8 de outubro de 2015

Darwin - 3




Tinha planeado que a moto fosse enviada de Timor por barco para estar em Darwin em Agosto de forma a já cá estar quando chegasse.
O problema é que a única companhia de navegação a operar em Timor funciona muito mal e, depois de três meses de tentativas para que fosse embarcada, acabei por chegar a Darwin com a moto ainda a caminho. Com a agravante que a mandaram através de Singapura. As coisas complicaram-se e estou em Darwin há mais de quinze dias à espera e pelo menos mais outro tanto vou ter que por aqui ficar. A ler e a jogar Golf, que pouco mais há para fazer nesta terra onde estão 30º permanentes mas não se pode ir à praia por causa dos crocodilos.
Aqui só têm duas estações no ano, seca e molhada. A temperatura não varia muito mas enquanto agora é seco para o mês que vem começa a chover quase ininterruptamente durante quatro meses. O que vale é que, à medida que for para  sul, o clima é mais ameno e lá será verão.
Depois de dois dias num Hotel mudei-me para um quarto alugado na casa de uma Filipina onde o filho e a namorada, que viviam no andar de baixo, davam festas que duravam a noite toda e quando eu saia para o golf, às oito da manhã, ainda estavam espalhados pelos sofás do terraço, alguns em coma aparente.
Como a Filipina só me fornecia duas horas de Internet por dia resolvi mudar e ontem instalei-me num Bed and Breakfast mais perto do campo de golf e com bom Wi-fi.
Ao negociar o preço da estadia, que aqui são caras, o dono propôs-me fazer umas pinturas no estabelecimento, para pagar menos renda, de maneira que hoje comecei a minha vida de pintor de casas. Comecei por “atacar” um alpendre e amanhã, então já com mais experiencia, atiro-me para as paredes.
Como a roupa que trouxe é pouca e não a queria sujar de tinta, resolvi ir a uma loja de beneficência na esquina comprar uma “T” shirt e uns jeans em segunda mão que me custaram menos de um euro cada. Comprei também uns sapatos, que me pareceram bons, em pele cinzenta e atacadores roxos, por dois euros.
Quando cheguei ao “serviço” a Erika, uma Estonia estupenda que aqui trabalha na recepção, virou-se para mim e disse:
“Wow. vai pintar o alpendre com sapatos Dolce Gabana”?
“Pois é, Erika. Eu sou assim. Dolce Gabana para as pinturas e sapatos da feira para o dia a dia”.

2 comentários:

  1. Então, de volta à estrada sem pré-avisar?
    Boa viagem, cá estarei a seguir.
    Bjs, Ana

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  2. Adorei teres posto "mãos á obra" para compensares o senhorio. "Quem tem unhas é quem toca guitarra"! Ah, os teus sapatos fazem as delícias de qualquer pintor!! Abraço

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