Saí pelas 11 da
manhã de Cimpancek e duas horas depois estava a entrar em Bandung, que é uma
cidade agradável, com árvores nas ruas e um aspecto mais arrumado que Jakarta.
O principal atrativo da cidade não o era para mim que ligo pouco a roupas. É
que tem dezenas de lojas de “Stock off” com restos de coleções das grandes
marcas, muitas delas fabricadas na Indonésia indo ali parar as sobras, com as
etiquetas cortadas mas originais a uma fracção do preço europeu. Ainda entrei
numa e comprei uma camisola para o meu filho.
No dia seguinte
saí do hotel já perto do meio dia e, antes de deixar a cidade, ainda fui visitar
o Museu Giologi que parece interessantíssimo mas infelizmente só tem os textos
de explicação dos fenómenos Geológicos e sobre os produtos extraídos da terra,
como metais, petróleo ou carvão, em Indonésio.
Arranquei de
Bandung pela uma da tarde e teria passado pouco mais de meia hora quando uma
chuvada forte se abateu sobre a estrada. Parei debaixo de um telheiro de uma
oficina onde já estavam duas “scooters” também a fugirem da chuva. Voltei a
arrancar vinte minutos depois quando o tempo melhorou um pouco mas viajei o
resto do dia sempre debaixo de chuva. Numa das vilas por onde passei havia
enormes cheias e parei para filmar um pouco as “scooter” a atravessarem aquele
aguaceiro e “cortarem” a água como se fossem barcos.
Ali a vida não
para quando chove.
Nesta parte
central da ilha o transito melhora um pouco mas as médias continuam a ser muito
baixas, com várias paragens e as “scooters” a passarem-me razias, em ambos os
sentidos, de cada vez que passa a fluir menos. Esta é a principal estrada que
atravessa a ilha de ocidente para oriente mas só tem uma via em cada sentido e
é muito sinuosa de maneira que as ultrapassagens a que assisto são
assustadoras. Quando estava parado junto a uma passagem de nível uma mulher que
vinha numa “scooter”, com uma burca a fazer de capacete, como é comum, não
conseguiu travar a tempo a bateu-me na traseira, quase me fazendo cair, mas não
disse uma palavra ou fez qualquer sinal, simplesmente “furou” caminho e pôs-se
à minha frente. Não resisti depois a passar-lhe uma razia, qual criança amuada,
ao dobro da velocidade a que seguia.
Nesse dia comecei
a sentir falta de força nas pernas e um cansaço maior que o habitual. Pensei
que seria do frenesim do transito e parei numa pequena cidade a pouco mais de
cem quilómetros de Bandung pelas quatro da tarde.
Só no dia
seguinte percebi que estava com uma enorme gripe, certamente causada pelas
chuvadas que tenho apanhado.
Durante o dia
ainda percorri 170 Km até Baturraden, na montanha, mas à noite senti enormes
arrepios de frio quando a temperatura andava a mais de 20º e na manhã seguinte
não estava em estado de voltar à estrada, de maneira que fiquei um dia sem sair
do Hotel e dormi a manhã toda.
24 horas fechado
num Hotel onde me parecia ser o único cliente e com refeições que se
assemelhavam às de um hospital de província levou-me a sair à rua no dia seguinte,
mesmo se ainda não me sentia completamente curado da gripe.
Subi a montanha e
entrei num parque natural por uma estreita estrada rodeada de densa vegetação.
Fui ver uma fonte de água quente que sai de umas rochas a mais de 50º e corre
depois para uma cascata cujas paredes ganharam diferentes tons de castanho e
verde com a passagem desta água vulcânica. O vapor que sai daquela água envolve
a paisagem da floresta, dando-lhe um ar misterioso.
Sentei-me num
banco junto à passagem da água e um homem fez-me uma massagem aos pés com
argila proveniente daquelas águas, que dizem faz muito bem à pele. Depois de
massajar uma das minha pernas e pé com aquela argila virou-se para a cliente
Indonésia que estava sentada ao meu lado e disse: “veja a diferença na cor das
pernas dele. Antes e depois”. Pela conversa parecia estar a sugerir que eu
estaria com os pés sujos quando ali cheguei.
Antes de sair do
Hotel, situado numa vila já na montanha, tinha perguntado ao homem da recepção
se haveria por ali uma farmácia ao que ele olhou para mim como se não fizesse a
mínima ideia de que tipo de estabelecimento estaria eu a falar, de maneira que
quando saí da fonte de água quente, almocei num restaurante da montanha e desci
depois até à cidade cá em baixo.
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