Instalei-me no quarto e voltei à sala para um pequeno “brunch” antes de partirmos para o primeiro Safari, pelas quatro e meia da tarde. Aos três que viajávamos na avioneta juntou-se-nos um simpático casal americano num Toyota Land Cruiser de chassis longo, sem para brisas, quatro filas de bancos corridos e apenas um toldo como capota. Na parte da frente do capot, num banco desdobrável para o efeito, sentou-se o pisteiro, especializado em detectar pegadas de animais e identificá-los a partir daí como espécie, quantidade e tamanho.
- Vários, com crias a acompanhar. Pareceu-me uma balela mas lá fomos seguindo as pegadas com o jipe através do mato, muitas vezes fora dos caminhos, até que o pisteiro disse alguma coisa, o condutor parou e ele passou daquele banco da frente para um dos cá de trás, menos vulneráveis. Tinha visto os leões. Avançámos, devagar, até não mais de três metros dos animais. Três fêmeas e outras tantas crias.
- Estão magros. Parecem não comer há dois dias, dizia o condutor.
- E não é perigos estarmos tão perto deles, respondi com ar inocente?
- Eles não atacam humanos porque não conhecem o sabor da nossa carne. Além disso o jipe, sendo uma coisa grande, mete respeito.
De ali pudemos, sem fazer muito barulho, filmar e fotografar os impressionantes bichos. Fomos mudando a posição do jipe conforme eles avançavam e por fim ficámos a observar a tentativa falhada das fêmeas para caçarem dois warthogs, uma espécie de javalis que, distraidamente, comiam erva por perto.
Tentaram cercar os animais, sorrateiramente, uma rodando pela direita, outra pela esquerda, a terceira ao meio mas, quando arrancaram em corrida, o avanço que eles tinham permitiu-lhes escaparem.
Passámos quase duas horas de volta dos leões.
Continuámos depois caminho e vimos gazelas a saltarem partes do rio, tartarugas leopardo, mais warthogs e pássaros de todas as cores e feitios. Uma beleza.
A meio caminho parámos para um Gin Tónico no mato e regressámos ao Hotel já de noite, com o pisteiro de lanterna na frente a procurar algum Leopardo.
Para o animado jantar juntou-se a nós um grupo de cinco suecos que fazia o Safari num segundo jipe e depois ficámos à conversa à volta de uma fogueira acesa no outro lado da sala de jantar. Muito simpático.
Adormeci a ouvir o roncar de um Hipopótamo que decidiu dormir à porta do meu quarto e acordei, às cinco da manhã, com o rosnar de Leões.
- Estes eram machos, elucidou-me o pisteiro ao pequeno almoço, pelas seis da manhã.
Ainda não eram seis e meia quando entrámos de volta no jipe.
Desta vez a ideia era irmos para outra zona onde aparecem mais elefantes, girafas e… Leopardos.
E foram as pegadas de um que atraíram a atenção do pisteiro. Seguimos as marcas durante uns 20 minutos. São recentes, dizia o condutor. Ás tantas pararam o jipe e os dois saíram, afastando-se uns 20 metros da viatura. Quando regressaram disseram que havia sangue no chão e as pegadas passavam a ser acompanhadas de um arrastar de carcaça. Seguimos as marcas e demos com os restos de uma raposa ensanguentada.
- Ainda aqui tem muita carne. Deve ter-se assustado com o barulho do Jipe e fugiu, elucidava o condutor. Continuamos a seguir-lhe as pegadas por mais um tempo mas acabamos por lhe perder o rasto.
Continuámos o Safari e vimos elefantes, que se enfureceram por estarmos entre eles e a lagoa para onde queriam ir. Passámos por três girafas, duas delas em luta, com chicotadas de pescoço no corpo da adversária e muitas Gazelas, Reeboks e Antílopes, para além de mais warthogs.
Regressámos ao Hotel pelas dez e meia da manhã, após mais uma paragem no meio do mato para um café.
Almoçámos cedo. Tinham-me dito que a avioneta me viria buscar à uma da tarde mas pedi que viesse só às 3 e fiquei duas horas a gozar aquele quarto fantástico enquanto lia e escrevia, antes de arrancar para a pista de aviação num dos jipes. Desta vez a avioneta vinha só para mim e vimo-la aterrar quando nos aproximávamos da rudimentar pista de aviação em terra. Foram dois dias fantásticos que não esquecerei.
Fantástico, Deve ter sido uma experiência inolvidável.
ResponderEliminarMuito bom.
Ana
Essa experiência era algo que ainda gostaria de fazer. Boa continuação.
ResponderEliminarGrandes aventuras e muitas estórias pra contar...
ResponderEliminarAbraço