Deixei Huatulco no dia seguinte ao passeio de barco, a caminho de Mérida,
que me tinham recomendado visitar. Uns 50 Km depois de arrancar entrei num vale
onde se situa a vila La Ventosa. Como o nome indica o local é assolado por um
vento constante de enorme intensidade. Aqui está instalado um grande parque de
eólicas, com muitas centenas de ventoinhas que percorrem a paisagem de uns 20
Km de um e outro lado da estrada.
Não há pior coisa que vento forte para andar de moto. Muito pior que calor,
frio ou chuva. Em linha recta a moto parecia um barco, inclinada e a abanar com
as refregas. Tinha que fazer força no volante para a aguentar na estrada e no
pescoço para segurar a cabeça direita. Terrível. Felizmente foi por pouco
tempo. Depois entrei numa enorme serra que me levou dia e meio a atravessar e
que, naquela zona, separa o Pacífico do Atlântico. Antes passei visitar o
famoso canhão do Sumidero um canhão aberto na montanha pelo rio Grijalva ao
longo de 35 milhões de anos, aproximadamente o mesmo tempo que levou o rio
Colorado a cavar o Grand Canyon. Aqui, no Sumidero, as escarpas em alguns
lugares têm mais de um quilómetro de altura. Impressionante.
A meio da serra encontrei um pequeno Hotel na vila de Boshil. A estadia
custou-me o equivalente a 12,5 euros e era melhor e mais limpo do que muitos
onde tenho ficado, só penalizado por um duche terrível mais uma vez a atirar
água para todo o lado menos para onde devia. Ando com azar aos duches.
No dia seguinte segui serra fora através de uma paisagem de floresta
exuberante numa estrada sensacional de curvas e contracurvas continuas, ao
longo de mais de duzentos quilómetros. Parei já na parte plana para almoçar e,
mais tarde num bar junto ao mar para beber uma cerveja. Pelo caminho encontrei
um grupo de uns sete ou oito Mexicanos que viajavam em BMW’s 800. Trocámos dois
dedos de conversa e arranquei antes deles. Nessa noite fiquei em Ciudad del
Carmen. Quando estava a descarregar as malas à porta do Hotel chegou o grupo de
mexicanos nas BMW que, por coincidência, ficaram no mesmo Hotel. Ainda os
voltei a encontrar, na noite do dia seguinte, a passear pelas ruas de Mérida.
Deixei Mérida pelas três da tarde e fui ficar uns 100 Km depois, junto às sensacionais
ruinas Mayas de ChienchinTze, que visitei na manhã seguinte. Esta zona é a mais
turística do México, com cerca de 15 milhões de turistas a aterrarem em Cancun
todos os anos. Deixei as ruinas já tarde e pensei em ficar ainda antes de
Cancun mas passei apenas por pequenas aldeias que não tinham hotéis. Numa
delas, já de noite, indicaram-me uma quinta onde cheguei através de uma estrada
de terra. Toquei ao portão e acabou por aparecer um homem com uma criança ao
colo a dizer que só estavam preparados para receberem grupos grandes com
marcações. Continuei estrada fora até que alguém a quem perguntei por um Hotel
sugeriu que cortasse por uma estrada secundaria a caminho de Puerto Morelos, por
ser mais perto que Cancun. Entrei nesta estreita estrada deserta de longas
rectas e, pelas oito da noite cheguei à pequena vila, muito mais tranquila e
atractiva que a capital do turismo. Deixei a tralha num simpático Hotel onde um
Mexicano me viu chegar na moto e me convidou para beber uma cerveja no bar sem
paredes que dava para a rua. Acabei por ir jantar a um restaurante na rua do
lado onde uma mexicana dançava Sevilhanas ao som de uma guitarra e de um
desapropriado trompete, tocado por uma mulher. Animado.
No dia seguinte tinha combinado encontrar-me em Playa del Carmen com uma
amiga alemã, que conheci há quatro anos no Laos e mais tarde visitei em Stutgaart.
Cheguei antes dela, pelas quatro da tarde, mas já jantámos juntos.
Da parte da manhã tinha andado um pouco para trás para visitar Cancún, por
curiosidade. É muito melhor do que estava à espera. A cidade é feia mas os bons
Hotéis estão junto a uma fantástica praia de vários quilómetros com um mar azul
turquesa.
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