Nesta faixa em alcatrão os hotéis são todos de quatro e cinco estrelas com
preços a rondarem os 250 dólares por noite de maneira que segui a sugestão de
uma menina Colombiana que vendia gelados num bar e montei a tenda num camping
que havia na praia. Ela estava lá a ficar com duas filhas pequenas. Instalei-me
mesmo junto à praia, fui até ao espaço que tinham com uma mesa corrida e
ligações electricas para escrever e, pelas oito e meia da noite jantei dois
Tacos e uma cerveja no restaurante da praia. Perguntei a um homem que estava ao
balcão com ar de gerente qual era a “password” da internet e ele, sem tirar os
olhos do computador disse: “fucking tacos”. Achei que estava com um problema na
cozinha e repeti a pergunta mas ele voltou a dizer, desta vez já a olhar para
mim: “fucking tacos”. Era mesmo essa a Password.
A seguir ao jantar fui ter com a minha amiga Colombiana à loja de gelados.
Ficámos à conversa entre dois gelados e, pelas onze da noite, dei-lhe boleia na
moto para o parque de campismo. Convidou-me para tomar o pequeno almoço do dia
seguinte, com ela e as filhas. Estava uma maravilha, com ovos, panquecas e
fruta.
Desmontei a barraca e, pelas onze da manhã arranquei para Tulum à procura
de uma oficina onde reparar a moto. Lá encontrei um concessionário da Yamaha, à
falta de Honda naquela cidade, que me deixou fazer o trabalho à porta da
oficina, com o empréstimo de uma ou outra ferramenta.
Arranquei depois em direcção a Mahahual através de longas rectas traçadas
no meio de uma floresta cerrada, no extremo ocidental do Sian Ka’an. Pelas duas
e meia da tarde, cansado por dormir na tenda, parei junto a um mini mercado
rudimentar com a ideia de beber um sumo e descansar. Sentei-me num dos bancos
corridos à porta. No do outro lado estava uma mulher de ar atarracado e rabo
grande, dos seus quarenta e muitos anos e a sua mãe, já bem dentro dos setenta.
Ás voltas em pé um sueco, dos seus trinta e poucos anos, esperava um autocarro.
A mulher, curiosa, começou a fazer-me um inquérito sobre de onde eu vinha e
para onde ía e, de repente, perguntou a rir: “quer casar comigo?” ao que eu
respondi com a mesma rapidez: “quero”. Estávamos ali na galhofa quando a
vizinha da barraca do lado veio perguntar se ela queria um “picadilho” para
almoçar que ela tinha acabado de fazer. A mulher agradeceu e disse que não mas
eu virei-me para a minha noiva de ocasião e disse:
-“olhe que eu até comia o “picadilho”.
Então ela, já com o ar de “quem manda lá em casa sou eu” disse:
- “Não, vamos antes almoçar à vizinha do outro lado que cozinha
maravilhosamente e vende para fora”. E com isto levantou-se e entrou na barraca
do outro lado que tinha, num pequeno espaço, um balcão e uma única mesa com
duas cadeiras. Eu fiquei à conversa com o Sueco, que tinha fugido à neve de
Estocolmo por duas semanas. Às tantas a mulher sai de dentro da barraca da
vizinha e à porta pergunta-me: quer frango ou porco?
- “Frango”, respondi. E ela voltou para dentro. Passados uns cinco minutos
voltou a sair e com o ar autoritário a que já me estava a habituar disse:
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