Depois de deixar a Sofia no autocarro decidi ir até ao melhor bairro da
cidade, junto ao mar, para almoçar. Em Mirflores parece que estamos não só
noutra cidade como noutro país. Bons Hoteis, lojas com bom aspecto e jardins
arranjados.
Junto ao mar um centro Comercial, construído na escarpa, com as melhores
lojas e restaurantes.
Fui almoçar ao “La Trattoria di Mambrino”. Dentro tem mesas com toalhas de
pano brancas, uma moderna cozinha aberta para o restaurante e uma zona de bar
com confortáveis sofás. Preferi ficar no terraço, com fabulosa vista de mar.
Almocei uns ravioli com camarões que não estavam grande coisa, principalmente
para o preço, mas o doce de morangos com natas e massa estaladiça estava ao
melhor nível, assim como o vinho branco italiano. Principalmente soube-me bem
estar naquele ambiente tão diferente das confusões dos dias anteriores.
Quando saí do restaurante dava uma volta a pé pelo jardim ao lado, sobre o
mar, quando ouvi um grupo de seis miúdos a falarem português. Inédito. Eram
estudantes universitários que estavam em regime de Erasmus, como a minha filha
cá esteve o ano passado. Normalmente instalam-se neste bairro por ser o mais
seguro da cidade. Eles ficaram mais espantados que eu de encontrarem ali um
português. Ficámos um pouco à conversa e voltei de autocarro para a confusão do
Centro. Os autocarros aqui andam a acelerar e quando, três dias antes tinha
comentado com o policia de moto que os autocarros se atiravam para cima das
motos sem qualquer hesitação ele respondeu:
- Pois é. Temos que ter imenso cuidado. Ainda ontem morreu aqui na cidade
um colega meu, colhido por um autocarro.
Este ía a dar gaz, como todos, quando foi obrigado a fazer uma travagem
brusca. Quando dois dos clientes se queixaram uma inspectora, que tinha há
pouco entrado no autocarro e verificava bilhetes, defendeu o motorista.
- Não viram que foi o táxi que se atravessou à frente?
Pouco depois, quando já nos aproximávamos da zona centro onde estava instalado, uma fila enorme que só quando
chegamos ao início percebemos a razão: um condutor de autocarro e o de um táxi
tinham parado os veículos no meio da rua e andavam à pancada na via, sob o
olhar de dois policias que nada faziam, enquanto uma mulher berrava palavrões
indecifráveis da janela do autocarro. Chegava ao “meu” bairro.
Quando arranquei no dia seguinte de manhã não tinha feito meia dúzia de
quilómetros depois de deixar a cidade quando, à saída de uma portagem, vi um
par de Africa Twin’s paradas na borda da estrada. Parei para ver se precisavam
de alguma coisa. Eram dois americanos que tinham perdido um terceiro e estavam
em contacto telefónico com ele. O homem, ao ver que tinha perdido os amigos,
entrou numa bomba de gasolina que identificamos ser naquela mesma estrada, 5 Km
antes e, com medo, recusava-se a de lá sair sozinho. Aquilo estava a fazer-me
uma confusão.
- “Porra. Convençam-no. Digam para se meter na moto e andar meia dúzia de
quilómetros até aqui”. Mas não havia hipótese. Um sugeria que o outro desse a
volta e o fosse buscar mas este segundo também não queria ir sozinho, de
maneira que estavam a colocar a hipótese de chamar um táxi para ir buscar o
amigo. Não queria acreditar. Como é possível esta gente pôr-se a viajar de
moto? Deixei-os a resolverem o dilema, despedi-me e arranquei.
O que praqui vai nestes últimos dias... too much information.
ResponderEliminarBoa viagem, bjs, Ana