14 de março de 2019

Elephant Sands




Quando aterrei em Maun apanhei um taxi de volta ao Hotel onde tinha deixado bagagens e moto.
Na manhã seguinte, ao explicar à gerente que partia a caminho das cataratas Victoria e nessa noite ficaria numa pequena cidade chamada Nata ela aconselhou-me a seguir mais uns quilómetros e ficar num Hotel de “Bungalows” chamado Elephant Sands.
A estrada até Nata são perto de 300 Km, com mato dos dois lados a apanhar uma das margens do parque natural. Pelo caminho vi um grupo de elefantes junto à estrada e, já depois de Nata, um outro sozinho. É normal naquela zona onde há milhares de elefantes. No Botswana têm a caça totalmente proibida e controlada mas os Elefantes que têm o azar de passar para a Namíbia ou Zimbabwe são muitas vezes abatidos por caçadores furtivos.
O Elephant Sands onde fiquei está muito bem pensado. Entrei para dentro do mato por uma estrada de terra uma meia dúzia de quilómetros até encontrar este local onde construíram os “bungallows” à volta de uma lagoa que atrai os elefantes para virem beber água ou tomarem banho. Do outro lado a parte de restaurante/bar e recepção, construída em madeira com telhados de colmo e, como é habitual aqui, só fechada de um dos lados. Junto uma pequena piscina.
Como o aluguer dos “bungallows” era caro optei por ficar na parte de campismo. A uns vinte metros de mim, os vizinhos mais próximos eram dois casais de miúdos franceses.
À tarde, entre um mergulho na piscina e uma cerveja no bar fui observando os elefantes que vinham e voltavam da lagoa, em cadeiras que formam uma plateia para o espectáculo que decorre ali mesmo, a não mais de vinte metros. Sensacional
Á noite fiquei à conversa com uma simpática Chilena que também ali acampava e pouco depois de me deitar, pelas onze da noite, despertei com o rugido de um elefante muito perto. Abri o fecho da tenda para ver o que se passava. O animal estava junto à tenda dos franceses, a olhar para ela com ar de lhe estar a apetecer sentar-se em cima. Ficou ali uns dois minutos a observar, como que hesitante, e lá arrancou para a sua vida.
Duas noites antes leões tinham vindo beber à lagoa.
Quando deixei o local enganei-me na estrada de saída e fui, mato dentro, por uma estrada de areia mole cada vez em maior quantidade. Não conseguia dar a volta e fui andando, a enterrar-me mais e mais. Por fim, estafado, parei para beber água e decidi tirar toda a bagagem para que pudesse dar a volta na areia sem ir ao chão pois naquela estrada não passavam mais que elefantes e, sozinho, não a conseguiria colocar de pé. Regressei assim, sem as malas, ao Hotel, onde pedi que me arranjassem um 4x4 para as ir buscar. Com tudo isto perdi quase uma hora e fiquei de rastos.
Segui, rumo a Norte e a Livingstone, a cerca de 300 Km. As cataratas ficam num ponto entre a Zambia e o Zimbabwe muito perto do Norte do Botswana.
Pensei em entrar pelo Zimbabwe mas lá perto disseram-me que a situação política estava muito instável na zona, aconselhando-me a entrar pela Zâmbia. Assim fiz.
Entrava na confusão das fronteiras africanas mais típicas. Quando me preparava para sair da fronteira do Botswana, ainda bem organizada, uma das mulheres que lá trabalha veio cá fora avisar-me que na passagem para a Zâmbia, feita por Ferry, estava muita bandidagem que faria tudo para me extorquir dinheiro.
- Só pare dentro do Ferry e não pague mais que o bilhete. 
Tinha razão. Mal me aproximei do barco dois tipos vieram a correr ter comigo. Um, de “T shirt” verde dizia ser chefe dos serviços de segurança e que o seu colega era o Chefe dele e também tratava dos seguros.
Disse-lhes que nada queria e lá consegui pagar só o bilhete. O suposto homem dos seguros, no entanto, acompanhou-me em todos os muitos trâmites para entrar no país com a moto. Uma burocracia infernal de papelada em que vamos pagando um tanto aqui, outro ali, ou na moeda local ou em Dólares americanos, não se sabe bem com que critério.
Passada mais de meia hora lá consegui arrancar com os dois homens a continuarem a pedirem-me dinheiro, fosse o que fosse, sem importar a moeda.
Foi um descanso quando me vi de volta à estrada. Até à cidade de Livingstone, perto das cascatas, são 70 Km. 

Procurei um local com Internet para tentar reservar um Hotel mas, sem encontrar, perguntei a uma senhora branca que encontrei numa bomba de gasolina e me indicou um simpático Hotel, junto ao rio. O Zambeze, nasce na Zâmbia, passa por Angola e Namíbia, regressa à Zâmbia e Zimbabwe, onde estão as cataratas e desagua no Índico, em Moçambique.

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