno almoço, atestei o depósito e fiz-me à estrada alcatroada, deserto dentro.
Nesse dia rodei 650 Km até à cidade de Boujdour. Encontrei um pequeno Hotel simpático que me indicaram como o melhor do local e jantei uma pisa num restaurante ao lado.
Segui na manhã seguinte para Norte. A cada cerca de 200 ou 300 Km passo por uma brigada policial onde por vezes me pedem o Passaporte e me mandam seguir viagem mas, neste dia, uma delas foi mais demorada. Levaram o Passaporte depois de me perguntarem de onde vinha e para onde ía. Como demorassem a traze-lo de volta pus a moto no descanso e fui ao pequeno posto indagar o que se passava.
- Peço-lhe desculpa mas estamos a fazer isto para sua segurança. Esta é uma zona remota onde por vezes há problemas. Por isso estamos a contactar todos os postos daqui até Marrakech para dizer que você vai passar e assim acompanharmos o seu trajecto e sabermos onde está se for assaltado.
Passados dez minutos de contactos via rádio devolveram-me o Passaporte e segui viagem. Nesse dia percorri mais de 800 Km e cheguei à cidade Marroquina de Tiznit já de noite.
Fiquei num Hotel de nível europeu onde estavam hospedados dois Belgas com impecáveis BMW que tinham ido um pouco mais a Sul e regressavam à civilização com uma viagem marcada ao pormenor de terem o barco reservado para três dias depois, de Tanger para Itália.
Continue para Norte, atravessando Marrocos já em autoestrada pois tinha que chegar no dia seguinte a Portugal. Rodei cerca de 1.000 Km entre Marrocos e Espanha. Chegado ao porto de Tanger pelas oito da noite, comprei bilhete para o Ferry das nove que em meia hora me levou até ao porto espanhol de Tarifa. Antes de embarcar jantei uma excelente Tagine num restaurante loca.
Nessa noite dormi na vila espanhola de Alcalá de Los Gazules e segui para Lisboa na manhã seguinte.




Foi o fim desta longa viagem que teve início em Setembro de 2012. Rodei cerca de quatro meses cada ano ao longo dos últimos sete anos, atravessando os cinco continentes ao percorrer mais de sessenta países.
Foram 140.000 Km na Honda Crosstourer que exigiu uma manutenção mínima, nunca afinando sequer válvulas nem substituindo a embraiagem de origem. Continua, tal como no dia em que saiu de Portugal, sem gastar pinga de óleo.


No próximo dia 19 de Junho, às 18 horas, na sede do Automóvel Clube de Portugal, será lançado o livro da primeira metade desta viagem (Portugal-Timor). Todos os leitores deste blog estão convidados.

6 comentários:

  1. Parabéns pela grande aventura que me "agarrou" ao longo destes anos, e que espero rever e reviver nos livros.

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  2. Conte comigo.
    Bjs Ana

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  3. Francisco Sousa Machado31 maio, 2019 05:48

    Parabéns Francisco.
    Uma viagem épica, relatada com imensos pormenores e graça.
    Foi uma delícia acompanhar os seus relatos durante todos estes anos. Ficará um vazio, pelo que o desafio a escrever com a mesma piada outras aventuras!
    Espero poder ir ao ACP para comprar o livro, depois de o ter visto na tertúlia do Escape mais Rouco!
    Um abraço

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  4. Parabéns pela épica aventura e obrigado por relatos muito engraçados das suas experiências pelo mundo fora. Aguardo o livro. Abraço

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  5. Vem ao Porto apreeentar o livro? Gostava de assistir ao evento. Cumprimentos.

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  6. Muitos parabens e o meu obrigado pelos relatos.

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