
Dormi mal na rede, não só por a falta de hábito não me permitir encontrar uma posição confortável como por o abanar do barco a fazer bater contra as dos passageiros do lado.
Atracámos em Santarém às oito e meia da manhã. Carregadores “oficiais”, de “T shirt” azul, entram pelo barco dentro mal este se encosta ao porto.
- Vamos descarregar essa moto?
- Não, que já paguei o dinheiro que tinha ao comandante. Os homens dele descarregam a moto.
Esperei que passasse a azáfama inicial e propus ao comandante que utilizássemos a grande prancha do barco atracado em frente. Ele achou boa ideia e mandou os seus homens buscá-la, o que originou que o comandante vizinho saísse ao cais a protestar.
- Deixe-se de refilar, seu velho. Acha que vamos estragar a prancha? Já lá a colocamos de volta. E dirigindo-se aos seus homens:
- Vá, rápido. Vamos lá. Tragam a moto.
Em três tempos o comandante tratou que colocassem a moto no cais.

Quando saía de Santarém vi na beira da estrada um concessionário Honda grande, com bom aspecto. Decidi entrar para saber se tinham máquina de teste electrónico para confirmar se a avaria que a moto tem desde a Argentina provém de algum sensor elétrico, ou é mesmo da bomba de gasolina, como desconfiou o mecânico, de ar competente, que havia na oficina de Cuiabá onde assaram o boi. Ligámos a moto ao aparelho e a única avaria detectada indicava o sensor MAP, o tal que me tinha esquecido de ligar quando troquei velas e filtro de ar. Limpa a avaria no sistema desapareceu o erro. Dá cá 50 Reais (17 euros) e a quase certeza que a avaria só pode ser da bomba de gasolina, que tem sofrido com muitas gasolinas de má qualidade e muito provavelmente contaminadas com água e sujidade.

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