Em San Miguel de Allende deitei-me mais tarde que o costume, à uma da
manhã. Acordei sobressaltado com o disparo de fogo de artifício. Olhei para o
relógio e eram seis da manhã. Como foi só um foguete tentei voltar a dormir mas
a cada cinco minutos disparavam outro. E assim continuou até cerca das oito.
Pus a almofada por cima da cabeça e, habituado ao som dos disparos, lá consegui
dormir mais um bocado, às prestações.
Quando finalmente me levantei soube o que se passava: Havia um festival
Índio onde muitos dos elementos da tribo Otomi se vestiram com roupas
tradicionais, algumas de guerreiros, e dançaram no Zócalo, como os Mexicanos
chamam às praças principais das cidades, ao som de tambores. Esqueci o sono e
fui ver o sensacional espectáculo, principalmente pelos trajes. No dia anterior
já tinha dado uma volta pela cidade e naquela manhã, depois de fotografar e
filmar as danças, acabei por dar mais um passeio antes de partir em direcção a
Puebla.
Puebla já é uma cidade grande, com muito movimento e arredores pouco
interessantes. Instalei-me num Hotel perto do centro e, durante a manhã, voltei
a fazer turismo. Já tinha constatado que as Catedrais no Mexico são maiores e
mais espampanantes que as existentes na Europa e depois de conversar com várias
pessoas percebi a razão para tal. Quando os espanhóis conquistaram o país
quiseram converter os Indios ao Cristianismo e, para tal, não só destruíram
muitos dos seus locais de culto como construíram catedrais fabulosas muitas
delas nesses mesmos locais e até utilizando parte das pedras desses templos. A
técnica para os converter passou por fazerem obras fabulosas em dimensão e
riqueza que impressionam qualquer um, mesmo nos dias de hoje. Daí estas
catedrais extraordinárias, como a de Puebla que visitei nesse dia. Um Mexicano
que conheci uns dias depois contou-me que muitos dos Índios, obrigados a adorar
um cristo em que não acreditavam tinham crucifixos ocos onde colocavam
artefactos e relíquias referentes aos seus deuses assim fingindo que rezavam a
Santos católicos quando, na realidade, o faziam aos Deuses em quem tinham fé.
Visitei ainda um interessante museu que tinha não só pinturas de autores
locais dos séculos XVII e XVIII como simples máquinas da segunda metade do
século XIX e inícios do século XX.
Da parte da tarde parti para Oaxaca, primeiro através de uma auto estrada e
depois, na maior parte do percurso, um tipo de estrada que não tinha visto em
mais parte nenhuma do mundo. A estrada em si não tinha nada de extraordinário
pois era com bom piso de faixa única em cada sentido, a maior parte através de
uma serra. O que era extraordinário é que tinha portagens, como se fosse uma
auto estrada.
Antes de entrar nesta estrada vi uma barraca feita muito rudimentarmente
com panos brancos na borda da autoestrada e duas mulheres a cozinharem debaixo
daquele toldo. Havia uma única mesa onde estavam três camionistas, com os
respectivos camiões parados na beira da auto estrada. Resolvi parar para também
almoçar e sentei-me à mesa com eles. Tinham ar de Indios, grandes. Os três
tinham pulseiras em prata com um bom par de centímetros de largura e chapas com
algum escrito mas o que estava sentado à minha frente exibia ainda um enorme
crucifixo preso a uma grossa corrente de prata por fora da T shirt em que a
cruz era em azul forte e a imagem num dourado brilhante. Era até assustador de
tão original. Não deram grande conversa mas o almoço de carne picada com
tomate, pimento recheado com queijo e arroz estava excelente e, acompanhado de
uma Coca Cola, custou o equivalente a três euros, gorjeta incluída.
Obrigado por mais este relato de uma viagem que está a ser magnífica. Fiquei curioso com o sinal de transito junto à Crosstourer. Sabe o que significa?
ResponderEliminarEu penso que é proibição de estacionamento. Ha, ha. Aquilo era uma saída da Auto Estrada.
EliminarHaHa
EliminarObrigado e boa viagem
Nuno