
Cheguei a Muritituba pelas onze da manhã e entrei directamente na barcaça que estava no cais, com um dos homens a dizer-me para estacionar a moto dentro e ir ao guichet de entrada comprar o bilhete para atravessar o rio Tapajós, um afluente do Amazonas, já com a largura do rio Tejo na foz.

Cheguei a Itaituba e dei uma volta pela pequena cidade antes de ir lavar a moto, coberta de lama.
No Hotel Sonho, à beira rio, duas miúdas giras entretinham um cliente de “T” shirt e boné na esplanada. Perguntei ao miúdo que lavava a moto se era bom aquele Hotel.
- Não se meta com elas, respondeu ele, sábio. Isto é terra de garimpeiros. O último que aí apareceu bebeu lá uns copos e exibiu às raparigas duas pepitas de ouro que trazia consigo. Quando acordou estava trancado no quarto e tinha desaparecido o ouro e tudo o resto que pudesse ter algum valor.
Almocei num dos típicos self service que têm aqui pelo Norte e onde a maioria dos clientes mistura carne de vaca com frango, arroz, espaguete, batata e salada, por o equivalente a três euros, mais dois para o meu habitual sumo de maracujá.

O pequeno barco, dos seus 30 ou 40 metros, era o típico dos que vemos nos filmes dos anos sessenta. Fazia até lembrar os velhos barcos a vapor mas sem a enorme roda traseira. Pintado de amarelo e branco o S. Luis tinha dois andares, com uma parte de baixo onde seguia a carga e parte dos passageiros, e um deck superior, os dois abertos lateralmente aos elementos, em terras onde nunca faz frio. Para proteger os passageiros da chuva lonas laterais que se desenrolam.

Os cerca de 30 passageiros estendem cada um a sua rede nos dois convés, que se transformam rapidamente num quadro multicolor de redes cruzadas.
Negociei o preço com o comandante sem discutir muito pois não tinha alternativa aquele transporte.
- Mas eu não tenho rede onde dormir.
- Não tem problema. Eu empresto-lhe a minha, respondeu o comandante, ordenando a um dos marinheiros que a fosse estender no andar de cima, mais confortável por não se ouvir tanto o barulho do motor.
Carregámos a moto e, pelas quatro da tarde deixámos o porto rio abaixo.
Grande Xico, diverte-te o mais que puderes, tem cuidado e diverte-nos com as tuas crónicas. Grande abraço
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