Tokyo é lindo. Não estava à espera. Nos filmes vemos uma confusão enorme de
gente a atropelar-se, sem espaço para se mexerem. A realidade é completamente
diferente. A cidade estende-se por muitos quilómetros quadrados e, no centro,
tem avenidas largas e vários parques e jardins fabulosos a criarem enormes
espaços verdes. Vê-se que é uma cidade relativamente recente e bem planeada.
Quando se está acompanhado não são nada atrativos estes sistemas mas para
quem está só é muito prático.
No dia seguinte fiquei de manhã a tratar de mails e escrever e saí do Hotel
ao meio dia e meia de capacete na mão mas, quando cheguei cá fora o céu
ameaçava chuva forte e voltei lá dentro deixar o capacete e pedir um guarda
chuva. Quando voltei a sair chovia muito e tive que esperar um quarto de hora
para ir até à estação de metro mais próxima, ainda debaixo de chuva mas mais
fraca.
Em Tokyo tinha ideia de não visitar Templos e museus, que já tinha visto em
cidades mais antigas e decidi antes ver coisas únicas daquela cidade.
Por sugestão da “Time” americana comecei por subir ao segundo andar do
Starbucks café de Shibuya Crossing, que na pratica é um primeiro andar porque
eles aqui não contam o R/C ou 0 a que chamam 1º. De aí temos vista para um dos
cruzamentos mais movimentados de Tokyo, que quis filmar. A curiosidade é que
neste cruzamento, às tantas, os sinais luminosos ficam encarnados para todas as
cinco entradas de carros e os dos peões verdes pois para além das passadeiras
que existem na entrada de cada uma das ruas há uma outra maior que atravessa
todo o cruzamento em diagonal, razão pela qual os carros deixam de passar e um
enxame de gente apressada invade a estrada. Espetacular visto de cima.
Ao meu lado no balcão do Starbucks, virado para a enorme janela, estava uma
americana de Nova Iorque, de origem chinesa, dos seus quarenta e muitos,
cinquenta anos, com uma Canon fantástica, que achou que eu tinha cara de
milionário. Meteu conversa a propósito das fotografias e quis mostrar-me que
estava a tentar focar chapéus de chuva encarnados.
-Olhe este que eu apanhei há bocado, não é espetacular?
-Usa uma Go pro? Que engraçado. Pensei em comprar uma.
Conversa puxa conversa e passado um bocado perguntou-me:
- Você é alemão ou suíço?
Quando lhe disse que era português a atitude dela mudou radicalmente.
Consciencializou-se que eu era um pobre e quando a filha, uma miúda dos seus 25
anos, com ar vivo e esperto entretanto apareceu, despachou-me para ela, como
quem se vê livre da raia miúda.
-Olhe, este senhor anda a dar a volta ao mundo de moto. Muito interessante.
Tipo, fale lá com ele. Dei dois dedos de conversa à miúda e arranquei, à
procura do bairro Ebisu, ali perto, que tinha lido ter bons restaurantes
locais.
Mas depois, ao sair do Starbucks, perguntei a um trabalhador de fato de
macaco e capacete plástico na cabeça onde era o bairro Ebisu e ele disse-me
muito amavelmente, venha cá que lhe mostro e subiu uma enorme escadaria por
onde eu teria que passar mas ele não, só para me explicar melhor o caminho que
eu teria que tomar.
Depois, a seguir ao almoço um casal nos seus quarenta anos a quem perguntei
como se ia para um parque que queria visitar disse-me: venha connosco que vamos
nessa direção e acabaram por me oferecer um café pelo caminho.

São atitudes que dificilmente vemos na capital de outro país e que
evidenciam uma cultura e maneira de estar muito particular desta gente.
Fascinante.
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