13 de março de 2017

Puebla


Em San Miguel de Allende deitei-me mais tarde que o costume, à uma da manhã. Acordei sobressaltado com o disparo de fogo de artifício. Olhei para o relógio e eram seis da manhã. Como foi só um foguete tentei voltar a dormir mas a cada cinco minutos disparavam outro. E assim continuou até cerca das oito. Pus a almofada por cima da cabeça e, habituado ao som dos disparos, lá consegui dormir mais um bocado, às prestações.  Quando finalmente me levantei soube o que se passava: Havia um festival Índio onde muitos dos elementos da tribo Otomi se vestiram com roupas tradicionais, algumas de guerreiros, e dançaram no Zócalo, como os Mexicanos chamam às praças principais das cidades, ao som de tambores. Esqueci o sono e fui ver o sensacional espectáculo, principalmente pelos trajes. No dia anterior já tinha dado uma volta pela cidade e naquela manhã, depois de fotografar e filmar as danças, acabei por dar mais um passeio antes de partir em direcção a Puebla.
Puebla já é uma cidade grande, com muito movimento e arredores pouco interessantes. Instalei-me num Hotel perto do centro e, durante a manhã, voltei a fazer turismo. Já tinha constatado que as Catedrais no Mexico são maiores e mais espampanantes que as existentes na Europa e depois de conversar com várias pessoas percebi a razão para tal. Quando os espanhóis conquistaram o país quiseram converter os Indios ao Cristianismo e, para tal, não só destruíram muitos dos seus locais de culto como construíram catedrais fabulosas muitas delas nesses mesmos locais e até utilizando parte das pedras desses templos. A técnica para os converter passou por fazerem obras fabulosas em dimensão e riqueza que impressionam qualquer um, mesmo nos dias de hoje. Daí estas catedrais extraordinárias, como a de Puebla que visitei nesse dia. Um Mexicano que conheci uns dias depois contou-me que muitos dos Índios, obrigados a adorar um cristo em que não acreditavam tinham crucifixos ocos onde colocavam artefactos e relíquias referentes aos seus deuses assim fingindo que rezavam a Santos católicos quando, na realidade, o faziam aos Deuses em quem tinham fé.
Visitei ainda um interessante museu que tinha não só pinturas de autores locais dos séculos XVII e XVIII como simples máquinas da segunda metade do século XIX e inícios do século XX.
Da parte da tarde parti para Oaxaca, primeiro através de uma auto estrada e depois, na maior parte do percurso, um tipo de estrada que não tinha visto em mais parte nenhuma do mundo. A estrada em si não tinha nada de extraordinário pois era com bom piso de faixa única em cada sentido, a maior parte através de uma serra. O que era extraordinário é que tinha portagens, como se fosse uma auto estrada.
Antes de entrar nesta estrada vi uma barraca feita muito rudimentarmente com panos brancos na borda da autoestrada e duas mulheres a cozinharem debaixo daquele toldo. Havia uma única mesa onde estavam três camionistas, com os respectivos camiões parados na beira da auto estrada. Resolvi parar para também almoçar e sentei-me à mesa com eles. Tinham ar de Indios, grandes. Os três tinham pulseiras em prata com um bom par de centímetros de largura e chapas com algum escrito mas o que estava sentado à minha frente exibia ainda um enorme crucifixo preso a uma grossa corrente de prata por fora da T shirt em que a cruz era em azul forte e a imagem num dourado brilhante. Era até assustador de tão original. Não deram grande conversa mas o almoço de carne picada com tomate, pimento recheado com queijo e arroz estava excelente e, acompanhado de uma Coca Cola, custou o equivalente a três euros, gorjeta incluída.





3 comentários:

  1. Obrigado por mais este relato de uma viagem que está a ser magnífica. Fiquei curioso com o sinal de transito junto à Crosstourer. Sabe o que significa?

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    1. Eu penso que é proibição de estacionamento. Ha, ha. Aquilo era uma saída da Auto Estrada.

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    2. HaHa

      Obrigado e boa viagem
      Nuno

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