Assim, antes de
deixar Purwokerto procurei no GPS uma farmácia e dei lá um salto. Sentia-me
bastante melhor embora ainda tivesse a garganta inflamada.
O que eles chamam
farmácia é um mini Mercado onde também vendem alguns remédios mas fiquei com a
sensação que a maioria da população ainda se trata por métodos tradicionais
ancestrais.
Quando com dificuldade
expliquei à menina da farmácia, que não falava uma palavra de inglês, que me
doía a garganta recomendou-me uma embalagem de um liquido espesso, embalado num
saco de papel, tipo shampoo de hotel barato, verde e com sabor a hortelã. Segui
as recomendações da menina, bebendo aquilo junto com um pouco de água e
realmente penso que me fez bem.
Arranquei depois
a caminho de Dieng Plateau, um planalto que fica a 2000 metros de altura e a
150 Km de ali. Parei para almoçar quando começou a chover com mais intensidade,
num “self service” onde a única coisa que consegui escolher foi arroz branco e
uma carne estofada não sei bem de que animal mas que estava ainda dentro do
taxo com água a ferver. Por cima da vitrine com os vários pratos expostos,
compostos na sua maioria por fritos de proveniência duvidosa, estavam vários
cartões destes que atraem as moscas e elas ficam lá agarradas, carregados de
vítimas.
Cheguei a Dieng
Plateau com os últimos 40 Km através de uma fantástica estrada de montanha
rodeada de densa vegetação e instalei-me num dos hoteis de fraca qualidade aqui
existentes, pelas quatro da tarde.
Quando estava a
tirar a mala da moto apareceram dois irmãos suíços, dos seus 30 anos, chegados
em duas “scooters” alugadas em Yogyakarta, a cidade que previa visitar no dia
seguinte. Estivemos um bocado à conversa e acabámos depois por ir jantar
juntos. O mais velho vive na Indonésia há quatro anos, tendo por cá casado e
aberto um restaurante.
Na manhã seguinte
acordei relativamente cedo e fui visitar as atrações de Dieng Plateau, duas
crateras de vulcão, perto uma da outra mas totalmente distintas. Uma está
extinta e alberga um grande lago com uma água azul turquesa que dá uma boa
imagem enquanto a outra tem alguma atividade com água a borbulhar e muito fumo
a sair da cratera, obrigando-nos a utilizar máscaras de papel para nos
aproximarmos do local.
Parei para
visitar o fantástico templo budista e fui ficar a Yogyakarta, 40 Km depois.
No dia seguinte
voltei a fazer de turista e visitei o Palácio do Sultão onde apenas podemos ver
a parte não habitada pois o atual Sultão,
cuja posição é hereditária, embora só possa passar para filhos varões, ainda
governa a cidade e vive no Palácio, com uma grande família que inclui não só
mulher e filhos (já não podem ser polígamos, coitados) mas também irmãos,
cunhados e sobrinhos, num total de mais de cem pessoas. O que já não é
utilizado pela família são os banhos, uma zona com duas piscinas e vários
outros espaços que agora está aberta a visitas do publico e tem a curiosidade
de ter sido restaurada há dez anos com um subsídio da Fundação Gulbenkian.
O guia que me
mostrou o Palácio do Sultão falou-me, a meu pedido, um pouco mais sobre a
situação religiosa na Indonésia. O país, disse-me ele, não tem uma religião
oficial mas a maioria da população é muçulmana, tal como os membros do governo.
Existe uma certa liberdade religiosa mas nem todas as religiões são aceites.
São-no algumas facções do Cristianismo, e a mulher dele era católica, sendo ele
muçulmano, assim como o Budismo e o Hinduísmo.
Assisti ao mesmo
problema no sul da Tailândia, região onde a maioria da população é Muçulmana, e
é interessante verificar como a calma dos Budistas os leva a aceitarem a
situação sem se queixarem.