Deixei Anaconda pelas onze da manhã a caminho de Yellowstone, mais um dos
National Parks que pretendia visitar.
Cheguei a West Yellowstone pelas três e meia da tarde, deixei a bagagem no
Hotel e fui visitar o parque. O homem da recepção estranhou eu aparecer de moto
nesta altura do ano mas com um ar de “há malucos para tudo” disse:
- Talvez se safe
A volta ao parque são nada menos que 200 Km.
É fantástico porque tem não só muita vegetação, rios e um enorme lago mas também
animais selvagens que se passeiam pelo parque. Uns 30 Km depois de entrar
estava uma manada de búfalos junto à estrada e parei para tirar fotografias, só
mais tarde reparando num sinal a dizer “não se aproxime dos búfalos que podem
atacar”.
Yellowstone está a cerca de 2400 metros de altitude e o trajeto de volta ao
parque passava por uma zona de montanha mais alta onde a temperatura baixou
para os 2º. Aí não só havia neve como placas de gelo em algumas zonas da
estrada. Felizmente tinha deixado a mala e o saco no Hotel porque por quatro ou
cinco vezes a moto andou de lado em cima do gelo mas, porque ia mais leve,
consegui controlar o “slide” sem ir ao chão.
Pelo caminho fui parando diversas vezes, não só para tirar fotografias como
para observar os geiseres que há um pouco por todo o parque, com água a ferver
a sair da terra, por vezes a correr em pequenos riachos fumegantes que depois
vão desaguar nas águas geladas dos rios de grandes caudais. Espetacular.
Entretanto, com isto tudo, começou a ficar noite o que não calhava nada,
principalmente pelos animais à solta pelo parque.
Quando estava já noite cerrada, ainda a uns 40 Kms da saída do parque, deparei
com três carros parados porque estava uma manada de búfalos a atravessar a
estrada. Parei junto a eles até que o primeiro decidiu avançar, lentamente, por
entre os búfalos, seguido dos outros dois. Eu de moto, não podia ficar ali
parado à mercê dos animais mas também era complicado avançar pelo meio dos
búfalos. Pus-me então do lado esquerdo do terceiro jipe que avançava devagar,
entre ele e a berma alta, o carro a servir-me de escudo para os búfalos. Mas eis
que, a bimba da mulher que ia ao volante, atrapalhou-se com a moto e parou. Os
dois carros que iam à frente seguiram , os búfalos voltaram a ocupar a estrada
toda e ali ficámos nós no meio, numa situação complicada.
- Avance à frente, dizia-me a “cabra”.
- Não. Quero ir ao seu lado.
- Mas eu não quero. E arrancou encostando-se à berma sem me deixar espaço.
Sem poder ficar parado, rodeado de animais, tive que arrancar atrás dela e
passar no meio dos búfalos, alguns quase a tocarem-me e o meu ritmo cardíaco a
mudar no sentido contrário ao das focas quando mergulham, passando de setenta
para cento e setenta pulsações por minuto. Será que não vai dar a algum para
embirrar com o barulho da moto, pensava. Lá fui avançando, devagar e a tremer,
até passar toda a manada e depois, já livre daqueles, ultrapassar a “vaca” e
insultá-la, enquanto ela fechava o vidro do jipe. Passou-me o frio.
No dia seguinte, voltei a adormecer depois do despertador tocar e perdi o
pequeno almoço. Fui mais tarde tomá-lo a um simpático café onde conheci um
interessante casal de americanos, que meteram conversa por causa da moto. Ela
tinha estado em Portugal nos anos 80 e a filha, que trabalhava no Luxemburgo,
disse-lhe que tinha ficado encantada com Lisboa.
Segui depois viagem a caminho do que chamam “Craters of the Moon”. Na
prática não tem nada a ver com a Lua e é uma enorme zona coberta de lava que,
não tendo sido expelida por um vulcão, saiu de enormes rachas que abriram na
terra. Formou uma paisagem de rochas pretas que nos anos sessenta os americanos
acharam que seria o mais parecido que havia na terra com a paisagem lunar tendo
ali levado os astronautas antes de pousarem na lua para treinos. De aí vem o
nome daquele local inóspito, do género do que tinha visto há uns anos numa das
ilhas Canárias.
Estou a delirar com esta viagem!Com ou sem gelo, por mim, não acabava nunca. beijinhos x
ResponderEliminarObrigado, Ana Teresa. Beijinhos
ResponderEliminarBimba é pouco, criminosa e burra. Que medo!
ResponderEliminarBoa viagem
Ana
Grandes crónicas Xico e grandes viagens. Continua 😀
ResponderEliminarObrigado, Pedro. Abraço
EliminarE a dobradinha em Macau?
ResponderEliminarhttp://www.dn.pt/desporto/interior/dobradinha-portuguesa-no-grande-premio-de-macau-5508833.html
Saudações Chico. A ideia só poderia ter partido de um personagem como tu! Parabéns. Já não nos vemos há muitos anos, desde o tempo dos jornais, dos automóveis e dos saborosos "picanços". Espero que um dia te decidas a vir ao Leste de África, pois vivo em Moçambique. Tudo de bom para ti. Grande abraço. Rui Fuschini
ResponderEliminarBelezas naturais fantásticas....Não consigo deixar de ler as tuas crónicas.....Forte Abraço!
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