Nas Honduras cobram 40 dólares só para entrar no país e não é certamente
para arranjarem as estradas, que estão uma miséria. Temos s sensação que não
têm dinheiro sequer para o alcatrão dos remendos pois fazem-nos apenas com
terra. Ainda pensei em ir até ao Norte do país mas cada quilómetro é um suplício
de armadilhas com buracos de vários tamanhos que por vezes não se conseguem
evitar. Para além disso tinham-me dito que nas estradas para o interior há
muitos assaltos.
- Mas eu não viajo de noite
- Pois. Se viajar de noite tem 80 % de hipóteses de ser assaltado. Se for
de dia só tem 50%.
Assim, uns cem quilómetros depois de entrar no país, instalei-me num Hotel
na primeira cidade que encontrei e no dia seguinte parti em direcção à
fronteira com a Nicarágua num percurso de outra centena de quilómetros.
A Nicarágua já é mais organizada e voltaram a obrigar-me a fazer seguro
para a moto, por três meses.
- Mas eu só cá fico três dias.
- Pois.
Parti depois a caminho da Costa Rica em cuja fronteira voltaram a embirrar
com a autorização que levo da Honda para usar a moto.
- Não serve. Tem que ser traduzida em Espanhol e autenticada por um
advogado.
- Mas onde vou arranjar um advogado aqui?
- Aí em frente, do outro lado da rua. Está aqui o nome dele. Vá lá tratar
do assunto.
E lá me sacaram mais 50 dólares.
Acabei por perder três horas para passar a fronteira, saindo de lá já perto
das cinco da tarde. Assim tratei de procurar um hotel onde ficar na primeira
pequena cidade que encontrei.
A Costa Rica é ainda mais verde que os países vizinhos e mal se passa a
fronteira entramos numa zona de floresta cerrada que faz parte de um dos muitos
Parques Naturais.
No dia seguinte voltei a procurar um sítio com praia e desta vez fui parar
à ponta de uma península, a uma pequena aldeia chamada Montezuma, influenciado
por uma recomendação do “Lonely Planet” que dizia: “se não tem muito tempo para
explorar a Costa Rica vá só a Montezuma e esqueça tudo o resto. É difícil lá chegar
mas depois não vai querer de lá sair”.
Não liguei muito ao “difícil lá chegar” e pus-me à estrada. Tinha visto que
para sair dali não teria que regressar os cento e tal quilómetros para dar a
volta à península pois havia um ferry que me podia levar a uma vila na parte
mais continental. Só que, a cerca de 100 Km de Montezuma e depois de passar junto
ao tal ferry que haveria de apanhar para regressar, a estrada passava a ser de
terra e, como era através de uma serra tinha subidas e descidas íngremes e
muito esburacadas que se tornaram um inferno. Foram só 30 Km até voltar o
alcatrão mas duraram uma eternidade e estava com pena da moto, a levar mais uma
“tareia”. Chegado a Montezuma instalei-me num pequeno Hostel e fui dar um
mergulho à praia mesmo em frente. Montezuma
não é tão extraordinário como o fazem crer. A vila tem um ambiente hippy
giro com turistas com ar de terem abancado ali a venderem brincos e pulseiras
para lhes pagar o hache e a alimentação. Parece estarmos noutra época. O
principal defeito é que os pequenos hotéis, já em quantidade, descarregam os
esgotos no mar de maneira que temos que procurar as zonas limpas das praias
para tomar banho. Definitivamente não é local para se classificar como “já não
vai querer de lá sair”.
Oh céus, faz-nos pensar que bom é viver em Portugal!
ResponderEliminarBoa viagem!
Bjs
Ana