
No piso superior, para além da cabine de pilotagem e camarote do comandante, havia um bar junto a um enorme convés ao ar livre, com mesas e cadeira plásticas empilhadas, que os passageiros íam tirando conforme necessitavam. Um pequeno bar de apoio vendia essencialmente pastilhas elásticas às crianças enquanto uma televisão com imagem muito tremida reunia à volta, ao final de cada dia, grande parte dos passageiros, homens e mulheres, a assistirem a novelas, o Big Brother brasileiro ou um ou outro jogo de futebol.
Zarpámos pela meia noite, Amazonas a baixo.


As refeições a bordo eram boas embora me tivesse que adaptar às horas escolhidas para serem servidas. Pequeno almoço entre as seis e sete, almoço entre as onze e o meio dia e jantar entre as seis e sete da tarde.
Pelas nove da noite do segundo dia vim à ré e pedi se podia acender a luz de refeitório para me sentar a escrever. Um dos tripulantes, de espingarda à tiracolo, a andar de um lado para o outro a observar as águas do rio respondeu-me que “não, que dá muito nas vistas”.
- O que se passa?
- Nesta zona há muitos piratas e tenho que estar pronto para disparar.

- O que fazem esses assaltantes?
- Armados, encostam as lanchas ao barco, saltam para o convés de baixo, e assaltam passageiros e tripulação. Só quando há mortos deste lado vem nas notícias. Eu estou farto de os matar mas continuam sempre a aparecer outros.
Parecia estar num filme com cenário na Somália. Os restantes passageiros não se apercebiam do que se passava ou, sendo eu o único estrangeiro, aquilo seria, simplesmente, uma banalidade para as gentes locais.
Todos os dias chego a casa e vou checkar se há novidades aqui... :) continuação de boas aventuras! Abraço
ResponderEliminarObrigado, Miguel. Abraço
Eliminar