Cheguei a Jakarta
ao fim da tarde e, como de costume, fui enganado pelo táxi que me levou ao
Hotel. Só que aqui é ainda dentro do aeroporto que têm uns balcões onde várias
companhias vendem viagens de táxi por quatro vezes mais do que custam se apanharmos
o táxi à saída do aeroporto. Achei logo estranho porque a menina do balcão me
veio acompanhar até ao carro.
A primeira
impressão que temos de Jakarta é francamente má porque fora do centro a cidade
é feia e suja. Para além disso os dez milhões de habitantes parecem não ter
onde estar e ficamos com a sensação que há gente a mais não só parada nas ruas
como a circular de carro ou “scooter”.
A moto, a viajar
de barco, só chegava dois dias depois de maneira que no dia seguinte decidi ir
fazer um passeio turístico.
Fui primeiro ao
Nasional Monument, uma torre mandada construir pelo presidente Sukarno em 1961
para celebrar a independência do país, com uma grande chama dourada em cima e
que tem a particularidade de ficar iluminada de azul à noite. Não tentei entrar
porque estavam filas assustadoras no túnel de acesso ao elevador que nos
permite subir ao ponto mais elevado.
Cá fora, nos mal
tratados jardins e acessos, decorria uma manifestação com muitos jovens de
bandas pretas na cabeça e bandeiras brancas com caracteres indecifráveis que
vociferavam sob o olhar atento da polícia.
De seguida tentei
visitar o palácio presidencial mas, mal atravessei a rua para chegar ao passeio
em frente, o guarda que estava na guarita saiu e mandou-me atravessar a estrada
de volta e não tirar fotografias. Só então reparei que realmente aquele passeio
e a entrada do palácio estavam vazios.
Fui então num Tuk
tuk até um mercado de rua onde acabei por almoçar uma espécie de cozido onde
reconheci batatas e couves mas em que o ingrediente principal era, segundo a
mulher, peixe mas tinha a consistência de toucinho e calculo que fosse a
gordura que está entre a carne e a pele de algum peixe de grandes dimensões.
Como aquilo era tudo cozido achei que não me faria mal. E não fez.
Fui depois visitar
a mesquita Istiqlal que é a maior do sudeste asiático. Impressionante em
tamanho mas, pelo menos por fora, sem graça nenhuma. Em Jakarta não se vêm
turistas nas ruas e muito menos na mesquita de maneira que quando passei os
enormes portões que dão acesso aos jardins que circundam a Istiqlal senti-me um
pouco desconfortável, principalmente por estarem ali enormes grupos de jovens
com as bandeiras e panos pretos na
cabeça que tinha visto duas horas antes junto ao Nasional Monument.
Perguntei a uns
deles o que representava aquela manifestação e, num inglês muito fraco, lá me
explicaram que era a favor do movimento Hizbut Tahrir que defende a existência
de um único Estado Islâmico no mundo, um Califato, sujeito a um único líder
eleito, um Califa, que aglomeraria todos os estados Islâmicos atuais e a partir
daí converteria todos os outros ao Islamismo. O grupo foi formado em 1953 na
Palestina, é contra a existência de Israel e embora seja proibido em vários
países, ganhou nova força com a guerra na Síria, onde são um dos movimentos que
lutam contra o regime. Dizem não ter nada a ver com o auto denominado Estado
Islâmico, que tanto tem aparecido nas notícias, mas pelos vistos compartilham
algumas das ideias.
Estive uma meia
hora numa interessante conversa com eles mas comecei a sentir-me desconfortável
quando se juntou muita gente à nossa volta, principalmente porque eu era o
único estrangeiro naqueles terrenos da mesquita onde estavam muitas centenas de
pessoas. A situação ainda se tornou mais estranha quando um rapaz me veio
agarrar a mão e a beijou. Achei que era altura de partir e despedi-me dos
estudantes.
Do outro lado da
rua desta enorme mesquita existe uma
imponente catedral católica, que tinha sido mandada construir por Napoleão,
quando ocupou a Holanda e com isso as suas colónias e reconstruída pelos
holandeses entre 1899 e 1901. Entrei para ver. Estava arrumada e bem tratada
mas não tinha uma única pessoa dentro.
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