Tinha planeado que a moto fosse enviada de Timor por barco para estar em
Darwin em Agosto de forma a já cá estar quando chegasse.
O problema é que a única companhia de navegação a operar em Timor funciona
muito mal e, depois de três meses de tentativas para que fosse embarcada,
acabei por chegar a Darwin com a moto ainda a caminho. Com a agravante que a
mandaram através de Singapura. As coisas complicaram-se e estou em Darwin há
mais de quinze dias à espera e pelo menos mais outro tanto vou ter que por aqui
ficar. A ler e a jogar Golf, que pouco mais há para fazer nesta terra onde
estão 30º permanentes mas não se pode ir à praia por causa dos crocodilos.
Aqui só têm duas estações no ano, seca e molhada. A temperatura não varia
muito mas enquanto agora é seco para o mês que vem começa a chover quase
ininterruptamente durante quatro meses. O que vale é que, à medida que for
para sul, o clima é mais ameno e lá será
verão.
Depois de dois dias num Hotel mudei-me para um quarto alugado na casa de
uma Filipina onde o filho e a namorada, que viviam no andar de baixo, davam
festas que duravam a noite toda e quando eu saia para o golf, às oito da manhã,
ainda estavam espalhados pelos sofás do terraço, alguns em coma aparente.
Como a Filipina só me fornecia duas horas de Internet por dia resolvi mudar
e ontem instalei-me num Bed and Breakfast mais perto do campo de golf e com bom
Wi-fi.
Ao negociar o preço da estadia, que aqui são caras, o dono propôs-me fazer
umas pinturas no estabelecimento, para pagar menos renda, de maneira que hoje
comecei a minha vida de pintor de casas. Comecei por “atacar” um alpendre e
amanhã, então já com mais experiencia, atiro-me para as paredes.
Como a roupa que trouxe é pouca e não a queria sujar de tinta, resolvi ir a
uma loja de beneficência na esquina comprar uma “T” shirt e uns jeans em
segunda mão que me custaram menos de um euro cada. Comprei também uns sapatos,
que me pareceram bons, em pele cinzenta e atacadores roxos, por dois euros.
Quando cheguei ao “serviço” a Erika, uma Estonia estupenda que aqui
trabalha na recepção, virou-se para mim e disse:
“Wow. vai pintar o alpendre com sapatos Dolce Gabana”?
“Pois é, Erika. Eu sou assim. Dolce Gabana para as pinturas e sapatos da
feira para o dia a dia”.
Então, de volta à estrada sem pré-avisar?
ResponderEliminarBoa viagem, cá estarei a seguir.
Bjs, Ana
Adorei teres posto "mãos á obra" para compensares o senhorio. "Quem tem unhas é quem toca guitarra"! Ah, os teus sapatos fazem as delícias de qualquer pintor!! Abraço
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