Conhecia pouco dos Estados Unidos. Nova Iorque e Boston, de quando vim
correr de monolugar à oval de New Hampshire.
Depois de passar o mês de Agosto a percorrer o Japão esta minha viagem à
volta do mundo levou-me agora a San Francisco para onde a moto foi enviada, de
barco, desde o porto de Kobe.
Parti de Lisboa num avião da Sata rumo a Ponta Delgada para no mesmo dia seguir
para Boston, na costa Atlântica dos Estados Unidos.
Tinha reservado lugar num hostal destes onde se dorme em camaratas, para
tentar cumprir o meu “budget” de viagem. Cheguei de táxi a um bairro bastante
central mas … um pouco “underground” por volta das nove da noite e decidi ir
logo dormir pois teria que acordar às cinco da manhã para apanhar o avião que
me levaria a S. Francisco e, com a mudança de hora, para mim já era uma da
manhã. Os recepcionistas eram um miúdo e uma miúda “African Americans”, como
aqui lhes chamam. Ele com um barrete na cabeça a tapar a enorme cabeleira de
rastas, ao estilo Bob Marley e óculos escuros, ela, gorducha, com aparência
mais natural. Pareciam tirados de um
filme. Depois de pagar o rapaz indicou-me um quarto e numero de cama.
Na cama por cima da minha estava deitado um miúdo Americano de descendência
oriental que meteu logo conversa. Era simpático mas eu queria era dormir rapidamente
e não lhe dei grande troco. Pus-me a ler na cama quando entrou uma velha, dos
seus oitenta anos, mal vestida e despenteada, que olhou para mim e disse: “oh,
oh, that’s my bed”. Assustei-me com a ideia que a cena seguinte fosse ela a
enfiar-se na minha cama. Rapidamente disse que devia ir à recepção perguntar o
que se passava pois fora lá que me tinham dado aquele numero de cama para
ocupar.
“Wow. This is weird” comentou o meu vizinho de cima quando conseguiu fechar
a boca de espanto depois da velha sair, a resmungar, em direção à recepção.
Só voltou um quarto de hora depois quando já tinha apagado a luz e estava
quase a dormir. Felizmente trazia um set
de lençóis, pediu desculpa pelo barulho e tratou de fazer a cama do outro lado
do pequeno quarto.
“This is weird”, repetiu o meu vizinho.
Ainda não eram cinco da manhã quando tocou o meu despertador. Tomei um
duche e apanhei um táxi de volta ao aeroporto. Desta vez apanhei um voo da low
cost Virgin America. Os aviões são novos e cómodos mas as refeições são pagas à
parte e até os auscultadores para permitir ter som nos filmes ou televisão são
vendidos aos passageiros.
San Francisco é uma cidade mais pequena do que estava à espera. O hostal
onde me instalei, “Fisherman’s Wharf” era simpático porque arejado, com uma
grande sala de estar e junto ao porto onde a rua principal é das mais animadas
da cidade com restaurantes e bares, músicos a tocarem nas ruas e museus com figuras
de filmes extraterrestres ou artistas conhecidos em cera.
Sendo um país com pouco mais de 200 anos os Estados Unidos não têm
monumentos com história e museus interessantes só certamente em Nova Iorque e
provavelmente em Washington. Mas fabricam imponentes construções a imitar as
romanas de há muitos séculos, como aliás o fizeram os romanos com o Vittorio
Emanuele II, acabado de construir já pelo Mussolini. Aqui em San Francisco,
quando de uma enorme exposição do início do séculos passado, principalmente
focada em novas tecnologias, que festejava a abertura do Canal do Panamá,
construíram uma enorme cúpula ao estilo romano e paredes do que poderia ser um
antigo palácio em ruinas. Junto a um lago e um pequeno parque o atual monumento
imita bem a realidade e tem um ar imponente e atrativo, destacando-se do resto
das construções.
Cool
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