Depois peguei na moto e fui até outra praia onde aluguei uma bicicleta para
poder percorrer o pontão junto ao mar durante uma hora, até chegar a uma praia
onde as focas vêm até à costa e andam a brincar, junto à rochas. Pelo caminho
parei num restaurante de um Iraniano com quem estive à conversa sobre o Irão.
Pouco tempo depois sentou-se uma miúda canadense ao meu lado que, quando soube
que eu era português, me contou que os seus avós eram portugueses, de trás os
montes.
- Vieram há quarenta anos para o Canadá mas nunca aprenderam inglês. Mostrou-me
a fotografia dos avós e acreditei.
- Não é um típico casal português?
San Diego é uma cidade espetacular porque nesta zona das praias tem
reentrâncias grandes de mar, que formam lagoas onde construíram várias marinas.
Na zona de La Jolla fantásticas casas sobre o mar e pequenas praias abertas nas
rochas.
Na volta passei, por acaso, pelo concessionário local da Rolls e Bentley.
Estacionei a bicicleta à porta e visitei o stand. A vendedora viu-me encostar a
bicicleta ao poste, achou que eu tinha ar de milionário extravagante e
recebeu-me como se eu fosse encomendar um carro. Tinha nada menos que 14
Bentleys e 8 Rolls Royce novos em stock, de todas as versões e modelos.

Regressei a Los Angeles porque tinham ficado de mandar por correio para
casa de um amigo que ali vive não só o Carnet da moto (espécie de Passaporte da
moto) como o bilhete para um festival de música a que assisti uns dias depois
no deserto.
Nos arredores de Los Angeles parei para comer qualquer coisa num bairro que
me pareceu como qualquer bairro dos arredores de grandes cidades. Só quando me
instalei na Pizzaria mexicana reparei que era um bairro só de mexicanos. Havia
um tipo que não saía de volta da minha mota com ar de a querer levar para casa.
Olhei à minha volta e tanto os clientes como as pessoas que passavam na rua
eram todos mexicanos. Um grupo de miúdas dos seus treze anos, sentadas numa das
mesas a dividirem uma pisa, gritavam “vagiiiina” e riam-se muito. Ninguém lhes
ligava a não ser três miúdos, sentados na outra ponta do restaurante, a quem
elas pareciam querer chamar a atenção. O dono saiu de trás do balcão para me
receber com o ar de: “obrigado por se ter dignado entrar na minha espelunca”.
Tratou-me lindamente e foi fazer um esparguete carbonara que,
surpreendentemente, estava óptimo enquanto o criado me trazia uma salada e pão
de alho que anunciou serem oferta da casa.
Almocei sem tirar os olhos da rua onde estava a moto e o rapaz que a
rodeava e arranquei logo que pude.
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