Em Guadalajara visitei a Catedral que é imponente, como várias aqui no
Mexico e o Palácio do Governo que exibia uma interessante exposição sobre a
história daquela província de Jalisco além de dois fantásticos murais do
artista local
Jose Clemente Orozco.
Da parte da tarde parti em direcção a San Miguel de Allende que me tinham
recomendado visitar mas acabei por ficar a caminho, na cidade de Léon. A cidade
é horrível e o primeiro Hotel em que parei também tinha as tabelas de aluguer
de quartos por hora. No rés do chão um empregado lavava o chão de um bar, ainda
fechado àquela hora, que prometia muitas luzes a animação. Disseram-me que
podia ficar a noite toda por um preço simpático e pedi para ver o quarto. Lá
fui escada acima acompanhado por uma empregada de limpeza, magrinha e baixinha,
indiferente aos gemidos de prazer teatral que se ouviam saídos dos quartos ao
longo do corredor. Como se aquilo fosse uma espécie de cassete a que ela se habituara. O quarto não tinha janelas e fugi para não ter uma depressão.
Acabei por encontrar um Hotel no centro mais normal mas em que quase apanhei um
torcicolo de altas que eram as almofadas enquanto o duche atirava água para o
tecto e as paredes, com a pouca que me caía em cima a vir ora gelada ora a ferver. Próximo do inferno.
No dia seguinte, a caminho de San Miguel de Allende, resolvi parar noutra
cidade património mundial da Unesco. Guanajuato é uma cidade pobre, na montanha,
que não parece ter tido grande desenvolvimento no ultimo século, sendo isso que
a torna mais atractiva. Tem a particularidade da maioria das ruas abertas ao
transito serem túneis cavados na rocha. Um labirinto em cima do qual a cidade dá a ideia de estar pousada. Alguns têm paragens de autocarro no meio com aberturas de
uns cinquenta metros para o exterior de onde saem escadas para os peões subirem
à superfície. Cá por cima são ruelas estreitas, muitas delas fechadas ao
transito com pequenos jardins e um teatro “belle époque” absolutamente fabuloso.
Estacionei a moto junto ao Palácio do Governador e almocei no terraço de um
simpático restaurante do outro lado da rua com cadeirões em cabedal castanho e
mesas com tampos de madeira grossa, servido por criados fardados, daqueles que
parece fazerem parte da mobília. Fantástico

Da parte da tarde parti para San Miguel de Allende uma terra também
encantadora mas mais turística, com lojas modernas de pintura e outro tipo de
artes e antiguidades exploradas, muitas delas, por franceses ou canadianos. As
ruas são em calçada polida irregular, pouco adaptadas à moto. Tinha parado na
entrada da cidade junto ao primeiro Hotel que encontrei. Ao lado estacionou uma
Ford Pick-up preta, dos anos 50, impecavelmente restaurada, com duas americanas
loiras, de jeans usados e rasgados e chapéus de feltro. Tinham empenado uma
jante num buraco da cidade e tentavam, na loja de pneus ao lado, que lhes
dessem um jeito.
O Hotel era caro e resolvi ir até ao Centro à procura de alternativa. Já
nas ruas estreitas de calçada parei junto a uma pequena esplanada, atrapalhando
um pouco o transito e fui beber uma cerveja. A cidade é pequena e passados uns
dez minutos as americanas vieram sentar-se na mesa ao lado.
- Gosto do seu caro
- A Ford? perguntou ela.
- Sim
- Tenho também uma branca, que está á venda.
- Não tenho onde a levar. Vieram dos Estados Unidos nela?
- Não. Eu vivo aqui.
Parti à procura de Hotel. Depois de passar por vários com ar de luxo
rústico e caro parei à porta de um com uma porta estreita e as paredes
interiores do corredor em rampa com feios azulejos. Toquei à campainha. Um
homem magro de barbas com um ar simpático veio abrir-me a porta. Percebi que
era o dono.
-Têm quartos disponíveis?
-Sim, com certeza
- Quando custa o single por uma noite?
- 780 Pesos
- Não, obrigado. Estou à procura de alguma coisa mais barata?
- Até quanto?
- Uns 600 Pesos
- Faço-lhe esse valor, respondeu de imediato. Tenho vários quartos livres.
Olhando para uma porta de garagem que havia ao lado perguntei
- E posso guardar a moto na garagem?
- Não. Não é minha.
- Então não dá. Não posso deixar a moto na rua.
- Não há problema. Entra pelo corredor e põe-na na entrada. Tenho uma rampa
para subir o passeio.
E lá entrei com a moto a trabalhar para dentro do Hotel, rampa a cima,
depois de desmontar as malas para passar na estreita porta e corredor, com uns
dez metros de comprimento, para um mini hall de entrada onde mal tinha espaço
para desmontar da moto. Ali passou a noite e a manhã do dia seguinte.
Está a correr bem Francisco!
ResponderEliminarBoa viagem, Bjs
Ana
Sim, na boa. Embora ande um bocado atrasado em relação ao previsto. Mas vou sem pressas e logo se vê onde chego para o mês que vem. Beijinhos
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