18 de novembro de 2017

Lima


Os primeiros 200 Km do trajecto entre Huaraz e Lima são fantásticos. É uma estrada de montanha a mais de 2000 metros de altitude, em bom piso, com curvas rápidas no início e, no final, uma parte sinuosa com muitos cotovelos que desce para a planície e o deserto junto ao mar. Diverti-me muito a fazer o percurso num ritmo rápido, por haver pouco transito sem controlo policial. O único calafrio foi quando apanhei areia a meio de uma curva e a moto entrou num enorme “slide” que, por sorte, consegui controlar.
Os 200 Km seguintes são feitos na Pan Americana, de grandes rectas e muitos camiões, sem a mesma graça. Parei numa tasca de borda de estrada para almoçar. Neste locais não turísticos as refeições de sopa, prato e bebida raramente ultrapassam o equivalente a três euros.
Em Lima pensei em procurar Hotel na zona de Miraflores, a mais pacífica e evoluída mas, quando estava parado nas enormes filas de transito da entrada da cidade, um policia de moto parou ao meu lado a admirar a Cross Tourer e meteu conversa. Disse-lhe que estava à procura de Hotel e perguntei-lhe o trajecto para Miraflores.
- Quer ir para o Sheraton? perguntou-me ele
- Não. Um mais barato, entre 80 e 100 Soles (cerca de 30 euros)
- Então não pode ser em Miraflores. Tem que procurar no centro. E ofereceu-se para me escoltar até perto, incluindo a sirene a tocar quando o transito estava mais lento.
Ainda bem que encontrei este polícia porque fui parar a um Hotel junto a uma das praças mais bonitas que vi no mundo, a Plaza Mayor, onde está o Palácio Presidencial, uma catedral e o centro biscopal entre outros prédios do século XIX. Fantástica, com um jardim no meio.
O único problema deste Hotel era que, por estar entre a Plaza Mayor e um bar de múscia rock, há barulho ao fim de semana até tarde no bar e da parte da manhã a algazarra começa cedo. Houve um dia em que apanhei mesmo o arranque de uma procissão a Nossa Senhora com velhas a cantar logo às seis e meia, quando ainda nem os galos tinham acordado. E quando não era a procissão eram grupos a passarem com batuques num barulho ensurdecedor, a festejar não se sabe bem o quê. Os Sul Americanos vivem para a música o que até é agradável, só que chega a um ponto em que já não podemos ouvir mais música, principalmente porque parece ser não só ininterrupta como muito alta e repetitiva. Atravessei aldeias na Colômbia, principalmente nos locais dos vaqueiros, em que tinham bares abertos para a rua, uns ao lado dos outros que parecia fazerem concursos para se saber em qual deles o som estava mais alto. Os clientes tinham enorme dificuldade em falar uns com os outros mas pareciam apreciar aquele pandemónio.
Mas o record aqui em Lima foi um dia em que montaram umas tendas para uma feira mesmo à porta do Hotel às  ..... quatro e meia da manhã, com um barulhão de camiões e gritaria que certamente acordou todos os clientes. Inacreditável.
No primeiro dia de manhã fui assistir ao render da guarda no Palácio Presidencial e dei uma volta a pé pelos arredores.    

1 comentário:

  1. Com sirenes e tudo... só a si! As coisas que lhe acontecem.
    Boa viagem! Ana

    ResponderEliminar